31 de dezembro de 2006

Não foi fácil chegar aqui

Publicado no Tribuna do Brasil de 29/9/2006

Caderno TBprograma, Coluna Psicoproseando...com Maraci


As duas últimas crônicas desta coluna falaram das eleições. Esta não é diferente. Afinal, faltam só dois dias. Domingo estaremos lá, não apenas cumprindo um dever. Antes de tudo, exercendo um direito. Também acho que direito que é direito não precisa ser obrigatório. Mas, vamos combinar: esse, mesmo assim estranho, foi arduamente conquistado.

Não foi fácil chegar onde estamos. Nosso país foi descoberto em 1500. Só em 1824 foi criada a primeira lei eleitoral do Brasil independente. E, apenas em 1881, as eleições para Câmara, Senado e Assembléias passaram a ser diretas. De 1937 a 1945, não houve eleições. De 1965 a 1989, estivemos impedidos de votar pra presidente. E, de 1966 a 1982, pra governador. Dureza, não?

Muitos lutaram corajosa e incansavelmente para que pudéssemos fazer o que faremos domingo: eleger os que tomarão decisões importantes para o Brasil. E não apenas por quatro anos. O reflexo desses próximos quatro alcançará outros tantos. As ações dos que vierem a ser eleitos poderão repercutir por longo tempo.

Então, em respeito aos que batalharam pelo direito a voto neste país e a nós mesmos, brasileiros e brasileiras, é que devemos pensar bem nas cinco procurações que passaremos no domingo. Existe uma forma certa de votar? Sim, a consciente. E, como voto consciente, não podem ser classificados os "em branco" e os "nulos".

Os votos em branco são os chamados votos da apatia. O que acontecerá com esses votos? Simplesmente não serão considerados. Os apáticos estarão deixando que os não apáticos elejam os que representarão todos. Quem vota em branco teve a chance de participar e a jogou no lixo. Se você pretende votar assim, aproveite para pensar que outras importantes oportunidades desperdiçou na vida. Talvez seja o caso de procurar ajuda profissional. Apatia pode significar doenças como depressão e verminose.

Os votos nulos são os chamados votos de protesto. Há quem acredite que, assim, as eleições poderão ser anuladas. Mas, na verdade, diferentemente do que andaram divulgando, uma eleição só será invalidada se tiver mais de 50% dos votos anulados pela Justiça Eleitoral. Isso só acontece em caso de ilícito. Os votos anulados por vontade ou erro do eleitor simplesmente não serão considerados. Em outras palavras, você não estará fazendo protesto algum. E se, mesmo conhecedor da legislação, insistir em "protestar", sugiro que procure um psicoterapeuta. Isso não é nada saudável.

Entendo que o triste cenário político pode nos deixar sem energia ou revoltados. Mas será que não há pelo menos 1 candidato, por categoria, que não valha a pena? São 8 a presidente, 6 a governador, 9 a senador, 109 a deputado federal e 661 a distrital. Dá pra tirar unzinho de cada grupo. FORÇA GENTE! CORAGEM!

Agora, se você é do tipo que acha que não há ninguém que se apresente; que votando estará apenas ajudando a eleger os "menos ruins"; e que a legislação eleitoral precisa ser mudada, MEXA-SE! Você é um cidadão ou um rato?

Tem um amigo ou parente que daria um bom político? Proponha que ele se candidate e o apóie. E quanto a você? Seria um bom representante? Então, procure um partido e a ele se integre. Não gosta dos que aí estão? Veja o que é preciso para fundar um. Isso parece muito mais lógico do que viver reclamando, votando em branco ou nulo, apático ou fazendo protestos sem sentido.

Há um trecho do Livro dos Espíritos, escrito por Allan Kardec, onde está dito que, no mundo, freqüentemente, o mau "vence" por fraqueza dos bons. Que os maus são intrigantes e audaciosos. Que os bons são tímidos. E que, quando os bons quiserem, preponderarão. Até a próxima sexta-feira!

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