31 de dezembro de 2006

Nossos irmãos, nossa responsabilidade

Publicado no Tribuna do Brasil de 24/11/2006

Caderno TBprograma, Coluna Psicoproseando...com Maraci.


No domingo, graças à generosidade do amigo Denizard Souza, mais uma vez participei do programa de TV Sinais da Evolução. Dessa vez, não na qualidade de entrevistada, mas para fazer um apelo em favor dos animaizinhos que estão no corredor da morte do Centro de Controle de Zoonoses do Distrito Federal.

São cães e gatos, com e sem raça definida, filhotes e adultos. Muitos foram abandonados pelos donos porque cresceram, adoeceram, ou perderam a graciosidade da tenra juventude. Quem vai ao CCZ não consegue sair de lá sozinho. Quem vai ao CCZ não resiste ao apelo desesperado contido no olhar daqueles seres tão maltratados pelos homens, que têm a câmara de gás como triste destino.

Admiro o trabalho de quem se dedica a tentar salvar esses amores, procurando lares adotivos, definitivos ou temporários. Admiro quem luta pelos abandonados, deficientes, doentes. Admiro quem olha um animal e vê ali uma criatura de Deus, tão digna e merecedora, quanto qualquer um de nós, de respeito, atenção, cuidados. O mundo está cheio de bichinhos precisando de um lar, concluímos.

Mas a verdade é que há mais lares precisando de um bichinho. A ciência tem comprovado que a companhia dos animais melhora a qualidade de vida dos humanos. Pessoas com problemas cardíacos, por exemplo, vivem mais, já que essa convivência ajuda a manter baixos a pressão sangüínea e o nível do colesterol, além de reduzir depressão e ansiedade. Crianças com dificuldades de aprendizagem e relacionamento também se beneficiam, têm mais auto-estima, melhor integração na escola e maior vontade de aprender.

E existem vários estudos sobre os benefícios para quem atravessa dificuldades típicas da terceira idade e para pessoas com necessidades especiais, problemas neurológicos ou emocionais. Os relatos de recuperação são fantásticos. Por isso o Brasil vem adotando um trabalho que já é uma realidade em alguns países como EUA e Bélgica. Chama-se Terapia Assistida por Animais (TAA), em que profissionais utilizam cães e gatos para incrementar o tratamento de seus pacientes, tornando prazeroso o que poderia ser sacrificante.

Isso sem falar naquelas pessoas que não estão doentes mas sós, precisando de um amigo sincero, fiel. Um companheiro que sempre o receberá com alegria, disposto a passear, brincar, ver TV, tirar um cochilo, ouvi-lo sem censura, protegê-lo ou simplesmente permanecer a seu lado, sem cobranças ou reclamações. Se temos um animal de estimação, certamente desfrutaremos esses felizes momentos. Diferentemente dos humanos, eles sempre retribuirão afeto com afeto. Essa fórmula é infalível.

O Centro de Controle de Zoonoses do DF está lotado, em especial porque pessoas em pânico, por falta de esclarecimentos acerca da ocorrência de leishmaniose, têm abandonado os animais de estimação à própria sorte, sem sequer procurar saber se eles estão contaminados ou não.

Assim, se você quiser um amigo, poderá facilmente encontrá-lo no CCZ. Só precisará deixar o preconceito de lado e abrir seu coração para recebê-lo, mesmo sem pedigree, mesmo que ele não seja mais um bebezinho, ou perfeitinho. Pode ser que a aparência dele não esteja das melhores. Mas a gente também passa por isso. Há dias em que estamos de assustar. Mas nada que um banho, comida, cuidados básicos e carinho não resolvam.

Se precisar de ajudar ou orientação, poderá visitar blogs como o http://salvandovidas.zip.net e o http://adotecczdf.zip.net. Lá você sempre será muito bem recebido.

E nunca é demais lembrar que os animais são filhos de Deus, portanto nossos irmãos, nossa responsabilidade. Até sexta-feira!

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