Publicado no Tribuna do Brasil de 18/5/2007
Caderno TBPrograma, Coluna Psicoproseando...com Maraci
Na última quarta-feira, alguém muito especial para mim completou mais um ano de vida. Comemoramos o aniversário de Marcelo. Quem me conhece termina conhecendo também essa figura que conseguiu a proeza de viver comigo em três diferentes épocas das nossas vidas. Aliás, a proeza não foi só dele, mas também minha. Há muito deixamos de ser marido e mulher. Mas continuamos grandes amigos.
Eu e Marcelo nos conhecemos em maio de 84, quando tínhamos 25 anos. Hoje, temos 48 e, há 12, abrimos mão da história de amor que vivíamos juntos para viver, também juntos, uma outra história de amor. Desfizemos os laços que nos uniam num romance e iniciamos uma amizade pura e sincera o bastante para não despertar o ciúme dos nossos atuais parceiros.
Acho que assim é que deveriam ser finalizados os relacionamentos que um dia foram de amor - de forma amorosa. Conosco aconteceu de chegar um momento de nossas vidas em que enxergamos que não nascemos para ser um casal. Assim, nos separamos. Mas não rompemos os laços que nos uniam. Nós nos enlaçamos de outra forma, bem diferente, embora nem de longe menos significativa. E também meu filho, que não é filho biológico dele, o ama e considera como a um pai.
Ao longo de 11 anos, durante os quais nos casamos e nos separamos três vezes, mantivemo-nos ligados um ao outro, ora fisicamente próximos, ora distantes, mas sempre unidos. Rimos juntos muitas vezes, choramos juntos muitas vezes, aprontamos todas e brigamos o máximo que conseguimos brigar. Mas nunca rompemos nosso vínculo. E até quando estávamos sem nos falar, encontrávamo-nos em sonho - coisas de almas companheiras.
Nos últimos 12 anos, dedicamo-nos a fortalecer mais os novos laços que nos unem. Mantemos contato um com o outro e continuamos a chorar e a rir juntos, até mesmo das rixas da época da juventude, dos barracos que derrubávamos, das confusões que aprontávamos.
Acho que só deveríamos nos envolver com pessoas de quem pudéssemos nos separar dessa forma, desmanchando os laços respeitosamente, cuidadosamente, amorosamente. Porque, se tivermos a delicadeza de manter intactas as fitas, eles poderão ser refeitos um dia, se assim a vida o sugerir. Ou, como aconteceu entre mim e Marcelo, poderão ser transformados.
Gostaria de saber escrever de forma bonita, poética mesmo, para homenagear o meu amigo, meu irmão. Mas, como não o sei, deixo aqui a beleza da prece irlandesa: "Que a estrada se abra à sua frente; que o vento sopre levemente às suas costas; que o sol brilhe morno e suave em sua face; que a chuva caia de mansinho em seus campos; e, até que nos encontremos de novo, que Deus o guarde na palma de Suas mãos."
Parabéns, querido! Muitos e muitos anos de vida! Um grande beijo meu e do Igor. Até sexta-feira!
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