25 de junho de 2007

Adeus, não. Até breve!


Publicado no Tribuna do Brasil de 22/6/2007

Caderno TBPrograma, Coluna Psicoproseando...com Maraci


Como podemos ajudar alguém que perdeu um ente querido? No último domingo, passei pela triste experiência de participar das despedidas à mãe de um jovem amigo, vítima de um estúpido acidente de carro, durante uma pequena viagem. Waldete partiu deixando os filhos André e Roberto.

Numa situação assim, totalmente inesperada, a maioria das pessoas se assusta. Em primeiro lugar, porque a morte de alguém nos traz a lembrança de que não ficaremos aqui para sempre, de que, um dia, o corpo que usamos também perderá a vida. Em segundo lugar, porque nos colocamos no lugar daqueles que ficam, que sofrerão por saudade.

Na verdade, quase todo mundo se apavora com a idéia de que vamos morrer ou de que podemos perder alguém amado. Falta confiança nas leis que regem o Universo, no Criador. E esse pânico é que nos impede ou torna difícil a missão de apoiar um amigo na hora da dor. O que fazer para tentar ajudar quem sofre? Como agir? O que dizer? Como suavizar o padecimento?

Não conheci Waldete, mas logo fiquei sabendo que se tratava de uma mulher que acreditava na imortalidade da alma. E percebi que os garotos dela, embora ainda não tenham as mesmas certezas com relação à morte e à continuação da vida, tendem a acompanhar as crenças maternas, uma indicação de que algo especial ela plantou no coração dos filhos. Nessas situações, só a fé pode consolar. Só ela é capaz de dissipar as nuvens pesadas e escuras que se formam em momentos tão dolorosamente tristes, impedindo que vislumbremos o horizonte infinito que nos traz confiança.

Quando alguém parte, repetimos, aos que ficam, o de sempre - que é preciso ter força, ter fé. Prescrevemos o único remédio para esse tipo de dor, tentando contagiar o outro com nossas palavras, nosso olhar, nosso abraço. Mas o sucesso desse intento dependerá do quanto estejamos sendo sinceros. E mesmo que estejamos também sofrendo muito, quanto mais firmes forem nossas esperanças, mais conseguiremos falar diretamente à alma de quem sofre.

Então, meus queridos, deixo-lhes estas palavras, as da minha fé inequívoca de que a mãe de vocês não morreu, apenas voltou à sua condição original. Waldete não era aquele corpo que pereceu. Ela é muito mais, é um ser espiritual que, agora liberto, habita um outro mundo. Nós não somos um corpo que contém uma alma, mas um espírito que se utiliza da matéria, quando necessita transitar por este planeta. Ela não desapareceu da vida de vocês, porque mantém a individualidade, a inteligência, os mesmos sentimentos de carinho, de amor.

Os laços de afeto que os uniam antes da morte do corpo dela continuam existindo e tendem a se tornar cada vez melhores, mais estreitos. Não foi por um acaso do destino que ela os recebeu como filhos amados. Por isso, de uma forma ou de outra, esteja onde estiver, sempre velará por vocês, ajudando no que puder, intercedendo, amparando como até então, abraçando-os e beijando-os durante o sono.

Há uma passagem do livro "Chico Xavier, Mediunidade e Ação", escrito por Carlos Antônio Baccelli, que narra diálogo entre o famoso médium e uma mãe aflita, que havia perdido os dois filhos num desastre. Ao ver o desespero da pobre mulher, ele a consola dizendo: -"Filha, o nosso Emmanuel sempre me diz que a aceitação de nossos problemas, sejam eles quais forem, representa cinqüenta por cento da solução; os outros cinqüenta por cento vêm com o tempo ... Tenhamos paciência e fé, pois não estamos desamparados pela Bondade Divina."

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