Publicado no Tribuna do Brasil de 9/3/2007
Caderno TBPrograma, Coluna Psicoproseando...com Maraci
Hoje me emocionei com uma mensagem que uma grande amiga, ou melhor, uma irmã, a Claudinha Sallaberry, me enviou. Ela narrava a história de uma jovem que conversava com a mãe sobre a vida, o casamento e a idade adulta quando a senhora lhe disse: "Nunca esqueça suas irmãs, não importa quão bem você esteja". Durante a conversa, a filha entendeu que as tais "irmãs" seriam todas as mulheres verdadeiramente amigas, inclusive filhas e demais parentes.
Naquele momento, a moça não compreendeu bem a mensagem da mãe. Mas, com o passar do tempo, ficou clara a sabedoria que havia no conselho. Porque a vida poderá oferecer a uma mulher diferentes caminhos, várias possibilidades. Ela poderá se unir a um homem e construir uma bela família; ter uma profissão e conquistar dinheiro e prestígio; conhecer o mundo inteiro e muita gente interessante, mas nunca poderá prescindir das "irmãs".
Durante séculos, acreditou-se que as mulheres eram incapazes de estabelecer verdadeiros laços de amizade, em razão de suposta fragilidade emocional, visão fantasiosa da vida, inferioridade intelectual e incapacidade de agir com lealdade. O exercício da amizade só seria possível entre homens, únicos seres considerados virtuosos e sábios. Claro que essas teorias eram todas defendidas por homens, formadores de opinião que gozavam de grande prestígio.
Claro também que o conceito das mulheres cresceu muito. Mas, ainda hoje, além de ver como praticamente impossível a amizade entre uma mulher e um homem, a sociedade continua a torcer o nariz para a amizade entre mulheres, consideradas eternas rivais, sempre disputando as atenções masculinas, como se nenhum outro interesse pudesse se sobrepor ao de conquistar um homem.
No entanto, a verdade esta aí para quem quiser ver. Não só somos capazes de estabelecer fortes e belos laços de amizade, como, juntas, construímos uma espécie de universo paralelo que foge ao entendimento dos homens e ainda pode servir como refúgio, em caso de necessidade. Foi esse talento que nos permitiu sobreviver, apesar dos pesares, desde que surgimos neste mundo.
E não somos apenas nós que dizemos isso. A ciência já sabe que, quando as mulheres se unem para se ajudar ou proteger, produzem uma maior quantidade de oxitocina, o chamado "hormônio da confiança", que estimula a generosidade e os laços, com um efeito calmante. Assim, mulheres que têm "irmãs" estão mais protegidas de doenças ligadas ao estresse, vivem mais e melhor.
São as "irmãs" que nos ajudam a lembrar que criaturas especiais somos. São elas que nos apóiam quando o resto do mundo parece não nos entender, nem mesmo nossos companheiros e filhos. São elas que preenchem os vazios emocionais de nossas relações com os homens. E é com elas que podemos estabelecer o que Aristóteles definiu como uma amizade perfeita - uma relação de proximidade, de convivência, de confiança, de igualdade, de reciprocidade, de semelhança e de concórdia, mesmo nas divergências.
Assim, esteja você onde estiver, com quem estiver ou como estiver, cultive os laços com suas "irmãs". Nunca as perca de vista. Quase tudo passa, mas a verdadeira amizade atravessa os anos, os séculos, as várias existências.
Parabéns a você, Claudinha, e a todas nós, pelo Dia Internacional da Mulher. Até sexta-feira !
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