31 de dezembro de 2006

Como isso nos afeta

Publicado no Tribuna do Brasil de 19/8/2006

Caderno TBmulher, Coluna Psicoproseando...com Maraci


"Seu texto Um poder mal utilizado foi escrito pra mim. Nele enxerguei eu e minha mãe, um relacionamento de amor e ódio. É muito difícil lidar com alguém que está sempre enfatizando nossos defeitos. O que fazer? (Borboleta do Guará)."

Como problemas com pai e mãe afetam nossas vidas! Se pais e filhos conseguissem manter um bom relacionamento, que mundo diferente teríamos! Mas não é isso o que se vê. E, felizes ou não com o que se apresenta, precisamos continuar vivendo, da melhor forma que conseguirmos. Nada acontece por acaso.

Várias situações podem levar uma mãe a tratar mal um filho. Mãe também é gente. Passa por crises, adoece, fica de mau humor, irrita-se com os filhos, que também não são anjos. Muitas vezes uma boa conversa produz resultados maravilhosos. Então, aqui vai uma sugestão: planeje uma conversa com sua mãe.

Todos os dias, antes de dormir, reze pedindo ao Ser Superior de sua fé que abençoe o encontro que você está preparando. Diga a Ele o quanto sua mãe é importante pra você, o quanto o carinho dela lhe faz falta, o quanto você está disposta a compreendê-la. E peça-Lhe que indique o melhor momento para essa conversa. Não tenha pressa! O momento certo surgirá.

Quando a hora chegar, fale dos seus sentimentos. Comece dizendo o que você aprecia nela. Mencione os bons momentos que tiveram juntas. Diga que acredita que ela a ama, apesar das brigas. Fale o quanto ela é importante pra você. E se ofereça para ajudá-la caso ela esteja passando por um mau pedaço de vida. Nesse momento, não cabem acusações.

Se ela abrir o coração, ouça-a e tente ajudá-la no que puder. Se não puder, proponha procurarem ajuda. Se os problemas dela forem físicos ou emocionais, recomende um médico ou psicólogo. Você poderá até acompanhá-la à consulta, se ela assim o desejar. Se ela for religiosa, sugira algo que possa melhorar o relacionamento, como assistirem a cultos juntas, fazerem novenas ou promessas, ou tomarem passes com essa finalidade.

Se ela reclamar de você, ouça-a com paciência e exponha suas opiniões e motivos, sem rebater o que ela lhe disser. Lembre-se de que muito do que ela fala, se não tudo, deve estar sendo dito para o seu bem, mesmo que as palavras empregadas não sejam suaves. É bom anotar, ainda durante a conversa, as queixas por ela apresentadas. Deixe claro que você pensará com carinho em tudo. E pense mesmo, com tranqüilidade.

Pode ser que você encontre coisas absurdas. Pode ser que você encontre sabedoria nas observações e conselhos de sua mãe. Aproveite o que for bom. Dê passagem para o que não puder ser aproveitado. De qualquer forma, guarde as anotações. E repita esse processo quantas vezes achar que deve.

Um certo afastamento também deve ser considerado. Se não moram juntas, dê um tempo na relação. Evite ir à casa dela. Apenas ligue, de vez em quando, rapidamente, pra ter notícias. Vocês serem mãe e filha não significa que precisem estar grudadas. Podemos amar alguém de longe e é melhor que seja assim, se a proximidade provocar atritos.

Se moram na mesma casa, evite o quanto puder as discussões. Se isso resolvesse, vocês não teriam mais nenhum problema, após tantos anos brigando. E pense com firmeza na possibilidade de se mudar, sem rompimentos dramáticos, ódios ou rancores. A distância pode aproximar as duas.

Se nada der o resultado esperado, procure um psicólogo. Mesmo que só você busque ajuda, as duas sairão ganhando.

E se você tiver filhos, fique alerta. A gente tende a repetir histórias familiares, mesmo aquelas que não nos trazem boas lembranças. Até o próximo sábado !

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