Publicado em 08/11/2008, no site do Correio Braziliense, Blog do Vicente Nunes,
coluna A Psicologia e o Dinheiro
coluna A Psicologia e o Dinheiro
Foi preciso o Vicente me convidar a fazer esta coluna para que eu me desse ao trabalho de procurar entender o significado de expressões como circuit breaker. Busquei informações na internet e lá encontrei que se trata de um mecanismo utilizado pelas Bolsas de Valores para interromper um pregão, ou seja, paralisar os negócios por um tempo determinado toda vez que o índice tem variação maior que um determinado nível percentual. É um mecanismo de proteção, de segurança para evitar oscilações bruscas e amenizar a situação do mercado.
Parecidas com isso são aquelas pausas imprescindíveis de que lançamos mão quando estamos discutindo com alguém e percebemos que a conversa não terá um final feliz se continuar naquele tom. É o momento em que a gente se retira pra esfriar a cabeça, respirar fundo, beber uns bons goles de água, olhar o horizonte, tomar um banho frio. Porque há conversas que, se não forem interrompidas, deixarão mágoas e remorsos, manchas que teremos dificuldade em apagar. Assim, é melhor darmos um tempo e recomeçarmos em outro momento, talvez no dia seguinte, se o problema não tiver se solucionado por si só. Muitas coisas são resolvidas durante uma boa noite de sono.
Até aí, está fácil, não? Difícil é quando as discussões são retomadas, mas não rendem. Vira e mexe, lá está o assunto em pauta. Basta que um sinalize para que o outro revire os olhos, desanimadoramente, ou solte um “Jesus, acendei a luz!”. Mesmo que a conversa inicie em tom ameno, termina virando um bate-boca dos infernos. E é esse tipo de embate que desilude, desgasta, faz a gente desejar nunca ter conhecido aquela criatura, pensar que o Universo conspira contra nós, cobrar uma explicação de Deus para a nossa desventura, invejar a vida e o relacionamento dos outros, adoecer, envelhecer antes da hora. São essas colisões que levam os casais a uma relação infeliz e à separação. A maioria dos problemas não escapa de uma boa conversa. Mas o que fazer quando eles parecem ter vindo pra ficar?
Infelizmente, nem sempre conseguimos resolver as questões com um papo franco e honesto, mesmo que estejamos dispostos a isso, porque tem gente que não sabe conversar. Há aqueles que não conseguem falar e, diante do outro, ficam paralisados, por exemplo, e há os que não conseguem ouvir, interrompendo a todo instante, gritando, concluindo pelo outro. Passa-se de uma frase mal terminada a outra, de um mal entendido a outro. E o que deveria aproximar acaba por afastar ainda mais.
Assim, quando o tête-à-tête não rola legal, costumo sugerir o diálogo por meio de carta. Quando escrevemos, somos donos do nosso tempo. Podemos colocar no papel tudo o que sentimos, sem o risco de sermos interrompidos, de deixarmos coisas pela metade ou mal ditas. Além disso, damos ao outro a oportunidade de ler nossa carta aos poucos e até várias vezes, no tempo dele, sem atropelos, sem imposições.
Mas não se trata de escrever, pura e simplesmente, o que seria dito de boca. Tem de haver uma estratégia. Proponho começar pelo começo, dizendo, por exemplo: “O que me leva a escrever é a vontade de me entender com você”. Seja sincero, verdadeiro. Diga exatamente o que pensa e o que sente sobre o assunto. E aproveite para falar como percebe o comportamento do parceiro, sem acusações, sem leituras mentais. Termine de forma amorosa e sugira resposta também por escrito.
Troquem todas as cartas necessárias à solução do problema. Mas não deixem de lado os outros assuntos. O que estiver fluindo bem no relacionamento não deve ser prejudicado em momento algum. Ao contrário, deve ser preservado. Em outras palavras, nada de se concentrar no que vocês ainda não conseguiram. É preciso ter olhos para ver e valorizar aquilo que já deu certo na relação. Valeu, irmã! Até sábado, leitores!
Parecidas com isso são aquelas pausas imprescindíveis de que lançamos mão quando estamos discutindo com alguém e percebemos que a conversa não terá um final feliz se continuar naquele tom. É o momento em que a gente se retira pra esfriar a cabeça, respirar fundo, beber uns bons goles de água, olhar o horizonte, tomar um banho frio. Porque há conversas que, se não forem interrompidas, deixarão mágoas e remorsos, manchas que teremos dificuldade em apagar. Assim, é melhor darmos um tempo e recomeçarmos em outro momento, talvez no dia seguinte, se o problema não tiver se solucionado por si só. Muitas coisas são resolvidas durante uma boa noite de sono.
Até aí, está fácil, não? Difícil é quando as discussões são retomadas, mas não rendem. Vira e mexe, lá está o assunto em pauta. Basta que um sinalize para que o outro revire os olhos, desanimadoramente, ou solte um “Jesus, acendei a luz!”. Mesmo que a conversa inicie em tom ameno, termina virando um bate-boca dos infernos. E é esse tipo de embate que desilude, desgasta, faz a gente desejar nunca ter conhecido aquela criatura, pensar que o Universo conspira contra nós, cobrar uma explicação de Deus para a nossa desventura, invejar a vida e o relacionamento dos outros, adoecer, envelhecer antes da hora. São essas colisões que levam os casais a uma relação infeliz e à separação. A maioria dos problemas não escapa de uma boa conversa. Mas o que fazer quando eles parecem ter vindo pra ficar?
Infelizmente, nem sempre conseguimos resolver as questões com um papo franco e honesto, mesmo que estejamos dispostos a isso, porque tem gente que não sabe conversar. Há aqueles que não conseguem falar e, diante do outro, ficam paralisados, por exemplo, e há os que não conseguem ouvir, interrompendo a todo instante, gritando, concluindo pelo outro. Passa-se de uma frase mal terminada a outra, de um mal entendido a outro. E o que deveria aproximar acaba por afastar ainda mais.
Assim, quando o tête-à-tête não rola legal, costumo sugerir o diálogo por meio de carta. Quando escrevemos, somos donos do nosso tempo. Podemos colocar no papel tudo o que sentimos, sem o risco de sermos interrompidos, de deixarmos coisas pela metade ou mal ditas. Além disso, damos ao outro a oportunidade de ler nossa carta aos poucos e até várias vezes, no tempo dele, sem atropelos, sem imposições.
Mas não se trata de escrever, pura e simplesmente, o que seria dito de boca. Tem de haver uma estratégia. Proponho começar pelo começo, dizendo, por exemplo: “O que me leva a escrever é a vontade de me entender com você”. Seja sincero, verdadeiro. Diga exatamente o que pensa e o que sente sobre o assunto. E aproveite para falar como percebe o comportamento do parceiro, sem acusações, sem leituras mentais. Termine de forma amorosa e sugira resposta também por escrito.
Troquem todas as cartas necessárias à solução do problema. Mas não deixem de lado os outros assuntos. O que estiver fluindo bem no relacionamento não deve ser prejudicado em momento algum. Ao contrário, deve ser preservado. Em outras palavras, nada de se concentrar no que vocês ainda não conseguiram. É preciso ter olhos para ver e valorizar aquilo que já deu certo na relação. Valeu, irmã! Até sábado, leitores!
Maraci Sant'Ana