31 de dezembro de 2006

Rita, o feijão e o sonho

Publicado no Tribuna do Brasil de 3/11/2006

Caderno TBprograma, Coluna Psicoproseando...com Maraci


No último sábado, tive a sincera alegria de encontrar uma amiga que não via há algum tempo. Não dessas com quem costumamos trocar confidências, receitas, dicas de beleza ou nome de lojas. Daquelas que participam da vida da gente de outra forma, embora nada menos importante. Estive com uma ex-professora do meu filho.

Fiquei feliz por revê-la e surpresa quando ela se confessou leitora assídua e apreciadora desta coluna. Em poucos minutos, conseguimos dar uma geral nos últimos acontecimentos. Só que, de tudo o que conversamos, o que mais me chamou a atenção foi a forma apaixonada como ela, agora aposentada, falou sobre sua vida como educadora. E foi ali, dentro de uma farmácia, que ela me contou as dificuldades que precisou superar para, nascida numa família de médicos, abraçar, apesar da oposição de todos, a carreira de seus sonhos.

Disse Confúcio: "Escolha um trabalho que tu ames e não terás que trabalhar um único dia em tua vida". E é assim que funciona. Quando fazemos o que gostamos, estamos sempre apaixonados. Dispostos, encontramos tempo e oportunidade para o trabalho; entusiasmados, não nos cansamos tanto ou, mesmo cansados, estamos felizes; criativos, procuramos melhorar a cada dia. Isso não quer dizer que nunca enfrentaremos problemas, tristezas, frustrações. Mas os obstáculos não nos abaterão.

Então, se quer iniciar sua vida profissional e ainda não escolheu uma carreira, aí vai uma dica. Procure pensar: o que se imagina fazendo? Que profissionais admira? Tem algum hobby que poderia transformar em atividade remunerada? Não se deixe bloquear por preconceitos, confundir por palpites sem sentido ou levar pelo materialismo puro. Toda atividade honesta tem seu valor, independentemente da escolaridade exigida, da popularidade ou do glamour que dela possa decorrer. O mais importante é que você trabalhe com vontade, alegria, dedicação.

Já iniciou uma carreira, não está satisfeito, mas não tem outra em mente? Comece tentando conhecer as razões do seu descontentamento. Um dia você se interessou pela profissão que tem. Então, procure identificar exatamente do que não está gostando. Será que o problema está realmente no ofício? Será que não está na carga horária? Ou no ambiente físico? Ou no relacionamento com chefes e colegas? Ou na remuneração? Ou no seu despreparo para as tarefas? Mudanças de horário, de sala, de chefe, de emprego podem ajudar muito, assim como cursos que o deixem mais confiante e feliz.

Anda desejando uma profissão diferente? Nada de decisões precipitadas. Pesquise sobre essa nova carreira. Aos poucos, procure trazer o sonho para a realidade. É isso mesmo o que quer? Então planeje a transição. Não se preocupe com o que vão pensar ou dizer a esse respeito. Mudar de idéia é humano e você tem direito a isso. E se o novo ofício se mostrar impossível ou incompatível com outros interesses como dinheiro e status, não precisará abandoná-lo. Talvez ele possa virar, num primeiro momento, uma segunda profissão, recreação ou atividade voluntária, trazendo-lhe grande prazer.

Não importa se você acertou a profissão logo de cara. Não importa se você vai precisar, além dela, ter outra atividade pra se sustentar ou complementar seus rendimentos. Não importa sua idade, sexo ou grau de instrução. Se você sonhou, pode começar.

Imagino, Rita, que você lerá estas palavras, que são dedicadas a você e a todos que sonham, acreditam e fazem acontecer. Junto com elas, os meus agradecimentos pelo exemplo dado ao meu filho e todas aquelas criaturinhas em formação que tiveram o privilégio do seu contato firme a amoroso no INEI. Até sexta-feira!

Nenhum comentário: