31 de dezembro de 2006

E o parceiro ideal?

Publicado no Tribuna do Brasil de 29/7/2006

Caderno TBmulher, Coluna Psicoproseando...com Maraci


"Li em sua coluna a respeito do grupo 'Para Sobreviver a um Grande Amor'. Tenho 52 anos e já me envolvi com vários homens problemáticos. A essa altura da vida, há alguma coisa que eu possa fazer pra encontrar o parceiro ideal?" (Kátia, do Lago Norte)


Não sei o que você considera o “parceiro ideal”. Mas sei que existem homens saudáveis neste mundo. Assim, há possibilidade de você encontrar um desses e se relacionar saudavelmente com ele. Só que, para isso, precisará de preparação, porque o homem saudável relaciona-se apenas com mulheres saudáveis.

Sempre recebi em meu consultório mulheres que viveram, estão vivendo ou normalmente vivem relacionamentos difíceis. Uns parceiros bebem, outros usam drogas, ou jogam, ou são compulsivamente infiéis, ou agridem fisicamente, ou torturam com palavras, ou são emocionalmente distantes. Mas, de qualquer forma, são incapazes de retribuir afeto com afeto.

Infelizmente, maioria das vezes, essas mulheres só procuram ajuda quando já estão falidas emocionalmente, fisicamente, financeiramente, quando já fizeram o possível e o impossível para compreender, ajudar, recuperar o parceiro. Em nome do amor, tentaram tudo, de cirurgias plásticas a viagens pela Europa, passando por despachos em encruzilhadas e consultas a videntes. Nada parece loucura se é para salvar, acalmar ou prender o amado.

Por isso criei, em 1995, o grupo “Para sobreviver a um grande amor”. Nele, reúnem-se apenas mulheres nesse tipo de situação. E, durante o processo terapêutico, elas aprendem a identificar o que as levou a esse tipo de envolvimento; por qual motivo nada que foi feito ajudou a melhorar o relacionamento; o que as manteve ou mantém presas ao parceiro, embora a vida em comum tenha sido ou seja péssima; como elas podem mudar suas vidas para melhor; e, se houver um rompimento, como sobreviver sem o parceiro e o que fazer para evitar outros companheiros problemáticos.

Diferentemente do que muitos podem pensar, esse trabalho não é para separar casais. Também não visa ensinar à mulher maneiras de mudar o parceiro. Ninguém muda ninguém! O objetivo da terapia é a recuperação daquela que reconhece que algo está muito errado e que sozinha não é capaz de resolver o problema. Nós podemos e devemos mudar a nós mesmos, quando enxergamos que precisamos tomar providências nesse sentido.

Mas pode ocorrer que a mudança da mulher provoque uma mudança para melhor no parceiro, recuperando o relacionamento. Assim como pode acontecer um rompimento, a partir do momento em que ela, tornando-se saudável, deixe de se interessar ou desista daquele homem doente, que se recusa a fazer algo por ele mesmo ou pela relação.

Sei que não é fácil o processo de cura. Mas a orientação profissional e o apoio do grupo mostram que é possível superarmos aquelas dificuldades que massacram, destroem, tiram a vontade de viver e podem, literalmente, matar. E a boa notícia é que todas as mulheres que efetivamente se comprometeram com a própria recuperação deixaram de lado o sofrimento, trazendo tranqüilidade também para a vida dos filhos.

Então, se o que você quer é um parceiro saudável, a primeira providência é tornar-se saudável. O fato de você ter se envolvido, repetidas vezes, com homens problemáticos é um sinal de que, como eles, precisa de ajuda. Uma mulher saudável não cai nesse tipo de armadilha ou, se cai, livra-se dela sem maiores dificuldades.

Quanto antes começar o caminho da recuperação, mais chances você terá de conquistar um relacionamento verdadeiramente amoroso com outra pessoa ou sozinha, com você mesma.

Até o próximo sábado !


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