tag:blogger.com,1999:blog-320972572024-03-13T07:27:46.002-03:00PsicoproseandoMaraci Sant'Ana<br>
<a href="mailto:maracisantana@yahoo.com.br">maracisantana@yahoo.com.br</a> / 61 9967 0990Maraci Sant'Anahttp://www.blogger.com/profile/00192420055603744255noreply@blogger.comBlogger132125tag:blogger.com,1999:blog-32097257.post-6463879897982332112010-01-31T21:03:00.003-03:002011-08-15T11:07:18.730-03:00Desperte e seja feliz<div style="text-align: justify; font-family:verdana;"><div style="text-align: right;"><span style="font-size:85%;"><span style="font-style: italic;font-size:78%;" >Publicado em 16/1/2009, no site do Correio Braziliense, <a href="http://www.correiobraziliense.com.br/blog/blogdovicente/">Blog do Vicente Nunes, </a></span></span>
<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-style: italic;font-size:78%;" >coluna A Psicologia e o Dinheiro</span></span>
<br /></div><span style="font-size:85%;">
<br />
<br />Ano-novo, vida nova! Isso pode até não ser lá uma grande verdade. A gente sabe que quase nada muda de 31 de dezembro pra 1º de janeiro, embora nossa tendência seja crer que é só passar a régua ao final do ano velho, sem precisar pagar a conta. Aliás, conta é justamente em que as pessoas não querem pensar na passagem de ano, embora os boletos estejam prontos pra despencar em nossas cabeças. É no começo do ano que enfrentamos despesas do Natal, IPVA, IPTU, matrículas, uniforme, material escolar. Mesmo assim, repetimos, sem parar, “Saúde e paz! Do resto, a gente corre atrás!”.
<br />
<br />Só que meu ano não começou como imaginei e a comemoração planejada ficou na intenção. Uma tremenda crise de rinite me jogou na cama, de onde vi chegar 2010. Justo eu, que havia me comprometido com uma palestra bem no dia 1º. Assim, entre espirros e fungadas, busquei me concentrar em uma mensagem que se encaixasse no tema proposto pela Comunhão Espírita de Brasília - Desperte e seja feliz. Lindo título para um começo de ano!
<br />
<br />Inicialmente, pensei em uma mensagem de puro otimismo, que fizesse com que as pessoas voltassem para casa leves e cheias de esperança. Não consegui. Várias falas vieram à minha mente, mas, assim como vinham, eram rejeitadas. Claro que eu queria combinar com as festividades, mas algo em mim dizia que não mais podemos tratar a vida dessa forma, porque o momento é grave e exige de todos muito mais do que estamos acostumados a dar a nós mesmos, ao nosso próximo, ao nosso planeta, ao nosso Universo.
<br />
<br />Então, sucumbi à dura, embora bela, realidade desse raciocínio. E, em lugar de focar o “e seja feliz”, procurei me concentrar no “desperte”. Porque não é possível alguém chegar à felicidade sem o despertar. E precisamos logo abrir os olhos da consciência porque o mundo está vivendo mais um momento crítico. São sucessivas catástrofes naturais provocando morte em massa; adultos perfurando crianças com agulhas; filhas tramando assaltar mães; mães jogando filhos recém-nascidos pela lixeira; dinheiro que deveria ser empregado em educação e saúde indo para contas particulares, bolsas, meias. Alguém até pode dizer que as coisas sempre foram assim ou talvez piores. Mas, graças a Deus, agora elas nos encontram maduros o bastante para nos indignarmos verdadeiramente. A situação exige responsabilidade, trabalho, indulgência, caridade, força, perseverança, fé. Em resumo, exige amor.
<br />
<br />É hora de nos comportarmos como adultos, de buscarmos compreender, por exemplo, quem somos nós; em que momento da vida estamos; as razões de uns sofrerem tanto e outros viverem tão folgadamente; os motivos para termos nascido naquela família ou termos sido adotados; o que fazemos na Terra, um entre tantos planetas; o que acontece conosco após a morte. Não dá mais para engolirmos respostas prontas, cercadas de mistérios, que adotamos sem refletir. É nossa felicidade que está em jogo.
<br />
<br />Vivemos como sonâmbulos na maior parte do tempo. Basta acordarmos para ter início uma espécie de hipnose – pulamos da cama, geralmente atrasados; acordamos as crianças com as mesmas instruções de “tá na hora”, “escova os dentes direitinho”; tomamos um banho rápido; enfiamos uma roupa; e saímos dirigindo e falando ao telefone e xingando os mais lentos; trabalhamos todo o dia, em geral ultrapassando nossos limites; pegamos as crianças na escola, agoniados para chegar logo em casa; distribuímos novas ordens do tipo “tira logo o uniforme e vai tomar banho”; vamos pra cama; assistimos à TV; e dormimos já pensando no que faremos no dia seguinte, que será basicamente do mesmo jeito. Os finais de semana costumam ser dedicados ao churrasco, à cervejinha, ao cineminha.
<br />
<br />Até mesmo quando fazemos nossas orações, costumamos agir como autômatos. Falta espaço em nossa vida para a reflexão a respeito de nós e de questões bem maiores do que trabalhar pra ganhar dinheiro e construir um patrimônio; estudar para dar um up no currículo; tentar dar aos filhos tudo o que tivemos e não tivemos na infância; manter um casamento a qualquer preço. Não estou dizendo que essas coisas não têm nenhum valor. Vivemos em um mundo material e temos o dever de buscar o nosso conforto e o daqueles que nos cercam, pelo menos. Mas a matéria não é nossa essência. Somos seres espirituais.
<br />
<br />Nosso Pai criou tudo o que há e permite que trabalhemos sobre Sua obra, para promover o desenvolvimento. Isso faz de nós cocriadores do Universo, o que é uma enorme responsabilidade. Não dá mais pra continuar vivendo como zumbis ao contrário, como vivos-mortos. Devemos cumprir nossos deveres familiares e sociais, mas não podemos nos restringir a uma vidinha egoísta, esquecidos de nossa origem Divina, de nosso compromisso com a Humanidade. Não podemos mais manter fechados os olhos da alma. É preciso despertar para a Verdade e correr atrás do que realmente importa.
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<br />Na última terça-feira, perdemos a médica pediatra e sanitarista Zilda Arns, um exemplo de consciência desperta. Reconhecida no mundo inteiro, ela, entre tantos outros trabalhos maravilhosos, ajudou a criar e coordenou os trabalhos da Pastoral da Criança e da Pastoral da Pessoa Idosa. Mais de 3 milhões de menininhos e menininhas menores de 6 anos de idade salvos de várias doenças, da desnutrição e da violência; mais de 100 mil velhinhos e velhinhas assistidos; cerca de 95 mil voluntários, todos sensibilizados e preparados para seguir com essa corrente do bem. Que escola!
<br />
<br />A Dra. Zilda não tinha uma vida muito diferente da maioria de nós. Era mulher em um mundo machista e profissional dedicada, que casou e teve seis filhos, com tudo o que isso pode representar. Só que ela morreu em uma missão humanitária. Estava no Haiti quando a igreja onde palestrava desabou. Claro que esse não é um exemplo nada fácil de ser seguido, mas sempre podemos fazer alguma coisinha com os talentos recebidos de Deus. Ficou para trás o tempo de ser o bastante não fazermos o mal. É preciso ir além e fazer o bem. Porque não seremos cobrados pelo mal que ainda não pudermos evitar, mas pelo bem que, mesmo podendo, deixarmos de realizar.
<br />
<br />E, para encerrar esse nosso papo de começo de ano, deixo aqui um resumo da mensagem da música “Solo le pido a Dios”, de León Gieco, imortalizada na voz de Mercedes Sosa, outra mulher extraordinária que também há pouco voltou para a Pátria Espiritual: “Só peço a Deus que a dor, o injusto, a guerra, o engano, o futuro não me sejam indiferentes. E que a seca morte não me encontre vazia e só sem ter feito o suficiente”. Um feliz 2010! Que este seja o ano do nosso despertar!
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<br /></span><div style="text-align: right;"><span style="font-size:85%;">Maraci Sant'Ana</span>
<br /></div><span style="font-size:85%;">
<br />* Pessoal, fica aqui um convite para que assistam ao vídeo <span style="font-weight: bold;">Solo le pido a Dios</span>. Há várias versões no youtube, todas belíssimas.
<br /></span></div>Maraci Sant'Anahttp://www.blogger.com/profile/00192420055603744255noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-32097257.post-2976849690422266552009-12-15T07:16:00.003-03:002011-08-15T11:08:23.272-03:00Um amigo, de natal<div style="text-align: right; font-style: italic; font-family:verdana;"><span style="font-size:78%;">Publicado em 5/12/2009, no site do Correio Braziliense, <a href="http://www.correiobraziliense.com.br/blog/blogdovicente/">Blog do Vicente Nunes,</a>
<br />coluna A Psicologia e o Dinheiro
<br /></span></div>
<br /><div style="text-align: justify;"> <span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">
<br />Adoro esta época do ano! E ela também é a preferida dos comerciantes e comerciários. É tempo de aumento nas vendas e comissões. É tempo de presentes. Claro que sempre rolam aqueles básicos, do tipo bola, boneca, CD, camiseta. Mas também há sofisticação, coisas de deixar qualquer um babando. Recentemente, li sobre uma novidade que deve trazer muita grana para os lojistas, principalmente do Japão, Estados Unidos e Europa - o Yume Neko Venus, um gato robô que tem sensores de toque espalhados pelo corpo, ronrona, pisca, fica bravo, move as patas, a cabeça e a cauda, reage a luz e a comandos de voz. Legal, não? Também achei, por um lado.</span>
<br />
<br /><span style="font-family:verdana;">É um bichano que não andará aprontando pela casa, não subirá nos móveis, não tentará escalar sua árvore de Natal, não dará despesas com ração, areia e veterinário. Mas também nunca esperará por você na porta de casa; jamais se enroscará em suas pernas ou se aconchegará no seu colo; nem desamarrará seu cabelo só para fugir correndo, carregando a fita como se ela fosse resultado de uma grande caçada. Um robô não lhe fará companhia quando tudo o que você mais desejar for ficar largado no sofá vendo TV; nem olhará fundo nos seus olhos antes de dar aquele miado que diz tudo. Em outras palavras, é um gato de mentirinha, muito diferente dos eternos bebês que tenho em casa – Frajola, Menininha, Docinho, Sininho, Amorzinho e Elvira, a quem dedico este texto.</span>
<br />
<br /><span style="font-family:verdana;">Dizem os pesquisadores que a relação entre homens e animais domésticos teve início 50 mil anos atrás. Cães vigiavam aldeias e ajudavam na caça e no pastoreio. Gatos exterminavam ratos e outras pragas. Mas, aos poucos, as pessoas começaram a vê-los de uma forma diferente. Eles não eram apenas para servir, mas para acompanhar. Surgiu um afeto que foi se intensificando de um jeito que, hoje, mais do que amigos, eles são considerados filhos. Na Europa e nos Estados Unidos, por exemplo, 30% dos criadores consideram seus animais parte da família. E o filósofo australiano Peter Singer defende a igualdade plena de direitos entre homens e animais. Para ele, sustentar que os humanos são superiores aos demais seres é um absurdo tão grande quanto o racismo.</span>
<br />
<br /><span style="font-family:verdana;">Desde que comecei a escrever para jornal, em 2003, tive duas grandes oportunidades de falar sobre o tema, uma em novembro de 2006, com o texto Nossos irmãos, nossa responsabilidade, um apelo em favor das criaturinhas que estão no corredor da morte do Centro de Controle de Zoonoses do Distrito Federal; e outra em julho de 2007, com Puff, que dediquei a minha amiga Dalva Helena, que havia perdido seu cachorrinho. Mas, por mais que eu escreva, trabalhe ou adote, sempre fica o sentimento de não estar fazendo o quanto poderia. Por mais que façamos por esses irmãos, nunca é o bastante.</span>
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<br /><span style="font-family:verdana;">Segundo pesquisas, o Brasil tem cerca de 32 milhões de cães e 16 milhões de gatos - a segunda maior população do planeta, que movimenta um mercado, que não para de crescer, de 9 bilhões de reais por ano em produtos e serviços. A cada dia, mais pessoas adotam um bichinho e, de acordo com a Radar Pet, eles já estão presentes em 44% dos lares das classes A, B e C. E não fazem a alegria apenas das crianças, mas de pessoas que moram sozinhas e de idosos que se ressentem da falta de afeto. Só que, infelizmente, ainda são poucos os que têm o privilégio de fazer parte de uma família, de poder dar e receber amor.</span>
<br />
<br /><span style="font-family:verdana;">Muitos vivem pelas ruas, entregues à própria sorte e, se chegam a um centro de controle de zoonoses, são sacrificados em poucos dias, de forma desumana, estejam doentes ou saudáveis, como se não tivessem nenhum valor, como se fossem descartáveis, como se não fossem criaturas de Deus. Em lugar de prevenir doenças, esses órgãos se dedicam à matança, até de filhotinhos que nem foram desmamados ainda. Pensar nisso parte meu coração. E o que me dá forças, no meio de tanto horror, é saber que existe gente de verdade que se dedica à causa desses anjinhos, pessoas que, isoladamente ou à frente de entidades de salvamento, não se calam diante da maldade dos seres ditos humanos.</span>
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<br /><span style="font-family:verdana;">Não sei o que seria desses bichinhos se não fossem os protetores, que os recolhem pelas ruas, acolhem em suas casas, lançam mão dos próprios recursos, tratam e procuram lares amorosos para eles. Não sei o que seria desses bichinhos se não fossem os veterinários parceiros, que atendem gratuitamente ou dão um bom desconto nos tratamentos e castrações. A maioria das criaturinhas são encontradas em péssimo estado, doentes, desnutridas, desidratadas, assustadas. Muitas foram vítimas de violência, maltratadas exatamente por aqueles que as deveriam proteger; outras foram abandonadas por estarem velhas ou doentes; outras largadas na rua apenas porque os donos precisaram fechar a casa para viajar em férias. E não são raros os casos de animais recolhidos com terríveis mutilações, por terem sido usados em rituais de magia, por gente louca que nem deveria estar solta por aí.</span>
<br />
<br /><span style="font-family:verdana;">Os centros de zoonoses estão lotados de criaturinhas precisando de uma família e muitas entidades de proteção aos animais também trabalham no regime de lar temporário. Tudo o que você precisa fazer é deixar de lado a vaidade que nos faz procurar um pet de raça e abrir seu coração para receber um irmãozinho de quatro patas, do tipo tomba lata, mesmo que ele já seja adulto ou esteja velhinho, mesmo que não seja perfeitinho. Não cabe discriminação ou exigências. Já imaginou se a Espiritualidade Maior resolvesse também só socorrer os que fossemos de raça pura? Eu estaria na maior roubada. E você? Por acaso, seu sangue é azul? Além disso, como eu disse em um daqueles textos, pode ser que a aparência dele não esteja das melhores, mas há dias em que nós também estamos de assustar, não é mesmo? Nada que o amor não recupere.</span>
<br />
<br /><span style="font-family:verdana;">Quer dar um lindo presente de Natal a quem você ama? Então, salve uma vida, adote um desses animaizinhos. Não há nada melhor do que ganhar alegria, lealdade, coragem, devoção, simplicidade. Nada disso está à venda nos shoppings e, certamente, dessa forma, você não estará presenteando apenas aquele que deseja tanto agradar, mas o mais famoso de todos os aniversariantes do próximo dia 25, aquele que nunca nos esquece, mas de quem muitos nem se lembram, perdidos em compras e reuniões que, não obstante a data, lamentavelmente, não passam de encontros sociais. Valeu irmã! Até sábado, leitores!</span>
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<br /></span><div style="text-align: right;"><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">Maraci Sant'Ana </span></span>
<br /></div><span style="font-size:85%;">
<br /><span style="font-family:verdana;">
<br /><span style="font-style: italic;font-size:85%;" >O CCZ-DF fica no Setor de Áreas Isoladas Norte (Sain), lote 4. O telefone é 3341-2084. Faça uma visita! Ou, se preferir, entre em contato comigo, por telefone ou por e-mail. Conheço um bocado de entidades protetoras e de pessoas que estão com as casas lotadas de amigos esperando por você. Meu e-mail: maracisantana@yahoo.com.br; meu telefone: (61) 9967.0990. </span></span><span style="font-style: italic;font-size:85%;" >
<br />
<br /><span style="font-family:verdana;">E para aqueles que quiserem conhecer os textos aqui citados, aí vão os links:
<br />- <a href="http://maracisantana.blogspot.com/2007/06/nossos-irmos-nossa-responsabilidade.html">Nossos irmãos, nossa responsabilidade</a>;
<br />- <a href="http://maracisantana.blogspot.com/2007/07/puff.html">Puff</a>
<br /></span></span></span></div>Maraci Sant'Anahttp://www.blogger.com/profile/00192420055603744255noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-32097257.post-1124421465869635782009-12-05T18:29:00.003-03:002011-08-15T11:08:41.089-03:00Lei de destruição<div style="text-align: justify;"><div style="text-align: right; font-style: italic;"><span style="font-size:85%;"><span style="font-size:78%;"><span style="font-family:verdana;">Publicado em 19/9/2009, no site do Correio Braziliense, <a href="http://www.correiobraziliense.com.br/blog/blogdovicente/">Blog do Vicente Nunes, </a>
<br />coluna A Psicologia e o Dinheiro</span></span></span>
<br /></div><span style="font-size:85%;">
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<br /><span style="font-family:verdana;">“O estouro da crise mundial completa um ano nesta terça-feira (dia 15) com a economia global dando os primeiros passos no sentido da recuperação e o Brasil mostrando um fôlego impressionante. Apesar de a percepção entre os brasileiros ainda ser a de que os estragos do fim da bolha imobiliária americana não foram superados por completo, o que é verdade, no exterior, a sensação é de que o país deixou todos os problemas para trás e deve ser visto como modelo. ‘Aos olhos dos investidores estrangeiros, o Brasil saiu mais forte da crise do que entrou’, resume o economista-chefe do Banco ABC Brasil, Luís Otávio de Souza Leal.” Foi assim que Vicente começou o texto Olhar Estrangeiro, postado neste blog na última segunda-feira.</span>
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<br /><span style="font-family:verdana;">É muito bom ler esse tipo de notícia, que diz que o pior já passou. A última crise econômica mundial nos trouxe dificuldades e momentos de grande apreensão. Algumas vezes, pareceu que nossas conquistas estavam indo ralo abaixo. Depois de tantas lutas, quando pensávamos que era só correr para o abraço, ela se apresentou, em toda plenitude, pronta a derrubar todos, os grande e os pequenos; os desenvolvidos, os em desenvolvimento e os que ainda nem sabem para que lado fica o progresso; até os mais ricos. E fomos invadidos pelo sentimento de que alegria de pobre dura pouco, de que não adianta muito esforço, já que a vida sempre muda as perguntas quando a gente acredita ter todas as respostas.</span>
<br />
<br /><span style="font-family:verdana;">Crises têm dessas coisas. Mas, se ampliarmos nossa visão, enxergaremos que já passamos por poucas e boas, sobrevivendo a tudo, saindo, lá do outro lado, intelectual e moralmente fortalecidos, mesmo que esfolados. É assim que a vida funciona. E só demora a com ela ganhar quem opta por não enfrentá-la, quem decide dela se esconder, fazendo-se de desentendido ou morto. Desses, inclusive, o mundo certamente cobra maior taxa de superação. Então, o melhor é respirar fundo e encarar o que vier, apoiado na fé de que não há mal que sempre dure. Era mais ou menos sobre isso que, na quarta-feira, eu conversava, por telefone, com Amluz, leitora desta coluna que ainda não conheço pessoalmente, mas a quem dedico este texto.</span>
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<br /><span style="font-family:verdana;">Falávamos sobre a Lei de Destruição, que alguns Instrutores Espirituais preferem chamar de Lei de Transformação, uma das que formam o conjunto das sábias, eternas e imutáveis normas que regem o Universo. Ela é exatamente aquela que turbina nosso processo evolutivo, forçando-nos a passar pelas mudanças que constituem a estrada do aprimoramento. Sei que é dureza perder o que lutamos tanto para conquistar. Mas é preciso morrer para renascer. Querem ver um exemplo? Uma crise conjugal não costuma ser fácil. Ao contrário, é do tipo que mais dói. E ninguém sai ileso de uma separação, nem mesmo quem desejou e propôs o rompimento. Afinal, as pessoas não se juntam para se separarem, mas para permanecerem unidas.</span>
<br />
<br /><span style="font-family:verdana;">Entretanto, de repente, o que era lindo pode ficar esquisito e até se tornar horroroso, sinalizando que precisa ser reavaliado. E todos sabemos que, dessa análise, pode restar concluído que o melhor é colocar um ponto final no que um dia foi uma história de amor, a realização de um dos nossos mais caros sonhos. Só que, como somos, desde pequenos, treinados para ganhar, manter, acumular a qualquer custo, entramos em pânico e nos agarramos, com unhas e dentes, ao nosso parceiro, mesmo que aquele convívio não faça mais sentido ou tenha se tornado péssimo.</span>
<br />
<br /><span style="font-family:verdana;">Acreditando que nada mais de bom nos espera, sentimos o coração destroçado. A partir daí, podemos agir de forma irracional, fazendo e dizendo coisas que jamais imaginamos fazer ou dizer, das quais terminamos nos arrependendo profundamente. Ou podemos buscar o isolamento, a distância, mesmo daqueles que nos amam, esquecidos de que estamos todos no mesmo barco, que somos todos um. Nessas horas, ficamos irreconhecíveis. Nem de longe parecemos aquele bebezinho frágil, mas corajoso, que, um dia, encarou a perigosa e estressante aventura de nascer, mobilizando e encantando tanta gente grande com sua chegada.</span>
<br />
<br /><span style="font-family:verdana;">Um rompimento não é o fim dos tempos, mesmo que venha a bordo de uma tremenda crise. Ele não quer dizer que o que foi vivido a dois foi em vão, que tudo deu errado, que nada valeu a pena. Ele não é sinônimo de fracasso. Significa apenas que a conjuntura é outra, que o que funcionou por um tempo não funciona mais da mesma forma. Não devemos dar a uma separação mais peso do que ela realmente tem. Ela não deve superar, em importância, os anos felizes que a antecederam. Deve ser vista exatamente como é – o encerramento de mais um capítulo de nossa vida e a oportunidade de recomeço.</span>
<br />
<br /><span style="font-family:verdana;">A crise econômica que sacudiu o mundo recentemente não foi a primeira nem será a última por nós enfrentada. E devemos dar graças a Deus por isso. Outras virão e nos encontrarão mais fortes do que essa nos encontrou. Com o fim de cada uma delas, diremos adeus a mais uma série de acontecimentos dos quais restarão cicatrizes que nos ajudarão a contar nossa história. Porque é para isso que servem as cicatrizes. Só que, nesse ponto, já estaremos totalmente em outra, vivendo um novo ciclo, plantando o que obrigatoriamente colheremos nos seguintes. Valeu, Amluz! Valeu, irmã! Até sábado, leitores!</span>
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<br /></span><div style="text-align: right;"><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">Maraci Sant'Ana</span></span>
<br /></div></div>Maraci Sant'Anahttp://www.blogger.com/profile/00192420055603744255noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-32097257.post-72313489685469170452009-11-21T23:48:00.004-03:002011-08-15T11:09:04.616-03:00Nosso pré-sal<div align="justify">
<br /><div style="text-align: right;"><span style="font-family:verdana;"><span style="font-size:78%;"><em>Publicado em 13/9/2009, no site do Correio Braziliense, <a href="http://www.correiobraziliense.com.br/blog/blogdovicente/">Blog do Vicente Nunes,</a></em></span></span>
<br /><span style="font-family:verdana;"><span style="font-size:78%;"><em>coluna A Psicologia e o Dinheiro</em></span></span>
<br /></div><span style="font-family:verdana;">
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<br /></span><div style="text-align: justify; font-family:verdana;"><span style="font-size:85%;">"Queridas brasileiras e queridos brasileiros" - foi assim que o presidente Lula começou o pronunciamento de 6 de setembro último, para celebrar o que ele chamou de uma nova independência do Brasil. Após uma brevíssima introdução, ele entrou de sola no assunto pré-sal. Falou das gigantescas jazidas de petróleo e gás descobertas nas profundezas do nosso mar, dos projetos de lei enviados ao Congresso Nacional que, segundo ele, vão garantir que a maior parte dessa riqueza fique nas mãos dos brasileiros; impedir que os governantes a gastem de forma irresponsável; e assegurar que ela seja investida em educação, ciência e tecnologia, cultura, defesa do meio-ambiente e combate à pobreza.
<br />
<br />E lá estava eu, na frente da TV, ouvindo tudo aquilo e pensando no retorno financeiro dos 800 quilômetros de petróleo entre Espírito Santo e Santa Catarina, na proposta de um fundo que, conforme dito por Lula, ajudará o país a pagar a imensa dívida social que temos e evitará a entrada desordenada de dinheiro externo, garantindo-nos uma economia saudável. Foi quando me veio à mente um outro discurso, o de um paciente que me contou estar apaixonado por uma mulher que todos dizem não valer nada, que não corresponde aos seus sentimentos, que o faz sofrer com sua indiferença, mas que ele sabe ser, bem lá no fundo, uma pessoa maravilhosa.
<br />
<br />É verdade. As pessoas também escondem tesouros em suas entranhas, debaixo de uma camada de características que podem afastar os outros. Mas sempre há alguém disposto a investir nelas, pronto a atravessar várias sobreposições, a fazer o que fez a Petrobras, que explorou até encontrar algo extraordinário que causou admiração no resto do mundo e deixou os brasileiros orgulhosos de nossa capacidade de enxergar além, de nossa persistência e disposição para o trabalho firme. Só que, entre a Petrobras e esses desbravadores de almas, há enormes diferenças.
<br />
<br />A camada pré-sal não foi encontrada por acaso, de graça ou facilmente. Quando iniciou o projeto, a Petrobras já era uma instituição sólida, com mais de 50 anos de existência, presente em quase 30 países, uma das maiores do mundo, responsável por levar o Brasil à autosuficiência em petróleo, que, nem por um momento, deixou de lado o que a sustenta, o que a mantém de pé. Além disso, nela foram feitos investimentos que lhe deram mais condições de aumentar a produção, adquirir plataformas e sondas, modernizar e ampliar refinarias, contratar e treinar pessoal, conquistar o que conquistou.
<br />
<br />A exploração cujo resultado está na boca do mundo não foi um tiro no escuro, não foi o primeiro passo dado pela Petrobras. Ela é parte de um planejamento estratégico, diferentemente do que acontece nesses relacionamentos amorosos em que um se aprofunda no outro tentando descobrir algo que pode estar muito além de 7.000 metros abaixo. Uma aventura louca assim costuma terminar em tristeza, sentimento de fracasso, remorso, esgotamento físico, mental e emocional, e, não raramente, de reservas financeiras. Não estou negando que haja bondade em todos. Eu acredito no ser humano, sem exceção, inclusive naqueles dos quais devemos manter distância, evitando qualquer relacionamento que ultrapasse uma piedosa oração.
<br />
<br />No limite das nossas forças, devemos ajudar todos os que estiverem dispostos a entrar em contato com seus tesouros. Porém, não nos cabe fazer o trabalho por quem ainda não compreendeu que precisa se movimentar nesse sentido. O petróleo está lá, inerte, abaixo da camada de sal, aguardando quem queira e possa extraí-lo. Mas, quando se trata de pessoas, só elas são capazes de trazer à tona o seu petróleo. E, se elas não estiverem dispostas a tentar, o melhor a fazer é deixar que o tempo, senhor de grande poder, do qual ninguém escapa, encarregue-se de colocar tudo nos seus devidos lugares.
<br />
<br />É natural que pessoas cuja riqueza interior ainda está inacessível nos tragam preocupação, mas elas não merecem mais cuidado do que aquelas que, movidas pela necessidade de preencher um enorme vazio interior, que dói profundamente, pelo desespero de encontrar alguém que as ame, lançam-se em uma perigosa viagem que pode até lhes custar a vida. Porque não é o amor que movimenta esses exploradores, mas a dor. Ninguém que não se ame é realmente capaz de amar outra pessoa. Ninguém dá o que não tem.
<br />
<br />Antes de empenharmos nossa vida na busca de tesouros alheios, devemos procurar conhecer os nossos. E não estou me referindo apenas às nossas forças, mas também à riqueza das nossas fraquezas, das nossas dores, dos traumas não superados, do que ainda não restou entendido. Não devemos nos lançar, unicamente por nossa conta e risco, em projetos de salvamento, se ainda não fomos salvos. Em alguns casos, o melhor a fazer é manter distância e confiar que a Providência Divina se encarregará de ajudar aquela criatura a trazer à tona sua essência.
<br />
<br />Há quem diga que, quando o Brasil conseguir produzir em escala comercial o que há no pré-sal, pode ser que tudo aquilo nem tenha a relevância que tem agora. Todos sabemos que há muitas frentes de pesquisa em busca de fontes renováveis de energia limpa. Obviamente não pode passar na cabeça de qualquer governante que, diante desse cenário alternativo, devemos desprezar o potencial do pré-sal. No entanto, não dá para apostar todas as fichas nisso e esquecer o biodiesel, a energia eólica e a que vem do lixo. A fila das fontes de energia também precisa andar, tal qual acontece nos relacionamentos. Devemos sempre procurar a melhor relação custo x benefício.
<br />
<br />Lula falou que o Brasil não tem medo de crescer e que não vai ficar preso a dogmas, a modelos fechados, que a independência não é um quadro na parede, um grito congelado na história, mas uma construção do dia a dia, a reinvenção permanente de uma nação, a caminhada segura e soberana para o futuro. Mensagem bonita e forte que fala de uma postura que exige preparo. É preciso muito mais do que paixão para encontrar tesouros. Valeu, irmã! Até sábado, leitores!</span></div></div><p style="text-align: right;"><span style="font-family: verdana;font-family:verdana;font-size:85%;" >Maraci Sant'Ana</span>
<br /></p>Maraci Sant'Anahttp://www.blogger.com/profile/00192420055603744255noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-32097257.post-87679627554693035312009-11-07T12:24:00.003-03:002011-08-15T11:11:23.399-03:00Dangerous<span style="font-size:78%;">
<br /></span><div style="text-align: right;"><span style="font-size:78%;"><span style=" font-style: italic;font-family:verdana;" >Publicado em 5/9/2009, no site do Correio Braziliense, <a href="http://www.correiobraziliense.com.br/blog/blogdovicente/">Blog do Vicente Nunes</a>,
<br />coluna A Psicologia e o Dinheiro</span></span>
<br /><span style="font-size:85%;">
<br /></span></div><div style="text-align: justify;">
<br /><span style="font-family:verdana;font-size:85%;">Cena 1: um homem chega do trabalho; o filho pequeno corre em sua direção; o homem diz que está exausto, serve-se de uma dose de whisky e se atira, com um suspiro, no sofá; cena 2: uma adolescente sai com a mãe para fazer compras; a mãe experimenta vários jeans; sentindo-se infeliz e se dizendo enorme de gorda, a mãe corre para casa, toma um diurético e um laxante, e começa uma dieta absurda que inclui um coquetel de anfetaminas; cena 3: churrasco em família; com o netinho de um ano no colo, o vovô toma uma cervejinha; achando-se responsável por apresentar à criança “as coisas boas da vida”, ele lhe dá um pouco da bebida; o nenê faz cara de quem não gostou; mas não lhe faltarão oportunidades para se acostumar, já que o próprio pai está louco para que ele se torne um “homem de verdade”; cena 4: um homem chega tarde em casa; ele e a esposa batem boca na frente das crianças; em prantos, ela corre para o quarto, toma alguns comprimidos e dorme como uma pedra. Calma, leitores, não estou virando roteirista. Não são cenas de filme, mas da vida real. Vou explicar melhor.</span>
<br />
<br /><span style="font-family:verdana;font-size:85%;">Em 1991, Michael Jackson lançou o álbum Dangerous, considerado o segundo melhor desempenho de vendas da carreira do cantor, o mais vendido, por um artista masculino, na década. Segundo a Wikipédia, foi a primeira coleção de músicas inéditas lançada pelo astro nos anos 90 e o primeio produto distribuído como parte do contrato recorde de 890 milhões de dólares firmado entre ele e a Sony. A turnê de mesmo nome consagrou Michael como ícone; os clips ficaram entre os mais caros e inovadores da época; Black or White provavelmente perdura como o mais visto e lembrado. É inegável que o Rei do Pop tinha o dom de transformar tudo em ouro, em cifras milionárias.</span>
<br />
<br /><span style="font-family:verdana;font-size:85%;">O carro-chefe do álbum era exatamente a música Dangerous. Ela fala de uma garota perigosa pelo jeito como mexe nos cabelos, por seu rosto e suas curvas, pelo toque e boca suaves; uma deusa em movimento, a inspirar paixão e luxúria; uma mulher persuasiva em quem não se pode confiar, que faz os outros se sentirem na corda bamba, que leva seu dinheiro, joga fora seu tempo, prende em uma armadilha de pecado, faz viver em vão, desperta um desejo irracional; alguém cujo espírito e palavras podem cegar, que faz com que sintamos necessidade de rezar, implorar a ajuda de Deus.</span>
<br />
<br /><span style="font-family:verdana;font-size:85%;">O que o Rei do Pop cantou em Dangerous também serviria para descrever qualquer droga, inclusive as que o viciaram e tiraram de cena prematuramente. A morte do astro chocou o mundo. É inacreditável que alguém como ele tenha se deixado assassinar daquele jeito, por substâncias que o destruíram lenta, mas precisamente. É inacreditável que drogas lícitas, prescritas e administradas por um médico, o tenham arrastado para um fim tão triste. Costumamos pensar em situações parecidas envolvendo drogas ilícitas, usadas loucamente. Mas não foi esse o caso. O que Michael ingeriu naquela noite fazia parte de sua vida, de sua rotina.</span>
<br />
<br /><span style="font-family:verdana;font-size:85%;">Será que isso só acontece com celebridades, gente famosa e cheia de manias? Infelizmente não, como mostram as cenas descritas no primeiro parágrafo deste texto. As perigosas estão por toda parte. Quem não tem em casa uma garrafa de whisky ou umas latinhas de cerveja? Quem nunca acendeu um cigarrinho para acalmar ou clarear o raciocínio? Quem nunca deu, como diz a mãe de uma amiga minha, uma mordidinha em um Lexotan? Quem nunca recorreu a um daqueles médicos horrorosos que receitam bombas para diminuir o apetite? O uso dessas substâncias é tão corriqueiro que elas são vistas como inocentes, como bengalas de que lançamos mão e que podemos dispensar, sem dificuldade, a qualquer momento. Mas elas nada têm de singelas.</span>
<br />
<br /><span style="font-family:verdana;font-size:85%;">Quando pensamos em drogas, vêm à nossa mente a maconha, a cocaína, o crack. Tendemos a esquecer o álcool e o tabaco, assim como os ansiolíticos, os estimulantes, os indutores do sono, os analgésicos, que podem ser encontrados em todas as casas, que não demandam traficantes e esquinas suspeitas, que passam quase despercebidos e terminam sendo usados de qualquer jeito, abertamente, até na frente das crianças. E o resultado é que essas criaturinhas, que, de nós, só deveriam receber os melhores exemplos, crescem acreditando que não é possível uma confraternização sem álcool; que fumar faz um homem mais másculo ou uma mulher mais sexy; que não há nada errado em se tomar um sonífero à noite e um estimulante pela manhã; que, para as dores, há os analgésicos, inclusive as da alma.</span>
<br />
<br /><span style="font-family:verdana;font-size:85%;">O uso de substâncias psicoativas ocorre praticamente desde que o mundo é mundo. E as pessoas as utilizam por razões culturais ou religiosas, por recreação ou como meio de socialização. Muitos apenas as experimentam, mas logo as abandonam; há os que as usam por diversão, em encontros sociais; outros as consomem regularmente, até pra relaxar, mas acreditam que as mantêm sob controle; e há os que já estão claramente dependentes, embora não se vejam dessa forma. Em pouco tempo, uma vida pode se transformar. Começam os fracassos no cumprimento de obrigações; as exposições perigosas; os problemas sociais, interpessoais e legais. Ficam evidentes os danos psicológicos e os físicos. A morte é apenas o último de vários tristes capítulos.</span>
<br />
<br /><span style="font-family:verdana;font-size:85%;">Foi o que aconteceu a Michael. Dessa forma, chegou ao fim uma desastrosa parceria. O médico que aplicou a overdose de medicamentos que matou o Rei do Pop responderá por homicídio e pode ser preso a qualquer momento. E o astro foi, finalmente, enterrado no cemitério Forrest Lawn, na quinta-feira, 70 dias após sua morte, vestido como para um espetáculo, o último por ele protagonizado. O infeliz cardiologista logo será esquecido. Mas, durante muitas décadas, ainda falaremos em Michael Jackson, em seu extraordinário talento, em seu toque de Midas.</span>
<br />
<br /><span style="font-family:verdana;font-size:85%;">Este texto encerra a série sobre o Rei do Pop iniciada nesta coluna, em 27 de junho, com See you later, Michael. Foram discutidos os excessos cometidos por pais que querem se realizar por intermédio dos filhos; a violência doméstica contra crianças; o exercício da Medicina como um comércio; dismorfofobia; abuso sexual; barriga de aluguel e dependência de drogas lícitas. Espero que vocês tenham gostado do que aqui foi debatido, assim como faço votos de que as circunstâncias dessa morte continuem servindo como alerta para todos nós. Que Michael Jackson encontre a paz! Valeu, irmã! Até sábado, leitores!</span>
<br />
<br /><div style="text-align: right;"><span style="font-family:verdana;font-size:85%;">Maraci Sant'Ana</span>
<br /></div></div>Maraci Sant'Anahttp://www.blogger.com/profile/00192420055603744255noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-32097257.post-7110824406744992062009-10-03T22:18:00.003-03:002011-08-15T11:11:51.341-03:00You are my sunshine III<div style="text-align: right;"><span style="font-size:85%;"><span style="font-size:78%;"><span style=" font-style: italic;font-family:verdana;" >Publicado em 29/8/2009, no site do Correio Braziliense, <a href="http://www.correiobraziliense.com.br/blog/blogdovicente/">Blog do Vicente Nunes,</a></span></span></span>
<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-size:78%;"><span style=" font-style: italic;font-family:verdana;" >coluna A Psicologia e o Dinheiro</span></span></span>
<br /></div><span style="font-size:85%;">
<br />
<br /></span><div style="text-align: justify;"><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">“Tendo Jesus entrado na casa, a multidão novamente se aglomerara. A essa notícia, seus parentes vieram para detê-lo, pois diziam: ‘Ele perdeu o juízo’. Dizem-lhe: ‘Eis que tua mãe e teus irmãos estão lá fora. Eles o procuram’. Ele lhes reponde: ‘Quem são minha mãe e meus irmãos?’. E, percorrendo com o olhar os que estavam sentados à sua volta, diz: ‘Eis minha mãe e meus irmãos. Todo aquele que faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã, minha mãe’”. Essa passagem do Evangelho costuma causar estranheza. Teria o Cristo sido capaz de destratar seus parentes, inclusive Maria? A Doutrina Espírita traz uma reflexão a respeito, a de que o Mestre nos ensinava a importância das afinidades na constituição de uma família. Não devemos ser indiferentes aos laços de sangue, mas entender que eles não são os mais importantes.</span></span>
<br />
<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">Este é o terceiro e último capítulo da minissérie sobre barriga de aluguel. Logicamente o assunto não se esgotou. Mas creio que as questões levantadas ajudaram pessoas a se posicionarem ou, pelo menos, mostraram que muito ainda precisamos pensar a respeito. O texto anterior trouxe a pergunta “O que é ser mãe?”. Foram postados alguns comentários, mas destaco aqui o do leitor José Stélio: “Devemos refletir que somos todos mães, pais, filhos e filhas um pouco uns dos outros. Esses papéis se confundem. Muitas vezes é minha filha que, com sua sabedoria infantil, me consola e educa como se ela fosse o pai; outras vezes, um abraço de um amigo ou amiga me faz recordar do carinho de minha mãe já desencarnada. A questão maior é que devemos amar a todos sem distinção, nos libertando das amarras da consanguinidade, e enxergar toda a humanidade como irmãos”.</span></span>
<br />
<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">Quando minha irmã nasceu, eu tinha só sete anos, mas me sentia meio mãe dela, responsável por sua segurança e bem-estar. Ao entrar na adolescência, eu a deixei um pouco de lado e busquei a irmandade em garotas e garotos da minha idade. Isso se manteve durante a adolescência dela, mesmo porque eu já era adulta e havia adotado outros irmãos. Depois que ela amadureceu, veio a reaproximação, resultado de interesses e preocupações em comum. Além dos laços de sangue, novos laços se estabeleceram entre nós. É possível que, quando eu estiver velhinha, ela venha também a se sentir meio minha mãe, responsável por minha segurança e bem-estar.</span></span>
<br />
<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">No começo do ano, meu filho passou no vestibular da UnB. Corri a telefonar para algumas pessoas ligadas à minha história de maternidade: o pai do meu filho; um ex-marido que meu filho considera um segundo pai; os meus pais, que me ajudaram a criá-lo, quebrando incontáveis galhos; minha irmã, que é madrinha dele, quem escolhi para me substituir quando eu neste mundo não mais estiver; minha tia, que fez o parto, ajudando a criaturinha a vir ao mundo; o pediatra que o acompanhou desde o quarto dia da nova vida; a babá que cuidou dele até os três anos e também o chama de filho; e Tina, que trabalha em nossa casa desde que ele tinha sete anos e muitas vezes lhe pôs o uniforme e levou ao colégio. Posso dizer que meu baby contou vários pais e mães. Se ele tivesse nascido de uma mãe de aluguel, eu certamente teria telefonado para ela, pra contar a grande novidade.</span></span>
<br />
<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">Nesta semana, a revista Nature, em sua edição on-line, publicou estudo de pesquisadores americanos que desenvolveram, usando macacos rhesus, uma técnica para prevenir distúrbios hereditários passados de mãe para filho por meio do DNA mitocondrial. Foram utilizadas duas fêmeas; cada uma cedeu um óvulo; esses óvulos foram manipulados e se transformaram em um só, livre de problemas, que foi fertilizado com sucesso. Os macaquinhos nascidos têm, cada um, duas mães biológicas. E, em breve, humanos também poderão ser beneficiados. Muito louco, não? E a gente aqui, ainda patinando, tentando definir mãe e pai.</span></span>
<br />
<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">Vamos pegar outro exemplo. A mídia tem explorado a história do comediante Carlinhos, muito conhecido pelo personagem Mendigo. Participante de um reality show, ele teve sua vida dissecada. Levaram para a telinha o pai e a mãe do artista, com quem ele não se encontrava havia cerca de 24 anos. Vítima de violência doméstica, Carlinhos fugiu de casa aos quatro anos. Esteve em um educandário, em cinco unidades da Febem e nas ruas. Passou fome e frio, mas, ainda assim, preferiu tudo isso a voltar para casa. Diz ter perdoado os pais, mas já deixou claro que sua família é formada pelos amigos verdadeiros que fez.</span></span>
<br />
<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">Essas situações nos fazem refletir, assim como o comentário de José Stélio. Já imaginou o quanto ele perderia, o quanto sua vida se empobreceria se ele não se permitisse essa abertura, se não fosse capaz de aceitar o consolo da filha, por achar que esse papel não lhe cabe, ou se rejeitasse o carinho de um amigo por lhe faltarem os laços de sangue? Fechar questões não costuma trazer bons resultados. Talvez por isso tendemos ao fracasso sempre que tentamos definir o que é ser mãe ou o que é ser pai. Talvez isso nem possa ser definido, por extrapolar consanguinidade, aspectos financeiros, o tempo e o espaço. Talvez por isso seja tão difícil, em uma disputa judicial que envolva barriga de aluguel, arbitrar quem deverá ficar com a criança. Talvez a chave esteja na capacidade de ampliar o horizonte, de ver além.</span></span>
<br />
<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">Em geral, acontece assim: um homem e uma mulher se unem e geram um novo ser, que deverá ser criado pelos dois, debaixo do mesmo teto; uma relação de parceria, em que eles se organizarão sob vários aspectos, inclusive financeiro, para esse fim. Se, por exemplo, eles decidirem se separar, será necessário rever o acordo, para se estabelecer a quem caberá a guarda do filho e como se darão as visitas e o sustento da criança; se eles não conseguirem se entender, deverão recorrer à Justiça, que definirá as novas regras.</span></span>
<br />
<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">Mas pode acontecer assim: um homem e duas mulheres se unem e geram um novo ser, que deverá ser criado pelo homem e uma das mulheres; uma relação de parceria a três, em que eles se organizarão sob vários aspectos, inclusive financeiro, para esse fim, o que pode incluir, sem o menor problema, pagamento àquela que carregará a criança no ventre. Se, por exemplo, a hospedeira se recusar a entregar o bebê, será necessário rever o acordo, para se estabelecer a quem caberá a guarda do filho e como se darão as visitas e o sustento da criança; se eles não conseguirem se entender, deverão recorrer à Justiça, que definirá as novas regras, inclusive se é cabível a devolução de todo ou de parte do dinheiro, em caso de barriga de aluguel.</span></span>
<br />
<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">Não acho que uma mulher que carregou uma criança no ventre possa ser descartada por ter alugado o útero, da mesma forma que não acho que uma mulher que desejou uma criança e se movimentou para que ela nascesse possa ser colocada à parte, mesmo que não tenha cedido o óvulo para a geração. Vejo aí duas irmãs se revezando no papel de mãe de um terceiro irmão. Assim, vejo com bons olhos a guarda compartilhada, por exemplo, e acredito que o nome das duas deva constar do registro de nascimento, para que nunca haja dúvida ou mistério sobre a origem da criança. As pessoas precisam aprender que toda parceria tem ônus e bônus. É preciso pensar bem antes de se estabelecer uma, qualquer que seja ela. Não é apenas uma questão de pagou, levou.</span></span>
<br />
<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">A ideia lhe parece absurda? Talvez ela seja tão disparatada quanto teria sido, no século XIX, por exemplo, a de uma família em que o casal optasse por não ter filhos; ou a de mães ou pais divorciados criando sozinhos os filhos; ou a de famílias que incluíssem crianças de relacionamentos anteriores. Entretanto, não é isso o que vemos hoje? E a maioria de nós não encara com naturalidade esses novos formatos? Estamos caminhando para o dia em que todos nos veremos como irmãos, em que viveremos como um só.</span></span>
<br />
<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">Lembram do primeiro texto da minissérie? Eu contei sobre um vídeo caseiro em que os dois filhos mais velhos do Michael Jackson, cantavam para ele uma adaptação de You are my sunshine, substituindo sunshine por dad. Papai em lugar de luz do sol! Já imaginou se fizéssemos o mesmo com brothers and sisters? A tradução ficaria mais ou menos assim: “Você é meu irmão. Você me faz feliz quando o céu está cinza. Você nunca saberá o quanto eu o amo”. Não sei dizer se o astro é o pai biológico daqueles que ele chamava de filhos. Mas, sem dúvida nenhuma, ele é um irmão. Para mim, isso basta. Valeu, José Stélio! Valeu, irmã! Até sábado, leitores!</span></span>
<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;"></span></span>
<br /><div style="text-align: right;"><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">Maraci Sant'Ana</span></span>
<br /></div><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;"></span></span></div>Maraci Sant'Anahttp://www.blogger.com/profile/00192420055603744255noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-32097257.post-16934627810002050722009-09-19T14:16:00.002-03:002011-08-15T11:12:11.138-03:00You are my sunshine II<div style="text-align: right; font-style: italic;font-family:verdana;"><span style="font-size:78%;">Publicado em 15/8/2009, no site do Correio Braziliense,<a href="http://www.correiobraziliense.com.br/blog/blogdovicente/"> Blog do Vicente Nunes,</a>
<br />coluna A Psicologia e o Dinheiro
<br /></span></div>
<br /><span style="font-family:verdana;font-size:85%;">
<br /></span><div style="text-align: justify;"><span style="font-family:verdana;font-size:85%;">Na semana passada, iniciamos uma discussão a respeito de barriga de aluguel. Como tem acontecido na série sobre Michael Jackson, um assunto que parecia restrito à vida das celebridades mostrou-se parte do nosso cotidiano. Foram levantadas situações e os leitores, convidados a ser coautores. Assim, Selma nos conclamou a levar adiante o debate; Emy trouxe questionamentos sobre a relação entre o feto e a mulher que o carregou no ventre; Ana Carolina, sobre a melhor forma de se educar uma criança, independentemente de como ela tenha sido gerada; Gloria, sobre serem consideradas questões financeiras, legais, contratuais, culturais e sociais, e a necessidade de se garantir o equilíbrio do novo ser; e José Stélio registrou dois comentários, um sobre os desafios da adoção e outro em que sugeriu que fosse discutido o que é ser mãe. E acho que podemos começar nossa conversa de hoje exatamente por aí.</span>
<br />
<br /><span style="font-family:verdana;font-size:85%;">O que é ser mãe? Em uma situação de barriga de aluguel, podemos ter uma mulher que recebeu dinheiro para carregar no ventre e parir uma criança gerada a partir do óvulo de outra. Ou podemos ter uma mulher que foi paga para gerar e parir uma criança que será entregue a outra. No primeiro caso, quem é a mãe? E no segundo? Para muitas pessoas, o vínculo genético é decisivo - a mãe é a que entrou com o óvulo. Não deixa de ser um prisma interessante, mas será que podemos resumir o ser mãe dessa forma? Como ficariam, então, as mulheres que geram, parem e matam seus filhos, ou os condenam à orfandade em uma vida sem amor? Poderiam essas serem chamadas de mãe? E como ficariam as adotivas, as que recebem com amor crianças que foram geradas por outras? Essas não seriam mãe? O que elas seriam, então?</span>
<br />
<br /><span style="font-family:verdana;font-size:85%;">Para outras pessoas, decisiva é a vontade - a mãe é aquela que desejou a criança. Outro ponto de vista a considerar. Mas, como fica a mulher que forneceu a carga genética e a barriga para que alguém viesse ao mundo, mesmo que para ser criado por outra? Será que a participação dela foi assim irrelevante? Já imaginou como seria se a mulher que sonhou com a criança não tivesse encontrado essa outra mulher, em condições de realizar esse sonho, inclusive correndo riscos, até de morte? Como aquele novo ser viria ao mundo? Parece que um nascimento envolve muito mais do que a vontade de ser mãe, não é mesmo?</span>
<br />
<br /><span style="font-family:verdana;font-size:85%;">Também há os que pensam que uma mulher perde qualquer direito à maternidade se recebeu dinheiro para dar à luz uma criança, mesmo que também tenha fornecido o óvulo para fecundação. Será que, dessa forma, podemos resumir o que é ser mãe? Será que tudo se reduz a uma questão financeira? Será que qualquer mulher aceitaria dar à luz uma criança para ser criada por outra? Ou será que algumas não fariam isso nem por todo dinheiro do mundo? Será que uma mulher que aceita esse encargo não é alguém que precisa muito de dinheiro? Isso faz dela uma pessoa menor? Será que todas as que pagam para outra parir seus filhos o fazem por uma impossibilidade de elas mesmas carregarem suas crianças no ventre? Ou algumas apenas não querem passar pelos incômodos de uma gestação? Parece que um nascimento também envolve muito mais do que dinheiro.</span>
<br />
<br /><span style="font-family:verdana;font-size:85%;">Agora, vamos colocar mais lenha nessa fogueira. Há casos de mulheres que pariram, mas se recusaram a amamentar a criança, com medo de estabelecer um vínculo afetivo. Algumas tinham fornecido o óvulo e também alugado o ventre; outras tinham sido apenas hospedeiras. Nesses casos, podemos nos arriscar a dizer que, em qualquer das duas situações, o que pesou para essas mulheres não foram nem os laços genéticos nem o carregar por nove meses, apenas. Talvez, para elas, a relação só se estabeleça no segurar a criança ao colo, no aconchegá-la, no amamentá-la, um momento de rara intimidade. Minha mãe e minha irmã amamentaram os próprios filhos e filhos de outras pessoas. Será que elas também podem ser consideradas mães dessas crianças? O que significa ser mãe de leite? Ou o peso está na combinação dar o útero e dar o peito?</span>
<br />
<br /><span style="font-family:verdana;font-size:85%;">Por outro lado, há quem diga que mãe é a que cria, que dá de mamar, que acalenta, que acompanha nas cólicas, na doença, no nascimento dos dentinhos, nos primeiros passos, nos trabalhos escolares. Nesse caso, como ficam as babás? Muitas mulheres geraram e pariram seus filhos, mas eles são criados por profissionais que ganham para dar mamadeiras, papinhas e banhos; trocar fraldas; contar histórias e brincar; consolar na dor e nos pesadelos. Algumas chegam a ser babás também dos filhos dessas crianças. Será que essa profissional, só por estar sendo paga, é menos mãe do que a mulher que pariu a criança? Será que ela é menos mãe do que alguém que cedeu em aluguel a barriga? Nós não vemos dificuldade em pagar uma profissional para cuidar, com essa intimidade, de nossas crianças. Por que tanto problema em alguém receber dinheiro para hospedar, no ventre, o filho desejado por outra?</span>
<br />
<br /><span style="font-family:verdana;font-size:85%;">Lembram da história em que o Rei Salomão decide uma questão de maternidade? Duas mulheres tiveram filhos juntas; um dos filhos morreu e a mãe dele, inconformada, disputava o sobrevivente com a outra, dizendo-se a verdadeira. Foram até o palácio do Rei Salomão e contaram-lhe a história. Ele mandou chamar um dos guardas e lhe ordenou: "Corte o bebê ao meio e dê um pedaço para cada uma". Falado isso, uma das mães começou a chorar e disse: "Não, eu prefiro ver meu filho nos braços de outra do que morto nos meus", enquanto a outra disse: "Para mim, é justo". Salomão, reconhecendo a mãe na primeira mulher, mandou que lhe entregassem o filho e que levassem a falsa mãe para a prisão perpétua.</span>
<br />
<br /><span style="font-family:verdana;font-size:85%;">O rei poderia ter a certeza da ascendência daquela criança? Certeza mesmo, não. Vamos imaginar que um exame de DNA demonstrasse que a mãe biológica era a que achou justo que se cortasse o bebê. Dá para imaginar Salomão, conhecido por sua sabedoria, entregando a criança a ela? Acho que ele passaria por cima do resultado e daria o bebê à falsa. Nesse caso, o teste era absolutamente desnecessário. Ele partiu da ideia de que a verdadeira era aquela que se dispunha a abrir mão da criança, passando por cima do próprio sofrimento para que ela vivesse, mesmo com outra. E pra você? O que é ser mãe?</span>
<br />
<br /><span style="font-family:verdana;font-size:85%;">Nossa discussão está no começo. Quero muito saber o que você pensa sobre barriga de aluguel. Comente este texto. Divulgue-o. Convoque seus amigos a participar também. O que aqui for dito poderá embasar a decisão daquelas criaturas de Deus que nos representam no Legislativo. Lembre que há vários projetos de lei, para disciplinar a matéria, em tramitação. Então, participe! No sábado, estaremos juntos novamente.
<br />
<br /></span><div style="text-align: right;"><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">Maraci Sant'Ana</span></span>
<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;"></span></span></div></div>Maraci Sant'Anahttp://www.blogger.com/profile/00192420055603744255noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-32097257.post-37925203286468119712009-09-06T16:44:00.002-03:002011-08-15T11:12:32.512-03:00You are my sunshine<div style="text-align: justify;"><div style="text-align: right; font-style: italic;"><span style="font-size:78%;"><span style="font-family:verdana;">Publicado em 8/8/2009, no site do Correio Braziliense, <a href="http://www.correiobraziliense.com.br/blog/blogdovicente/">Blog do Vicente Nunes</a>,</span></span>
<br /><span style="font-size:78%;"><span style="font-family:verdana;">coluna A Psicologia e o Dinheiro</span></span>
<br /></div>
<br />
<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">Não param as notícias sobre Michael Jackson. Por esses dias, assisti a um vídeo caseiro em que os dois filhos mais velhos do cantor, na época com uns três, quatros anos, cantavam para ele uma adaptação de You are my sunshine, substituindo sunshine por dad. Papai em lugar de luz do sol! Uma singela declaração de amor em que Paris e Prince Michael agradecem pelo bolo e pelo sorvete que a pequena família, pai e três filhos, compartilhou naquela noite. Caberia em qualquer comemoração pelo Dia dos Pais. Cenas bonitas, comoventes, não só pela delicadeza das crianças, mas porque o pai está morto e, não obstante a fortuna por ele deixada, os filhos estão órfãos.</span></span>
<br />
<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">É natural que as pessoas tenham reservas quando se fala no relacionamento do astro com os filhos, não apenas pelas denúncias de pedofilia envolvendo outras crianças, de que ele foi alvo, mas porque nenhum dos três parece descendente dele. Além disso, dizem que as crianças foram criadas com a ideia de que não tinham mãe, só pai. É um rolo sem tamanho. O próprio Michael admitiu ter recorrido a uma barriga de aluguel para ter o caçula, Prince Michael II. Segundo o ídolo, ele e a mãe do garotinho não se conheceram. Ela teria cedido o óvulo e a barriga; ele, o espermatozóide. Achou estranho? Quando ele declarou que planejava adotar duas crianças, um menino e uma menina, de cada continente, muita gente ficou encantada com a iniciativa. Mas, quando falou em barriga de aluguel, a coisa mudou de figura.</span></span>
<br />
<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">Michael Jackson não foi a única celebridade a recorrer a barriga de aluguel. Sarah Jessica Parker, conhecida atriz do seriado Sex and the City, e seu marido, o ator Matthew Broderick, também fizeram o mesmo, depois de muita frustração para aumentar a prole, que contava apenas um garotinho de seis anos. Isso só para citar um exemplo. Não dá nem pra saber ao certo quantos famosos e não famosos lançaram mão desse artifício. Na maior parte dos Estados Unidos, como acontece em vários outros países, a barriga de aluguel não é admitida. Mas, na Califória e na Flórida, ela é legalizada, assim como na Índia. As pessoas estão divididas nessa questão.</span></span>
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<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">A internet está cheia de anúncios de mulheres que se oferecem para esse fim. Muitas precisam de dinheiro para o básico, como estudar, comprar uma casa, criar com um mínimo de conforto os próprios filhos. Conforme publicado por UOL Notícias no último dia 12, ceder em aluguel uma barriga, no Brasil, não é tipificado como crime. Entretanto, segundo o médico Pablo Chacel, que é corregedor do Conselho Federal de Medicina, existe uma legislação que impede clínicas de fertilização de implantar embriões em barrigas de aluguel. Aceita-se, sim, a chamada mãe substituta, uma mulher que tenha laços próximos de parentesco com a que não pode ser mãe “pelas vias normais”, que topa emprestar o útero. Não há dinheiro envolvido.</span></span>
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<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">Há casos de avós que carregaram netos no ventre, de tias que deram à luz sobrinhos, incríveis provas de amor. Mas a verdade é que a barriga de aluguel transformou-se em um negócio rentável. Segundo a mídia, alguns centros de medicina reprodutiva, por exemplo, apesar da legislação proibir, dispõem de cadastro de mulheres que querem alugar o útero. Os valores variam de 40 a 100 mil reais. É uma forma de se ganhar, de uma só vez, uma grana que se levaria muito tempo para juntar. Só que questões delicadíssimas estão envolvidas nessas transações. Situações diferentes podem ocorrer.</span></span>
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<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">Vamos imaginar a primeira: um homem e uma mulher cedem óvulo e espermatozóide para que uma criança seja gerada; após a fecundação in vitro, o embrião é transferido e se desenvolve no útero de outra mulher; ele tem a herança genética dos pais biológicos; a gestante é apenas uma hospedeira; após o nascimento, o bebê é entregue aos pais biológicos; a ex-gestante recebe o pagamento pela hospedagem. Agora, vamos imaginar a segunda: um homem cede espermatozóide para que, por meio de inseminação artificial, uma criança seja gerada por uma mulher com quem ele pode nem ter vínculo; o embrião tem a herança genética do pai e dessa mulher; após o nascimento, o bebê é entregue ao pai, que o criará junto com outra mulher; a ex-gestante recebe o pagamento pelo óvulo e pela hospedagem.</span></span>
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<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">Tanto na primeira quanto na segunda situação, tudo saiu conforme combinado. Quem desejou um bebê o recebeu, assim como quem queria dinheiro foi pago. Daí pra frente, os questionamentos se voltarão para como educar uma criança nascida desse jeito. No primeiro caso, ela poderá entender o quanto foi sonhada pelos pais biológicos, que não mediram esforços para trazê-la ao mundo, e que seu nascimento até ajudou financeiramente alguém. Mas, e se ela quiser conhecer a mulher que a carregou no ventre? E, no segundo caso, como se sentirá uma criança sabendo que tem a herança genética de uma mulher que não é aquela que ela chama de mãe? E se ela desejar conhecer a mãe biológica?</span></span>
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<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">E se a mulher que parir, independentemente de ser ou não a mãe biológica, se recusar a entregar o bebê? Quem é a verdadeira mãe - a que forneceu o óvulo ou a que carregou no ventre? Aquela que desejou a criança e pagou por ela, mesmo sem vínculo genético, ou a que não a desejou, topou receber dinheiro para trazê-la ao mundo, cedeu o óvulo e depois voltou atrás? Como fica uma criança que já nasce em meio a um litígio dessa natureza? Duas mulheres brigam por ela – quem ela deverá chamar de mãe?</span></span>
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<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">Há quem considere isso tudo muito normal, da mesma forma que há quem veja a prática como o fim dos tempos. Além disso, não ser considerado crime, por não estar previsto no Código Penal Brasileiro, não quer dizer que seja ético ou moral. No Congresso Nacional, há dezenas de projetos de lei em tramitação para disciplinar a matéria. A discussão é complexa, passando, inclusive, pela redefinição jurídica do que é ser mãe.</span></span>
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<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">Nossa discussão está apenas começando. Quero muito saber o que você pensa sobre barriga de aluguel. Comente este texto. Divulgue-o. Convoque seus amigos a participar também. O que aqui for dito poderá embasar a decisão daquelas criaturas de Deus que nos representam no Legislativo. Então, participe! Feliz Dia dos Pais a todos e até sábado!</span></span>
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<br /><div style="text-align: right;"><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">Maraci Sant'Ana</span></span></div></div>Maraci Sant'Anahttp://www.blogger.com/profile/00192420055603744255noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-32097257.post-34353525769554394102009-08-22T18:59:00.003-03:002011-08-15T11:13:27.771-03:00Be a lion<div style="text-align: justify;">
<br /><div style="text-align: right; font-style: italic;"><span style="font-size:78%;"><span style="font-family:verdana;">Publicado em 18/7/2009, no site do Correio Braziliense, <a href="http://www.correiobraziliense.com.br/blog/blogdovicente/">Blog do Vicente Nunes,</a></span></span>
<br /><span style="font-size:78%;"><span style="font-family:verdana;">coluna A Psicologia e o Dinheiro</span></span>
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<br /></div><span style="font-size:85%;">
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<br /><span style="font-family:verdana;">Desde 27 de junho, venho usando a história de Michael Jackson para falar do nosso dia a dia, das dificuldades que enfrentamos e das que testemunhamos. E, embora a realidade do ídolo pareça bem distante da nossa, aos pouco vamos percebendo que os problemas faziam dele uma pessoa comum. O texto They don’t care about us iniciou uma discussão sobre o envolvimento de profissionais de saúde na viciação e na morte do astro, o exercício da Medicina como um comércio, a falta de amor ao próximo. Dos vários comentários postados, destaco o de Edna, que escreveu: “Maraci, não precisamos ir muito longe para vermos quanto o dinheiro fala mais alto. Veja o caso do Marcelo Caron, que matou duas mulheres recentemente ao submetê-las a cirurgia plástica mesmo não sendo médico. Em que mundo vivemos?”.</span>
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<br /><span style="font-family:verdana;">O caso de Denísio Marcelo Caron merece um esclarecimento. Segundo divulgado pela imprensa, ele era médico, mas usava diploma falso de especialização em cirurgia plástica. Teve o registro profissional cassado e é acusado de ter provocado a morte de cinco mulheres, além da deformação física de outras 35. O que levaria um médico a arriscar a vida de pacientes em procedimentos para os quais não estava habilitado? E, no caso dos especialistas, o que os levaria a, por exemplo, realizar cirurgias que terminam transformando rostos em máscaras, como aconteceu com Michael Jackson? Será que tudo se resume a dinheiro?</span>
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<br /><span style="font-family:verdana;">O Correio Braziliense de 12 de julho trouxe a notícia de que adolescentes entre 13 e 18 anos, insatisfeitos com a aparência, respondem por 13% das cirurgias plásticas anuais realizadas no país. Pesquisas demonstram que, em 45% dos casos, as pessoas se queixam do nariz. As demais reclamações estão relacionadas a outras partes do rosto, às mamas, ao bumbum, à barriga e por aí afora. Especialistas atribuem a procura às novas técnicas, à redução dos preços, às transformações psicológicas e físicas típicas de uma fase de transição, e à influência da mídia, que nos bombardeia com imagens de pessoas fisicamente lindas, esculpidas nas academias e nos centros cirúrgicos.</span>
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<br /><span style="font-family:verdana;">É natural querer parecer mais jovem e bonito. Mas a coisa anda tão fora de controle que faz da indústria da beleza uma das que mais crescem, mesmo em um país como o nosso, ainda tão carente do básico. Há pessoas que já se modificaram tanto que não seriam reconhecidas nem pela própria mãe, que parecem saídas da ficção científica. De tão obcecadas, copiam, inventam, topam tudo e terminam se tornando presas fáceis de profissionais inescrupulosos, de gente que promete milagres. As que não morrem acabam mutiladas. O problema está no exagero, na preocupação patológica com a aparência.</span>
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<br /><span style="font-family:verdana;">A isso damos o nome de Dismorfofobia ou Transtorno Dismórfico Corporal (TDC), doença que afeta cerca de 1% da população. Adultos e adolescentes que nunca estão satisfeitos com o próprio corpo malham sem parar ou se submetem a cirurgias sucessivas para resolver um problema às vezes mínimo. Passam fomem ou vomitam o que comem; fazem uso de anabolizantes, diuréticos, laxantes, anfetaminas; espremem-se em espartilhos; extraem costelas para afinar a cintura; vivem se olhando no espelho ou evitam a própria imagem; isolam-se socialmente e correm um enorme risco de morte, inclusive por suicídio.</span>
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<br /><span style="font-family:verdana;">Em geral, o distúrbio se manifesta na adolescência ou na primeira idade adulta, períodos em que a autoestima não está plenamente desenvolvida. Mas não é raro perto dos 40 anos, quando muitos entram em pânico por não aceitarem o envelhecimento, que é natural e acomete todos os que não morreram jovens. Há relatos de pessoas que se mataram para fugir às marcas do tempo, para serem lembradas como moças e belas. Tudo isso tem muito a ver com Michael Jackson, não? Muito a ver com muita gente.</span>
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<br /><span style="font-family:verdana;">Por que há pessoas que não se incomodam com essas coisas e há aquelas que sofrem terrivelmente com detalhes, eternamente descontentes, na perseguição de um ideal que nunca é alcançado? É óbvio que o problema não está no físico. Na música Be a lion, o Rei do Pop fala de ser um leão forte, dono de um rugido poderoso, que com nada se assusta, sem medo por dentro, sem necessidade de correr ou se esconder, o mais bravo de todos. E, embora o felino seja um animal fisicamente privilegiado, é às características psicológicas que a música se refere. Que atire a primeira pedra aquele que nunca desejou ser forte e belo, o rei da selva!</span>
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<br /><span style="font-family:verdana;">Então, se você conhece alguém que enveredou por esse caminho, oriente a procurar ajuda. Tragédias como a de Michael Jackson podem e devem ser usadas para despertar a atenção. O tratamento consiste em acompanhamento psiquiátrico, para a prescrição de remédios que são indispensáveis, e psicoterapia. A dismorfofobia é uma doença que não deve ser subestimada. Mas alguém corretamente orientado logo poderá voltar a ter uma vida normal, a ser um leão livre, deixando para trás essa prisão. Valeu, irmã! Até sábado, leitores!</span>
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<br /></span><div style="text-align: right;"><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">Maraci Sant'Ana</span>
<br /></span></div></div>Maraci Sant'Anahttp://www.blogger.com/profile/00192420055603744255noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-32097257.post-10979681315629898212009-08-10T19:52:00.003-03:002011-08-15T11:13:36.783-03:00We are the children<div style="text-align: right; font-style: italic;"><span style="font-size:78%;"><span style="font-family:verdana;">Publicado em 25/7/2009, no site do Correio Braziliense, <a href="http://www.correiobraziliense.com.br/blog/blogdovicente/">Blog do Vicente Nunes</a>,</span>
<br /><span style="font-family:verdana;">coluna A Psicologia e o Dinheiro</span>
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<br /></span></div>
<br /><div style="text-align: justify;"><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">USA for Africa foi o nome dado ao grupo de 44 artistas que, em 1985, protagonizaram uma campanha para ajudar a diminuir a fome naquele continente. A música We are the world, escrita por Michael Jackson e Lionel Richie, rendeu cerca de 55 milhões de dólares e, segundo a imprensa, não foi o único trabalho humanitário do Rei do Pop. Em maio de 1984, ele já havia participado do lançamento de uma série de ações contra as drogas, na Casa Branca. E, em julho, anunciado que doaria aos pobres os lucros da turnê Thriller. Parece que era grande o coração do ídolo. Mas não foi só pelo talento e compaixão que ele chegou às manchetes.</span>
<br />
<br /><span style="font-family:verdana;">Queixas de pedofilia abalaram a carreira do popstar. A primeira, que envolveu Jordan Chandler, então com 13 anos, acabou retirada graças a acordo que incluiu o desembolso, pelo astro, de US$ 20 milhões. Além dessa, outras acusações levaram Michael aos tribunais, mas ele nunca foi condenado. Foi julgado e considerado inocente por unanimidade. Agora, depois da morte do ídolo, começou a circular, na internet, comunicado em que supostamente Jordan confessaria ter sido obrigado pelo pai a inventar o abuso. Só que não há confirmação dessa notícia. E não acredito que a verdade possa vir à tona desse jeito. Se foi tudo uma farsa, revelar significaria, no mínimo, o suicídio financeiro dos Chandlers.</span>
<br />
<br /><span style="font-family:verdana;">Essas acusações correram os quatro cantos do planeta. Seriam verdadeiras? Não faltavam mulheres e homens adultos desejosos de dividir a cama com Michael Jackson. Por que o envolvimento com crianças? Foram muitas as perguntas e as tentativas de resposta. E, com a mesma veemência com que alguns falavam que aquilo era impossível, outros acusavam, inclusive dizendo ter sido ele, Michael, explorado sexualmente pelo próprio pai. Não dá pra saber nada com certeza. Mas, se houve abuso, não foi o primeiro e nem será o último caso, infelizmente. A violência sexual contra crianças existe desde que o mundo é mundo e se estende a todos os lugares, raças e classes sociais.</span>
<br />
<br /><span style="font-family:verdana;">E ela se torna devastadora quando é incestuosa, ou seja, envolve um adulto importante na vida da criança, alguém de quem ela dependa, que tenha um papel fundamental na sua formação. As estatísticas nos mostram que, na grande maioria dos casos, os agressores são pais, padrastos, avós, irmãos, tios, primos, pessoas em quem a vítima confia, de quem espera amor, proteção. Molestada sexualmente, a criança vai se envenenando por ser obrigada a manter o segredo e por se sentir culpada, de alguma forma, pelo mal que lhe acontece. Ela cresce tentando esconder e esquecer a experiência. E termina levando para o túmulo esse terror.</span>
<br />
<br /><span style="font-family:verdana;">O abuso sexual é uma profanação baseada na necessidade de poder, de dominação. E, quando envolve uma criança, também na ideia de que ela é um ser inferior. Há relatos inacreditáveis. Lembro bem de um em que uma avó desvirginou a neta de quatro anos; e de outro em que um bebê de três meses foi internado com doença venérea na garganta. A todo momento, crianças são desrespeitadas das mais diferentes formas, inclusive assim. E, mesmo sem violência física, de um jeito ou de outro, a vítima é coagida. Ela se submete por medo do agressor; por receio de magoar os sentimentos do seu algoz, se ele é muito próximo; e, às vezes, por não querer perder o que talvez seja a única manifestação “de carinho” que a ela é oferecida. Muitas são pegas de surpresa e não sabem ou conseguem reagir; muitas são enganadas pelo agressor, que lhe diz que todo mundo faz aquilo; muitas são treinadas para serem obedientes e não conseguem dizer não.</span>
<br />
<br /><span style="font-family:verdana;">E o que as pessoas em geral não sabem é que esse tipo de violência contra a criança não se limita à relação sexual. Ela pode acontecer disfarçadamente, sob a forma de carícias nada inocentes ou mesmo sem contato físico. O agressor pode, por exemplo, exibir material pornográfico; andar nu para despertar a atenção da criança; ou se masturbar na frente dela. Ele também pode espiar a criança trocando de roupa ou no banho; ou lhe fazer observações sedutoras, sugestivas, às vezes apenas com o olhar.</span>
<br />
<br /><span style="font-family:verdana;">E o que leva alguém a se comportar de forma tão odiosa? Muitos agressores são doentes, estavam alcoolizados ou drogados no momento da agressão; muitos sofreram abuso sexual na infância e cresceram com uma ideia totalmente distorcida da vida. Há pais, por exemplo, que se sentem donos das filhas e acreditam ter direito a serem o primeiro homem em suas vidas; alguns ainda tentam responsabilizar as vítimas, alegando que foram provocados; outros empurram a culpa para a esposa ou o marido dizendo que só se voltaram para a criança porque não tinham um parceiro sexual competente ou disponível; e, não raramente, a mãe é uma cúmplice, por ignorar os sinais de que algo está errado; por não ser capaz de proteger a criança. Isso quando ela não participa ou promove o abuso. De qualquer forma, o agressor precisa ser punido. E, se for o caso, tratado.</span>
<br />
<br /><span style="font-family:verdana;">Além disso, há casos em que os pais se comportam de forma imprópria na frente dos filhos, argumentando que sexo faz parte da vida; ou se esquecem de tomar os devidos cuidados e são flagrados em momento de muita intimidade. Mesmo que não tenham a intenção, terminam envolvendo a criança em um assunto para o qual ela não tem preparo. Pais que se amam e trocam carinhos é uma coisa. Sacanagem na frente dos pequenos é outra. A criança não entende bem o sexo. Dependendo da idade que ela tenha, o ato pode ser visto como ameaçador ou sujo. Nem mesmo recém-nascidos devem dividir o quarto com os pais. Sexo é maravilhoso, mas é para adultos.</span>
<br />
<br /><span style="font-family:verdana;">É triste, mas não precisamos ir a Los Angeles para falar em pedofilia. Recentemente, dois homens, um de 42 e outro de 38 anos, solteiros e de classe média, foram presos acusados de abusar sexualmente de um menino de 13 anos. Segundo o DFTV 2ª. Edição do último dia 17, um deles mora na Asa Sul e trabalha como analista de sistemas nos Correios; o outro reside no Guará e é empregado terceirizado da área de infomática do Ministério da Saúde. Os dois teriam abusado, ainda, de quatro crianças que costumavam levar para passear. E, ao que tudo indica, são parte de uma quadrilha internacional. Mas, o pior de tudo é que o que rolava na casa deles era do conhecimento dos vizinhos. Só que demorou para que alguém denunciasse. Ainda há gente que acha que não deve se envolver nesses assuntos, que eles não lhes pertencem.</span>
<br />
<br /><span style="font-family:verdana;">Crianças são vendidas, compradas, alugadas em um comércio medonho que cresce bem debaixo dos nossos narizes. Não podemos fechar os olhos ao que está acontecendo. Todos somos responsáveis por todas as crianças e precisamos estar sempre alertas. Como diz a música escrita pelo próprio Michael Jackson, nós somos o mundo, nós somos as crianças, nós somos aqueles que criamos um dia mais brilhante, que vamos criar um dia melhor. Valeu, irmã! Até sábado, leitores!
<br />
<br /></span></span><div style="text-align: right;"><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">Maraci Sant'Ana</span></span>
<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;"></span></span></div></div>Maraci Sant'Anahttp://www.blogger.com/profile/00192420055603744255noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-32097257.post-50054684015836198522009-07-27T08:48:00.004-03:002011-08-15T11:13:47.829-03:00They don't care about us<div style="text-align: right; font-style: italic;"><span style="font-size:78%;">Publicado em 11/7/2009, no site do Correio Braziliense, <a href="http://www.correiobraziliense.com.br/blog/blogdovicente/">Blog do Vicente Nunes</a>,
<br />coluna A Psicologia e o Dinheiro
<br /></span></div>
<br /><span style=";font-family:verdana;font-size:85%;" >
<br /></span><div style="text-align: justify;"><span style=";font-family:verdana;font-size:85%;" >As duas últimas edições desta coluna trouxeram um assunto que rendeu e continua rendendo no mundo todo. No texto See you later, Michael, publicado em 27 de junho, falei sobre a morte de Michael Jackson e aproveitei situações da vida do ídolo para abordar os problemas que costumam surgir quando pais tentam realizar seus sonhos por intermédio dos filhos ou quando crianças têm a infância roubada justamente por quem as deveria proteger. E, em Thriller, do último sábado, tratei da violência doméstica, a partir de experiências relatadas pelo próprio Rei do Pop. Conforme disse, o maior astro do showbusiness, de todos os tempos, vale uma série de artigos.</span>
<br />
<br /><span style=";font-family:verdana;font-size:85%;" >A vida e a morte de Michael estão pontilhadas de mistério, de fatos não explicados. Muita gente quer entender o que leva alguém, que possui o que a maioria dos habitantes deste planeta nem sequer imagina que uma pessoa possa ter, a se destruir. Vivemos em um mundo cheio de problemas, de miséria, de dramas. Milhões passam fome, não têm acesso a água potável, não sabem o que é saneamento básico, não têm onde morar e veem segurança e educação como algo inatingível. Mas, contra tudo e todos, estão por aí, lutando para se manterem vivos, para melhorar. E, na contramão disso, um ídolo tão admirado, desejado, invejado, imitado, que parecia ter tudo, matava-se lentamente.</span>
<br />
<br /><span style=";font-family:verdana;font-size:85%;" >Suicídio? A definição trazida pelo Novo Dicionário Aurélio é bem clara – desgraça ou ruína procurada de livre vontade ou por falta de discernimento. Será que Michael Jackson tinha a intenção de se matar? Ou será que lhe faltou a capacidade de julgar, de forma clara e sensata, o que lhe estava acontecendo, o rumo perigoso que sua vida estava tomando? Estaria ele consciente de que, drogando-se daquela forma, corria um risco tão alto? Ou teria se fiado na presença do cardiologista contratado para acompanhá-lo dia e noite?</span>
<br />
<br /><span style=";font-family:verdana;font-size:85%;" >Todos temos um certo vazio interior. Isso ainda faz parte de nós, criaturas que acessamos pouco o conhecimento que detemos a respeito das leis que regem o Universo. Mas, em alguns, esse espaço não preenchido é sentido como um enorme buraco na alma, que dói de forma insuportável. Naturalmente procuramos preenchê-lo e é lícito buscar alívio. Mas corremos o risco de, no desespero, lançar mão de qualquer coisa. É por isso que vemos pessoas agarradas a outras pessoas, a coisas, a situações estapafúrdias, viciados de todo tipo - em drogas lícitas e ilícitas, em relacionamentos, em jogo, em trabalho, em sexo, em exercícios físicos e por aí afora.</span>
<br />
<br /><span style=";font-family:verdana;font-size:85%;" >As investigações apontam para um grupo de médicos suspeitos de cumplicidade no vício do cantor em remédios, inclusive sedativos pesados, alguns utilizados apenas por anestesistas em hospitais. Receitas eram emitidas em nome do astro, de empregados dele, ou mesmo falsos. Onde estava a cabeça dos profissionais de saúde que o cercavam? Eles conheciam os riscos. Será que não estavam mais preocupados com os honorários nada modestos? A música They Don't Care About Us, do próprio Michael, poderia muito bem servir para falar do relacionamento do astro com aqueles a quem ele pagava para dele cuidar. Por que Michael Jackson não foi internado para desintoxicação e tratamento? Será que não poderíamos falar em homicídio?</span>
<br />
<br /><span style=";font-family:verdana;font-size:85%;" >Quem não gostaria de ter um Michael Jackson como cliente? Até eu, que sou mais boba, iria adorar. Dá para imaginar o prestígio que me traria um popstar daquele nível entrando em meu consultório. Dá para imaginar a fama, o tamanho da lista de espera por consulta e a grana decorrente de tudo isso. Dá para imaginar a cara do pessoal da portaria, dos vizinhos de sala. Só não dá para imaginar que ele fosse receber um tratamento diferenciado. Ele seria atendido da mesma forma que os demais pacientes, como um ser humano que precisa de ajuda. Porque é assim que devem se comportar todos os que estão na função de curador.</span>
<br />
<br /><span style=";font-family:verdana;font-size:85%;" >Dinheiro não é bom, é ótimo! É dificil resistir aos seus apelos. Mas nada neste mundo deveria ser exercido apenas como um comércio, muito menos profissões como a de médico, psicólogo, enfermeiro e tantas outras que nos colocam na posição de cuidador de um irmão fragilizado. Essas são, antes de tudo, um sacerdócio. Exigem consciência pessoal, prazer pela oportunidade de servir, de amparar, de tratar, de curar, de salvar gente que, muitas vezes, só precisa de um pouco de atenção, de calor humano. Essas requerem vocação, ou seja, chamamento, predestinação e, acima de tudo, amor ao próximo. E parece que foi exatamente isso o que faltou. Valeu, irmã! Até sábado, leitores!</span>
<br />
<br /><div style="text-align: right;"><span style=";font-family:verdana;font-size:85%;" >Maraci Sant'Ana</span></div></div>Maraci Sant'Anahttp://www.blogger.com/profile/00192420055603744255noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-32097257.post-70751914570008696722009-07-13T00:32:00.003-03:002011-08-15T11:13:54.151-03:00Thriller<div style="text-align: right;"><span style="font-size:78%;"><span style="font-family:verdana;">Publicado em 4/7/2009, no site do Correio Braziliense, <a href="http://www.correiobraziliense.com.br/blog/blogdovicente/">Blog do Vicente Nunes,</a>
<br />coluna A Psicologia e o Dinheiro</span>
<br />
<br /></span></div>
<br />
<br /><div style="text-align: justify;"><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">Michael Jackson vale uma série de textos. Sua vida e sua morte estão recheadas de acontecimentos que dariam muitos capítulos. Tudo o que envolve o maior dos astros do pop é grandioso. Por isso, a imprensa internacional está mobilizada. Além disso, como disse na semana passada, ele movimentou, movimenta e, por muito tempo, continuará movimentando somas incríveis. E o mundo não resiste ao apelo financeiro. Milhões estão sendo investidos na busca de furos de reportagem. Qualquer informação vira notícia, especialmente o que diz respeito a grana, à fortuna deixada, aos herdeiros, ao testamento do ídolo. Ele foi, é e continuará sendo, ainda por muito tempo, uma máquina de fazer dinheiro.</span></span>
<br />
<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">Não creio que Joseph Jackson tenha sido capaz de vislumbrar uma coisa assim, nem sequer em seu maior desvario. Quando decidiu lançar os filhos no showbusiness, certamente almejava fama e fortuna, mas nada comparado ao que aconteceu. O caçula dos Jacksons era puro talento. Fico imaginando o que Michael teria realizado se houvesse tido uma infância e uma adolescência sem violência, amorosa. Lembro de uma longa entrevista, reprisada pela Rede Record, em que ele disse que seu pai acompanhava os ensaios segurando um cinto, que usava para bater nos meninos. Lembro do relato de surras com fio de ferro, de ser atirado contra a parede e de vomitar só por estar na presença do pai. Lembro dele contando que sua mãe gritava: “Joe, você vai acabar matando ele!”. Um verdadeiro thriller.</span></span>
<br />
<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">Sabemos que, para se transformarem em adultos emocionalmente saudáveis, as crianças precisam de um teto, boa alimentação, proteção contra os perigos do mundo, coisas que exigem dinheiro. Mas muitos esquecem ou nem mesmo sabem que elas também necessitam de uma família de verdade, de se sentirem felizes, respeitadas, acarinhadas física e psicologicamente, amadas. Alguém que viveu o que Michael Jackson viveu é alguém que não teve o mais importante – o amor dos pais. Nenhum dos dois estava em condições de amá-lo, nem o pai medonho, que se comportava de maneira abusiva, nem a mãe permissiva, que não conseguia proteger os próprios filhos.</span></span>
<br />
<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">Assim, não foi surpreendente a decisão do Rei do Pop, de deixar o pai de fora de seu testamento. Ele não havia superado a violência sofrida, embora tenha dito, na mesma entrevista, que o pai melhorara muito e que, no fundo, era um homem bom. Parece que Michael, assim como provavelmente acontecia ou acontece com sua mãe, acreditava, ou tentava crer, que o comportamento inaceitável de Joe Jackson tinha uma causa justa, o bem dos filhos, um futuro melhor para eles, rico de coisas que o dinheiro pode comprar, embora pobre daquilo que realmente tem valor.</span></span>
<br />
<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">As crianças tendem a se identificar com um dos pais. A frase parece um lugar-comum? Entretanto não deixa de ser verdade. E é claro que as coisas não funcionam assim, de maneira tão simples. Mas é mais ou menos o que acontece. Então, em uma família como a de Michael, em que um dos pais violenta os filhos e o outro não consegue defendê-los, as opções dos pequenos são: tornarem-se como o pai, forte, poderoso, detentor do controle, dono da razão, embora assustador e digno de ódio; ou se tornarem como a mãe, frágil, controlada, vítima, assustada e digna de pena. A escolha lhe parece difícil? Para uns, não. Para outros, sim, um outro thriller.</span></span>
<br />
<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">Neste ponto, vocês poderiam me perguntar – só essas duas opções? Não há escapatória? Por isso eu disse que as coisas não funcionam assim, de maneira tão simples. Certamente há outras saídas. Mesmo porque os pais geram o corpo dos filhos, não o espírito, ou seja, não geram a essência. As crianças não devem ser vistas como uma folha de papel em branco. Elas têm uma história coletiva e uma individual. E muitas vêm a este mundo não para aprender, mas para ensinar. Só que os pais têm uma função fundamental. Na infância, as crianças estão mais acessíveis a conselhos e, principalmente, exemplos. É dever dos pais incentivar as boas inclinações e reprimir as más, sem violência, com amor, ajudando os filhos a progredir, não apenas financeiramente, como este mundo materialista e imediatista sugere, mas moralmente.</span></span>
<br />
<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">Dificilmente uma criança que é vítima dos pais vai conseguir olhar para eles e entender que são criaturas ainda incapazes de amar. Dificilmente não se culpará pelo que lhe está acontecendo de mal. Dificilmente compreenderá que precisa se defender justamente daqueles que têm a missão de protegê-la. Dificilmente buscará outros modelos sem se sentir uma traidora. Dificilmente não se tornará um adulto que não se aceita e não se sente merecedor de amor.</span></span>
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<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">Acredito que o ser humano está melhorando, embora ainda tenhamos muito a aprender, um longo caminho pela frente. Mas o que vemos acontecer a nossas crianças é doloroso. O mundo está cheio de Michaels Jacksons, mas, para a esmagadora maioria, feliz ou infelizmente, buscar refúgio na Terra do Nunca não é uma opção. Que possamos aproveitar a tragédia pessoal desse irmão para refletir. Valeu, Michael!</span></span>
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<br /><div style="text-align: right;"><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">Maraci Sant'Ana</span></span>
<br /></div></div>Maraci Sant'Anahttp://www.blogger.com/profile/00192420055603744255noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-32097257.post-38657913113601701622009-06-29T00:21:00.003-03:002011-08-15T11:14:04.607-03:00See you later, Michael<div style="text-align: right;"><span style="font-style: italic;font-size:78%;" ><span style="font-family:verdana;">Publicado em 27/6/2009, no site do Correio Braziliense, </span><a style="font-family: verdana;" href="http://www.correiobraziliense.com.br/blog/blogdovicente/">Blog do Vicente Nunes</a><span style="font-family:verdana;">,</span></span>
<br /></div><div style="text-align: right; font-style: italic;font-family:verdana;"><span style="font-size:78%;">coluna A Psicologia e o Dinheiro
<br />
<br /></span></div>
<br /><div style="text-align: justify;"><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">A notícia da morte de Michael Jackson, na tarde da última quinta-feira, surpreendeu o mundo. Todos queriam saber se ela era verdadeira, o que havia acontecido. A movimentação na internet foi tanta que travou o Google e o Twitter. E, com a triste confirmação, as manifestações não pararam mais. Pessoas comuns e famosas comentam e choram a perda do ídolo. O Rei do Pop parte nos deixando boquiabertos, como sempre. Fica para trás uma vivência marcada pelo sucesso e pelos escândalos, que o levaram da riqueza à ruína financeira.</span></span>
<br />
<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">Fala-se em parada cardíaca provocada pelo excesso de trabalho e pelo abuso de medicamentos. Não sabemos ao certo a causa da morte. Mas sabemos a importância que Michael teve para a indústria do show business. Sabemos que foi um dos maiores fenômenos musicais de todos os tempos, um prodígio, um artista completo, que compunha, cantava e dançava como poucos, um talento inquestionável que deixa saudade, especialmente em quem, como eu, cresceu acompanhando sua carreira, desde os tempos do Jackson Five.</span></span>
<br />
<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">Ousado, polêmico, irreverente, esquisito, genial, ele ganhou e perdeu verdadeiras fortunas ao longo de meio século de vida. Movimentou e continua movimentando somas incríveis. Off the wall bateu quatro vezes o topo da Billboard; Thriller, que custou US$ 750 mil, ultrapassou a marca de 109 milhões de cópias vendidas; We are the world, que ele compôs em parceria com Lionel Richie, arrecadou milhões para crianças carentes da África. Os números na vida de Michael Jackson são surpreendentes. Seus shows batiam recordes de público. Ele teve cinco álbuns entre os mais vendidos e ganhou 25 Grammys. Os shows da turnê que encerraria sua carreira deveriam ser assistidos por cerca de 1 milhão de pessoas e lhe renderiam mais de US$ 200 milhões.</span></span>
<br />
<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">Michael era descrito como bom, educado, gentil. Não fumava, não bebia, não usava drogas ilícitas e não comia carne. Mesmo assim, a vida dele foi definida, por um de seus ex-assessores, como uma jornada autodestrutiva. Seu estilo extravagante; as sucessivas cirurgias plásticas que, em lugar de lhe trazerem o rosto dos sonhos, transformaram sua aparência em um pesadelo; os casamentos inexplicáveis, primeiro com a filha de Elvis Presley, depois com uma enfermeira desconhecida que lhe deu dois filhos; a contratação de uma mãe de aluguel para o nascimento do terceiro filho; e os acordos em processos judiciais por acusação de pedofilia abalaram ainda mais sua estrutura emocional e a financeira, levando-o ao isolamento social e o obrigando a vender o rancho Neverland, assim como parte dos direitos autorais sobre as músicas dos Beatles. Segundo publicado por jornais de todo o mundo, ele deixa dívidas que totalizam cerca de US$ 400 milhões.</span></span>
<br />
<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">Mas quem foi de fato Michael Jackson? Um homem negro que desejava parecer uma mulher branca? Um garoto que, tal qual Peter Pan, vivia na Terra do Nunca e se recusava a crescer? Algoz ou vítima? Criminoso ou doente? Alguém capaz de, deliberada e conscientemente, trair a inocência de uma criança? Ou uma das muitas pessoas que não conseguiram superar nem as próprias dificuldades nem as decorrentes de uma infância de violência e abuso, que tentava desesperadamente preencher um vazio que mais e mais aumentava?</span></span>
<br />
<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">Talvez jamais saibamos a verdade. Mas a biografia de Michael aponta para uma família grande e pobre em que o pai trabalhava como operário e tentava uma carreira musical que nunca foi pra frente. Obcecado, Joe Jackson passou a investir nos filhos, que se mostravam talentosos. Abusivo e violento, buscando fortuna e sucesso, roubou-lhes a infância, submetendo-os a ensaios exaustivos, controlando, exigindo e castigando-os severamente quando as coisas não saíam da forma como ele queria – um verdadeiro calvário. Só Deus sabe o que acontecia entre aquelas quatro paredes.</span></span>
<br />
<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">É importantíssimo que os pais incentivem os filhos, que os ensinem a serem persistentes e disciplinados. Além do mais, dinheiro costuma cair muito bem, especialmente para um casal que vive na maior dureza, com nove crianças, como era o caso dos Jacksons. Mas fico pensando em como teria sido a vida de Michael se o pai tivesse visto nele, acima de tudo, um filho, que deveria ser acolhido com amor. Ou se a mãe tivesse tido a coragem de defendê-lo, de protegê-lo, mesmo do pai. Será que aquele garoto não teria se tornado um adulto emocionalmente maduro e equilibrado, capaz de se aceitar como era, em condições de encarar e resolver os problemas do mundo real, que não precisasse se esconder atrás de máscaras cirúrgicas? Será que ele não estaria vivo e com saúde suficiente para criar os próprios filhos?</span></span>
<br />
<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">Noutro dia, li que ninguém deveria ter filhos por necessidade, para aliviar a solidão, dar sentido à vida tentando reproduzir a si mesmo em uma cópia, ou buscar a imortalidade lançando um germe seu no futuro. Sábias ponderações. Porque os filhos não vêm ao mundo para atender as nossas expectativas. Aliás, devemos sempre esperar deles sonhos próprios e mais elevados que os nossos. Acho que o ideal é que nós comecemos ensinando a eles e que, o quanto antes, eles já estejam nos ensinando. Esse pode ser um bom indicativo de que cumprimos nossa missão. Como dito por Gribran, em O Profeta, nossos filhos não são nossos filhos, são os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma. Valeu, Michael!</span></span>
<br />
<br /><div style="text-align: right;"><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">Maraci Sant'Ana</span></span></div></div>Maraci Sant'Anahttp://www.blogger.com/profile/00192420055603744255noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-32097257.post-32022909631161558262009-06-15T19:04:00.003-03:002011-08-15T11:14:11.054-03:00Valeu, Tina!!!!<div style="text-align: right; font-style: italic;font-family:verdana;"><span style="font-size:78%;">Publicado em 2/5/2009, no site do Correio Braziliense, <a href="http://www.correiobraziliense.com.br/blog/blogdovicente/">Blog do Vicente Nunes,</a>
<br />coluna A Psicologia e o Dinheiro
<br /></span></div>
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<br /><div style="text-align: justify;"><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">Ontem, 1° de maio, celebramos o Dia do Trabalho. Temos todo tipo de data comemorativa em nosso país. Algumas são mundiais e bem conhecidas. Outras, nem tanto. Há a da confraternização universal, o Natal, a da chegada do ano novo, o dia das mães, o dos pais e o das crianças, a Páscoa e o São João, por exemplo. Mas há também o dia do supermercado, o da saudade, o do telefone, o da juventude, o do disco, o dos solteiros, o do anunciante e por aí afora. Uns bem loucos, não?</span></span>
<br />
<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">Hoje, 2 de maio, é dia do ex-combatente e do taquígrafo. Pouca gente sabe disso. Já o dos psicólogos, comemoramos com os corretores de imóveis em 27 de agosto; os economistas celebram em 13 de agosto; e os jornalistas, com os corretores, os médicos legistas e a saúde em 7 de abril. Mas há uma figura que termina sendo esquecida, embora também tenha seu dia – o trabalhador doméstico. Vinte e sete de abril não deveria passar em branco. Não há um só dono de casa que não saiba o valor de se ter um bom profissional para apoiá-lo no dia a dia do lar, doce lar.</span></span>
<br />
<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">Eu bem o sei. No próximo 10 de junho, eu e Tina completaremos 12 anos de uma grande parceria. Parece que foi ontem que ela chegou, indicada pelo porteiro do prédio em que eu morava, o seu Antônio. De lá pra cá, vivemos muitas coisas. Ela me ajudou a criar meu filho, assim como eu, de uma maneira diferente, a ajudo a criar Vitor Hugo e André Luiz. Passamos por momentos felizes e também de sufoco. Rimos, choramos, brigamos e nos acertamos, duas mulheres crescendo juntas, uma batalhando ao lado da outra. Muita gente cruzou meu caminho nesse período, mas poucas pessoas são ou foram tão significativas. Não posso nem imaginar o quanto teria sido difícil sem ela, sua comida caprichada, sua disposição e disponibilidade, seu apoio, sua alegria, seu carinho.</span></span>
<br />
<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">Só que, lamentavelmente, esse tipo de relação não é tão comum. E o lado trabalhista ainda é bastante problemático. Conforme publicado no site do Sindicato dos Trabalhadores Domésticos do Município de São Paulo – STDMSP, dos 6,8 milhões de trabalhadores domésticos, apenas 27,1% possuem vínculo formal de trabalho. Dos 2,3 milhões que trabalham como horistas, nem 10% contribuem para a previdência social. Mas há uma luta por jornada de trabalho estabelecida, hora extra, adicional noturno, salário-família e FGTS obrigatório. E, segundo especialistas e representantes de empregadores e trabalhadores domésticos do estado de São Paulo, o custo dos encargos deverá dobrar, caso isso venha a se concretizar.</span></span>
<br />
<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">É claro que vai pesar pra muita gente, mas todo trabalhador acha o máximo ter seus direitos garantidos, mesmo porque eles são o resultado de discussões ferrenhas e até de mortes. E, se podemos tê-los, por que não aqueles que estão ao nosso lado, fazendo o que não podemos, não queremos ou não sabemos, tornando possível que nos dediquemos a outras atividades? Sei que muitos trabalhadores, embora já tenham garantidos esses direitos em lei, não os usufruem de fato, pelo menos não na totalidade. Quantos, por exemplo, não ultrapassam a jornada sem hora extra? Já fiz isso tantas vezes que perdi a conta. Mas há os que conseguem. É nesses que devemos nos espelhar. E o que desejamos de bom para nós devemos querer pra todo mundo.</span></span>
<br />
<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">O começo nunca é fácil. Pode até haver desemprego. Mas, com o tempo, as coisas sempre chegam onde têm de chegar. Tudo se acomoda. Foi assim com trabalhadores de outras categorias. Por que não com os domésticos? Por que sustentar uma situação que é flagrantemente injusta?</span></span>
<br />
<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">Assim, a você que ainda reluta nessa matéria, peço que procure se colocar no lugar desse trabalhador, de seu parceiro. Acredito firmemente que pior do que os erros que cometemos por ignorância são os acertos que deixamos de perpretar quando podíamos, mas para o qual fechamos egoisticamente os nossos olhos. Valeu, Tina! Até sábado, leitores!
<br />
<br /></span></span><div style="text-align: right;"><span style="font-family:verdana;font-size:85%;">Maraci Sant'Ana</span>
<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;"></span></span></div></div>Maraci Sant'Anahttp://www.blogger.com/profile/00192420055603744255noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-32097257.post-88738826333633028112009-06-01T08:44:00.003-03:002011-08-15T11:14:17.219-03:00A Parte mais Sensível<div style="text-align: right; font-style: italic; font-family:verdana;"><span style="font-size:78%;">Publicado em 25/4/2009, no site do Correio Braziliense, <a href="http://www.correiobraziliense.com.br/blog/blogdovicente/">Blog do Vicente Nunes,</a>
<br />coluna A Psicologia e o Dinheiro
<br /></span></div>
<br />
<br /><div style="text-align: justify; font-family:verdana;"><span style="font-size:85%;">Crise mundial – queda na atividade econômica e, consequentemente, na arrecadação de tributos. Cenário nada bom em qualquer período e especialmente ruim em época de campanha eleitoral, como a que já estamos vivendo. Veio daí a necessidade de se adotarem medidas para, pelo menos, minimizar o estrago. Surgiu a idéia de se reduzirem impostos sobre alguns produtos, como automóveis e eletrodomésticos da chamada “linha branca”, para dar mais impulso à economia; e a de aumentar a tributação sobre cigarro e bebida alcoólica, para garantir os cofres.
<br />
<br />Segundo o site G1, a prática de onerar esses produtos quando a coisa aperta não é nenhuma novidade. Já no ano passado, membros do governo defenderam o aumento da cobrança de tributos sobre bebidas e cigarro, como forma de compensar a perda de arrecadação sofrida pela extinção da CPMF. Além dos significativos valores arrecadados, esse tipo de medida soa como em prol da saúde pública. O governo mata dois coelhos com uma “caixa d’água” só. Um primor de idéia.
<br />
<br />De acordo com estudos do Banco Mundial, o aumento nos preços de produtos derivados do tabaco é uma das políticas de controle com melhor custo/efetividade, principalmente entre a população jovem e a de baixa renda, que são mais influenciadas pelos preços em suas decisões de consumo. E é público e notório que o tabaco é a droga que provoca mais mortes no mundo, sendo responsável por 90% dos casos de câncer de pulmão. Hoje, no Brasil, o número de óbitos causados pelo tabagismo é de 200 mil por ano. E nem estamos nos referindo à morte de pessoas que não fumavam, mas conviviam com fumantes.
<br />
<br />E quanto à bebida alcoólica? Posso começar falando sobre algo que tem sido discutido no país inteiro desde o ano passado – A Lei 11.705/2008. O site do Correio de ontem trouxe a notícia de que, após 10 meses da chamada Lei Seca, o Detran registrou 73 mortes e 71 acidentes fatais a menos nas vias do DF. Além disso, foram autuados 3.000 motoristas por dirigirem alcoolizados. Desses, 1.228 apresentaram índice de álcool no sangue acima de 0,3mg/l. A gente treme só em pensar nas mortes que não puderam ser evitadas em todo o Brasil.
<br />
<br />Para mim, esse resultado é mais do que suficiente para banirmos a bebida alcoólica do país. E, quando falo banir, falo de eliminar para todo o sempre. Pareço exagerada? Mas não é só no trânsito que a bebida mata. Um percentual enorme, que calculo 70%, das tragédias que vivenciamos todos os dias, não aconteceria se o álcool não fizesse parte de nossa história. Quando lemos aquelas notícias pavorosas de homens que assassinaram suas esposas, namoradas ou ex-companheiras; de filhos que mataram os pais; de pais que abusaram sexualmente das filhas; de mães que atiraram filhos recém-nascidos pela janela; de irmãos que brigaram até a morte; de assaltos violentos; de estupros, ficamos horrorizados, mas muitas dessas barbaridades teriam sido evitadas se os envolvidos nesses dramas, nessas situações-limite estivessem sóbrios, limpos.
<br />
<br />É claro que sempre haverá quem queira me corrigir dizendo que o problema não está no consumo, mas no abuso. Então, eu me permito esclarecer, e falo como profissional da área de saúde, que muita gente não deveria beber nem sequer um copo de cerveja; que o mundo está cheio de alcoólatras em potencial que nem imaginam que não precisarão de vários porres para se transformarem em doentes de fato – basta um primeiro copo que desperte o gosto pela bebida. Isso sem falar que o álcool é, reconhecidamente, a droga que abre as portas da vida do indivíduo para outras ainda mais devastadoras.
<br />
<br />Há alguns meses, numa entrevista para a TV, a repórter perguntou se eu era a favor de restringir a propaganda de bebida para após as 22 horas. E eu respondi que acho que esse tipo de mensagem deveria ser terminantemente proibida. Nós vivemos em um mundo que não precisa de nenhum estímulo a mais para beber. O que se ingere e o que se gasta com bebida é uma loucura. Seria uma maravilha se tivéssemos a certeza de ser economicamente viável a transferência dos impostos que incidem sobre comida e remédio, ao todo ou quase, para o cigarro e a bebida. Será possível? Melhoraria a saúde e a vida do povo, diminuiria o consumo de drogas, as tragédias, as mortes.
<br />
<br />Diferentemente do que muitos imaginam e apregoam, fumo e bebida alcoólica não são supérfluos. São danosos, nocivos, devastadores, porque destroem, arruínam pessoas, famílias, civilizações. Por isso estou feliz com as medidas adotadas e com as notícias do que está por vir nesse sentido. E estaria muito mais se o aumento da tributação tivesse sido motivado não pela crise econômica, mas pelo desejo de se tentar evitar as tragédias a que assistimos diariamente, pela conscientização dos que governam, pela necessidade de se salvar vidas. Só que, ao que tudo indica, os governos são como as pessoas que ainda têm o bolso como a parte mais sensível do corpo. Valeu, irmã! Até sábado, leitores!
<br />
<br /></span><div style="text-align: right;"><span style="font-size:85%;">Maraci Sant'Ana</span>
<br /></div> </div>Maraci Sant'Anahttp://www.blogger.com/profile/00192420055603744255noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-32097257.post-52865496739268473072009-05-18T13:44:00.003-03:002011-08-15T11:14:24.186-03:00Amor, Imbatível Amor<div style=" text-align: center;font-family:verdana;"><span style="font-size:85%;"><span style="font-weight: bold;">Série "O dinheiro e os relacionamentos" - Parte 13</span>
<br /></span></div><div style="text-align: justify;">
<br />
<br /><div style="text-align: right;"><span style="font-style: italic;font-size:78%;" ><span style="font-family:verdana;">Publicado em 18/4/2009, no site do Correio Braziliense, <a href="http://www.correiobraziliense.com.br/blog/blogdovicente/">Blog do Vicente Nunes</a>,</span>
<br /></span><span style="font-size:78%;"><span style=" font-style: italic;font-family:verdana;" >coluna A Psicologia e o Dinheiro</span>
<br /></span></div>
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<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">Quem acompanha esta coluna deve lembrar da terceira parte da série O dinheiro e os relacionamentos, publicada em vinte de setembro do ano passado, que recebeu o título Sobre pais, filhos e heranças. Esse texto foi objeto de muitos comentários, inclusive o de Lúcia, que postou o seguinte:“É Maraci, não está fácil a vida. Dia desses ouvi uma história horrível, de um casal de gays em que um dos rapazes morreu e, antes mesmo de ser enterrado, sua família invadiu a casa que ele morava e expulsou o parceiro sem que ele pudesse sequer tirar suas roupas. Mas quando o rapaz era vivo, a família o tinha abandonado há mais de 10 anos. Pais e irmãos sequer sabiam que ele tinha uma doença grave. E quem cuidou dele foi o parceiro que ficou sem nada, quase na miséria”.</span></span>
<br />
<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">Eu me sinto gratificada com a participação dos leitores. Acompanhar os comentários que fazem é uma grande curtição, mesmo que tragam histórias tristes como essa, porque eles retratam a nossa realidade, a verdadeira situação do mundo em que vivemos. Sobre o caso relatado por Lúcia, creio que muito poderia ser dito. No primeiro momento, a idéia que ele em mim despertou é a de que ali houve uma combinação perigosa de preconceito e cobiça.</span></span>
<br />
<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">Para muitas almas, acontecimentos como o relatado por Lúcia não fazem o menor sentido porque, a todo momento, lemos e ouvimos relatos sobre relacionamentos que deveriam ser de amor, mas se mostraram de horror; de crianças atiradas pela janela de suas casas; de garotos matando pais e avós; de maridos matando mulheres; de mulheres matando maridos; de pais e irmãos abandonando seus doentes. É tanta loucura que, se não formos fortes, terminaremos por perder a fé no ser humano, em nós mesmos. Às vezes, parece que vivemos mergulhados numa espécie de pântano. E, o que é pior, pouco fazemos para dele sair.</span></span>
<br />
<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">Além disso, estamos cansados de ver casais que vivem uma relação que nem de longe eu chamaria casamento. Homens e mulheres que mal se falam e mal se conhecem; que se uniram movidos por uma paixão sem embasamento ou que não foi cultivada e chegou ao fim; que se mantêm juntos por convenção, comodismo ou interesse; que, em verdade, nada constroem de bom, nem para eles mesmos nem para os que os cercam.</span></span>
<br />
<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">Diante desse quadro, é, no mínimo um abuso essa gente, desfraldando a bandeira do preconceito, criticar ou interferir em um relacionamento apenas por ele fugir ao padrão, por ser entre pessoas do mesmo sexo. Fico pensando em quantos casais heterossexuais conseguem se manter unidos, não por obrigações, mas por amor, numa situação difícil como a que envolveu esses rapazes.</span></span>
<br />
<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">No livro Amor, Imbatível Amor, psicografado por Divaldo Pereira Franco, o Espírito Joanna de Ângelis diz que o amor é substância criadora e mantenedora do Universo, constituído por essência divina. É um tesouro que, quanto mais se divide, mais se multiplica, e se enriquece à medida que se reparte. Mais se agiganta, na razão que mais se doa. Fixa-se com mais poder, quanto mais se irradia. Nunca perece, porque não se entibia nem se enfraquece, desde que sua força reside no ato mesmo de doar-se, de tornar-se vida.</span></span>
<br />
<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">Lamentavelmente, muitos ainda veem a união entre duas pessoas apenas como um ato social ou religioso e se esquecem de que ela envolve, ou pelo menos deveria envolver, muito mais do que geração de filhos e formação de patrimônio; que o que mantém viva a união é a amizade, o diálogo, o interesse pelo outro, a alegria de amar e ser amado; que somente o companheirismo abre as portas para a realização do par. Não importa se o casal é hetero ou homossexual. Encontrar um relacionamento de amor verdadeiro não é fácil. E quando um se apresenta, ele deve ser comemorado e servir de exemplo.</span></span>
<br />
<br />
<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">É nosso dever lutar contra o preconceito, a arbitrariedade, o abuso, para que histórias como essa trazida por Lúcia não mais se repitam. Não basta apenas criticar. O Livro dos Espíritos traz a seguinte pergunta: “ Por que, neste mundo, a influência dos maus geralmente sobrepuja a dos bons?”. E, em resposta, lá está: “ Por fraqueza dos bons. Os maus são intrigantes e audaciosos; os bons são tímidos. Quando estes o quiserem, haverão de preponderar”. Valeu, irmã! Até sábado, leitores!
<br />
<br /></span></span><div style="text-align: right;"><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">Maraci Sant'Ana</span></span>
<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;"></span></span></div></div>Maraci Sant'Anahttp://www.blogger.com/profile/00192420055603744255noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-32097257.post-72546426396218864262009-05-03T22:04:00.003-03:002011-08-15T11:14:33.581-03:00Mônica, Eduardo, Sônia e o bloqueio ao telemarketing<div style="text-align: right; font-style: italic;font-family:verdana;"><span style="font-size:78%;">Publicado em 4/4/2009, no site do Correio Braziliense, <a href="http://www.correiobraziliense.com.br/blog/blogdovicente/">Blog do Vicente Nunes,</a>
<br />coluna A Psicologia e o Dinheiro
<br /></span></div>
<br /><span style="font-size:85%;">
<br /></span><div style="text-align: justify;"><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">São Paulo saiu na frente e espero que seja seguido de perto pelos demais estados. Lá, já se pode, mediante cadastro na página eletrônica do Procon, bloquear telefones para o recebimento de ligações de telemarketing. Em menos de uma semana, o número de linhas inscritas havia superado 182 mil. Conforme publicado em Veja.com, Evandro Zuliani, diretor de atendimento daquele órgão, teria assim resumido o benefício trazido pelo novo dispositivo: "A lei proíbe que incomodem o cidadão".</span></span>
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<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">A gente entende que empresários e atendentes estão tentando ganhar seu sustento. Só que, nesse tipo de atividade, acontecem muitos abusos, com ligações inoportunas, insistentes e às vezes agressivas. E nem quero me referir ao irritante gerundismo. Agora, os paulistas é que decidem que empresas podem lhes oferecer produtos ou serviços, entrar em suas casas, em suas vidas. Lógico, não? Pois, vou contar aqui o caso de uma paciente que viveu uma situação parecida, embora diferente. Eu a chamarei de Mônica; o marido dela, de Eduardo; e a ex-mulher dele, de Sônia.</span></span>
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<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">Mônica e Eduardo se conheceram no trabalho e se apaixonaram. Ela morava na mesma cidade em que trabalhavam, mas ele, em uma vizinha. Logo que o romance começou, Eduardo tratou de colocar ponto final em seu casamento, que há muito acabara de fato. Segundo ele, nem a esposa merecia ser traída nem Mônica merecia levar vida de amante. Resolvida essa questão, foram viver juntos. Entretanto, para que Eduardo pudesse acompanhar o crescimento dos filhos, ficou acordado que, a cada 15 dias, ele viajaria para a antiga cidade e lá passaria o final de semana. Como diz uma amiga minha, tudo arrumadinho dentro dos vidrinhos.</span></span>
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<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">Só que eles não contavam com a revolta de Sônia. Quanta ingenuidade! Passado o primeiro mês e o impacto inicial, a ex colocou em prática um plano singelo mas poderoso – nos finais de semana em que Eduardo estava com os filhos, ela se dedicava a infernizar Mônica. Sônia telefonava várias vezes ao dia, inclusive de madrugada, dando a entender que ela e Eduardo estavam curtindo tórridos momentos de amor. Valia tudo – sussuros, gemidos, o nome dele languidamente pronunciado, barulho de copos em brinde, Leonardo ou Daniel cantando ao fundo, terrorismo puro. E, pra complicar, a operadora de telefonia móvel não colaborava. O celular de Eduardo vivia fora da área de serviço. É aquela velha máxima – a coisa sempre pode piorar.</span></span>
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<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">Para Mônica, era um suplício. Ela tinha razões para confiar em Eduardo, mas... Tudo bem que ele demonstrara bom caráter providenciando logo a separação, na tentativa de não expor nenhuma das duas, mas... É certo que eles estavam vivendo uma grande paixão, com todos as vantagens de um relacionamento em fase inicial, mas... A verdade é que ela não conseguia tirar da cabeça que, com Sônia, ele já havia percorrido muitos anos, tido filhos, construído um patrimônio, uma história. Ela começou a pensar que, de repente, a chegada dela à vida de Eduardo poderia ter servido apenas para espanar o marasmo do casamento deles, enfim revigorado. O que inicialmente era maravilhoso agora se mostrava perigoso. E Sônia, nossa versão feminina de Bin Laden, parecia adivinhar os pensamentos de Mônica. Aliás, não é difícil para uma mulher saber o que se passa na cabeça de outra. Então, ela se fazia implacável.</span></span>
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<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">Dá para imaginar o que acontecia quando Eduardo chegava de volta a casa no domingo à noite? Isso mesmo – o pau comia e não era daquele jeito legal. As brigas foram se tornando frequentes e intensas. Ele se defendia como podia. Mônica tentava confiar, mas não conseguia. Tudo bem que ela tinha muitos motivos para acreditar nele e muitos para desconfiar de Sônia, mas... O paraíso virou o inferno. Quando ela me procurou, já pensava em separação. E foi só durante o processo terapêutico que Mônica entendeu que estava na hora de tomar de volta as rédeas de sua vida que, num momento de invigilância, ela deixara ao alcance de Sônia.</span></span>
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<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">Havia a possibilidade de Eduardo estar mentindo e Sônia dizendo a verdade? Havia. Ela tinha como checar isso? Tinha. Entretanto, Mônica decidiu que só tomaria essa providência se acontecesse algo que ela julgasse relevante, mais significativo do que o amor que pareciam viver, e se o coração dela apontasse nessa direção. Finalmente, se fosse preciso deixar Eduardo, ela o faria. Mas essa decisão seria dela e não de Sônia. Assim pensando, procurou a polícia e registrou uma ocorrência. Afinal, também nesses casos, a lei proíbe que incomodem um cidadão. A ex foi chamada para uma convesa e advertida pelo delegado. Impedida de infernizar Mônica, nada mais restou a Sônia, além, é claro, da opção de abaixar o facho. Meio desconfiada, mas livre do tormento, Mônica, aos poucos, voltou a se entender com o marido.</span></span>
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<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">As insinuações de Sônia nunca restaram comprovadas. Mas o desfecho poderia ter sido diferente? Sim. Há ex-mulheres que falam a verdade? Há. Mas isso, naquele momento, não era o mais importante. A providência tomada por Mônica deixou claro que ela estava novamente no controle de sua vida. Somente a ela cabia decidir o que fazer e quando fazer, sem pressões, tal qual os consumidores paulistas. Moral da história: devemos nos manter vigilantes. Os relacionamentos pessoais são importantíssimos e estamos sempre aprendendo com os outros, da mesma forma que a eles ensinando, mas não devemos permitir que ninguém determine o tipo de pessoa que seremos, nem as decisões que tomaremos pela vida afora. Valeu, irmã! Até sábado, leitores!</span></span>
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<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">Nem toda ex-mulher é uma peste. Aliás, eu sustento a teoria de que qualquer mulher, antes de se envolver com um homem, deveria procurar conversar com suas antecessoras. Quer conhecer uma situação em que uma ex tentou ajudar? Acesse maracisantana.blogspot.com e pesquise o texto Dormindo com o inimigo.
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<br /></span></span><div style="text-align: right;"><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">Maraci Sant'Ana</span></span>
<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;"></span></span></div></div>Maraci Sant'Anahttp://www.blogger.com/profile/00192420055603744255noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-32097257.post-54806127802412492522009-04-20T23:40:00.005-03:002011-08-15T11:16:26.421-03:00Desde Adão e Eva<div style="text-align: center; font-weight: bold; font-family:verdana;"><span style="font-size:85%;">Série "O Dinheiro e os Relacionamentos" - Parte 12
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<br /><div style="text-align: right;"><span style="font-style: italic;font-size:78%;" ><span style="font-family:verdana;">Publicado em 7/3/2009, no site do Correio Braziliense, <a href="http://www.correiobraziliense.com.br/blog/blogdovicente/">Blog do Vicente Nunes,</a></span></span>
<br /><span style="font-style: italic;font-size:78%;" ><span style="font-family:verdana;">coluna A Psicologia e o Dinheiro</span></span>
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<br /><div style="text-align: justify;"><span style="font-size:85%;">Desde que essa série sobre o dinheiro e os relacionamentos começou, graças a sugestão da leitora Isabel, tenho pensado em escrever sobre o quanto e de que forma a falta ou o excesso de grana pode interferir na vida dos casais. Entretanto, nesses sete meses, outras coisas foram surgindo e, especialmente no que diz respeito a este trabalho, procuro deixar as ideias fluírem naturalmente, no melhor estilo “não apresse o rio; ele corre sozinho”. Mas hoje surgiu uma pequena oportunidade. Ela me foi trazida pelo gerente de um grande banco federal.
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<br />Estava eu na agência, aguardando atendimento, quando ouvi a seguinte frase: “Mulher só serve pra perturbar, fazer filho e tirar o dinheiro dos homens”. É claro que o rapaz não falava sério. Ele até arrancou risos de algumas mulheres que estavam na fila do caixa. Mesmo porque todo mundo sabe, ou pelo menos imagina, que, se as mulheres, num surto de vingança, retirassem os depósitos feitos no tal banco, restaria um montão de machistas desempregados que teriam de dar graças a Deus se tivessem uma esposa em condições de manter a casa.
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<br />Só que essa história me lembrou uma vivida por uma ex-paciente que chegou ao consultório já em processo de separação, completamente transtornada porque o marido havia decidido deixá-la sob a alegação de que seria humanamente impossível, vivendo com ela, prosperar economicamente, aumentar o patrimônio da família, poupar para a velhice; que ela era uma deslumbrada, uma esbanjadora que só pensava em gastar; e que não aguentava mais as faturas dos cartões de crédito. Pelo menos era essa a argumentação que ele usava.
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<br />O espanto dessa mulher era tanto que ela chegou a levar ao consultório as malditas faturas. E lá estavam registrados gastos com compras de supermercado e verdurão, combustível, escola dos garotos, farmácia, papelaria. Nada de boutique, joalheria, cabeleireiro, academia ou massagista. Tudo discriminado, para quem quisesse ver. Ela só não entendia como ele não entendia, justo ele, economista de uma multinacional. Porque a responsável por efetuar as compras e os pagamentos era ela, conforme haviam combinado desde o começo do casamento. Porque, por orientação dele mesmo, ela sempre usava o cartão de crédito, que era religiosamente pago na data de vencimento. Aquela situação a estava deixando louca!
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<br />Depois de algumas semanas, finalmente conheci o tal marido. E não foi preciso um segundo encontro para que eu tivesse confirmadas minhas suspeitas – o deslumbrado, o esbanjador que só pensava em gastar era ele. Enquanto a mulher se vestia de forma até simplória para o padrão de vida que levavam, ele se apresentava na última moda. Enquanto ela comprava roupa em lojas de departamento, ele não abria mão das grifes mais badaladas. Enquanto ela usava relógio e óculos comprados na Feira dos Importados, ele tinha no pulso uma jóia. Enquanto ela dirigia um carro com cinco anos de uso, ele desfilava um do ano, do tipo “cheguei e tô chegado”.
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<br />A verdade é que, desde o tempo de Adão e Eva, homens e mulheres se desentendem. E quando entra dinheiro no meio... “sapo da boca maldita, coruja que tem bigode!”. Entretanto, talvez o pior não sejam os desentendimentos, mas os não-entendimentos, o que acontece quando, por exemplo, alguém, incapaz de abrir o jogo, de ser leal com o parceiro, lança mão de artimanhas estapafúrdias, de clichês para não dizer talvez a única coisa que necessariamente deveria ser dita, mesmo que dura, difícil.
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<br />Nosso pequeno mundo está cheio de mulheres que perturbam? Está, de mulheres e homens. De mulheres que parecem só saber fazer filhos? Está, de mulheres e homens. De mulheres que tiram o dinheiro dos homens? Também de homens que tiram o dinheiro de mulheres incautas. Mas penso que não me arrisco ao dizer que, numa situação de rompimento, na hora “H”, é da boca de uma mulher que ouviremos os verdadeiros motivos, sejam eles quais forem. Nesse aspecto, vamos combinar, damos de dez a zero. Valeu, irmã! Até sábado, leitores!
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<br /></span><div style="text-align: right;"><span style="font-size:85%;">Maraci Sant'Ana</span>
<br /></div></div>Maraci Sant'Anahttp://www.blogger.com/profile/00192420055603744255noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-32097257.post-23247737376244319342009-04-08T14:50:00.006-03:002011-08-15T11:14:49.280-03:00O quanto ainda precisamos perder?<div style="text-align: right; font-style: italic; font-weight: bold;font-family:verdana;"><span style="font-size:78%;"><span style="font-weight: normal;">Publicado em 28/2/2009, no site do Correio Braziliense, <a href="http://www.correiobraziliense.com.br/blog/blogdovicente/">Blog do Vicente Nunes,</a></span>
<br /><span style="font-weight: normal;">coluna A Psicologia e o Dinheiro</span>
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<br /><div style="text-align: justify;"><span style=";font-family:verdana;font-size:85%;" >Na última quinta-feira, durante programa da CBN, a jornalista Miriam Leitão lançou a seguinte pergunta: “Por que há tanto interesse político nos fundos de pensão?” A partir daí, ela falou sobre o PMDB e os R$ 6,3 bilhões dos funcionários de Furnas; as acusações feitas pelo ministro de Minas e Energia contra a diretoria da Fundação Real Grandeza; o convite à confusão que significam as indicações políticas para os cargos de diretoria das estatais e dos fundos de pensão; a necessidade de serem protegidos os interesses dos funcionários; a importância de esses cargos serem ocupados por técnicos com visão atuarial; o quanto esse assunto é sério, não cabendo aí “barganha política”. E apresentou outra questão: “Por quantos escândalos o Brasil precisará passar para que se mude o processo de ocupação dessas empresas?”.</span>
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<br /><span style=";font-family:verdana;font-size:85%;" >Acho que ninguém precisa ser economista para entender tamanho interesse. Aliás, ninguém precisa nem mesmo ser esperto. Mas essa segunda pergunta da Miriam Leitão me fez lembrar uma que costumo fazer a pacientes que vivem situações absurdas de sofrimento e prejuízos, que sabem exatamente o que precisam fazer pra resolver seus problemas, mas que ficam adiando, protelando, procrastinando o inevitável, incapazes de se defender.</span>
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<br /><span style=";font-family:verdana;font-size:85%;" >Vou citar um exemplo. Certa vez, após uma palestra, fui procurada por uma mulher que, de cara, vi que precisava de ajuda. Ela tinha 30 anos e, embora aparentasse muito mais idade, certamente poderia ser classificada de bonita. Estava bastante angustiada e, logo que sentamos para conversar, resumiu assim sua vida: disse ter vindo de uma família que valorizava muito os estudos e o sucesso profissional. Aos 24 anos, já tinha um excelente emprego público, com uma carreira promissora, casa própria e um carro do ano. Vivia feliz, tinha amigos e só se preocupava em prosperar. Até que reencontrou um colega de faculdade, que não demorou a lhe propor casamento. Parece até final de novela da Globo, não é mesmo?</span>
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<br /><span style=";font-family:verdana;font-size:85%;" >Só que o casamento não fluiu como os dos romances. Logo ela descobriu que seu príncipe era um poço de problemas. Ele se revelou grosseiro, infiel, pródigo, malandro, abusivo, incapaz de retribuir afeto. Ela, como geralmente acontece, não conseguia acreditar no que via. E, na tentativa de salvar a relação, fez coisas de que até Deus duvida. Assumindo toda a responsabilidade pelo fracasso do relacionamento, tentou ser a companheira dos sonhos de qualquer homem - compreensiva, paciente, sexy, fiel, econômica, trabalhadeira, incansável. Mas nada funcionou. Em poucos meses, perdeu as economias de anos, excelentes oportunidades de trabalho, a beleza, os amigos, a saúde física, a saúde mental, a fé. Seu olhar tornara-se embaçado, as rugas e o excesso de peso tomaram conta, assim como a depressão. Rapidamente não era nem mesmo uma sombra do que havia sido. E, naquele momento, tudo o que lhe restava, além daquele “maridão”, eram o sentimento de impotência e a vontade de morrer.</span>
<br />
<br /><span style=";font-family:verdana;font-size:85%;" >Entretanto, apesar de reconhecer que rolava desgovernadamente ladeira abaixo, ela nada conseguia fazer para se salvar, mantendo o divórcio como completamente fora de cogitação. E, assim, seguia se submetendo aos caprichos de alguém que dirigia sua vida sem o menor cuidado, sem comprometimento, incapaz de enxergar que ela era um ser humano, que não estava ali para atender aos seus caprichos, para ser usada e jogada fora quando não mais servisse aos seus propósitos mesquinhos. E foi para essa mulher, que se mostrava tão resistente a enxergar o óbvio, que perguntei:”Quanto você ainda precisa perder?”</span>
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<br /><span style=";font-family:verdana;font-size:85%;" >Muitas vezes, deixamos assuntos nossos nas mãos de outros. Mas essas pessoas precisam ser cuidadosamente escolhidas. Além de preparadas, têm de estar comprometidas conosco, com nossos interesses. Não dá para confiarmos a qualquer um nosso patrimônio, nosso bem-estar, nosso futuro, nossa vida. Não dá para simplesmente fechar os olhos e deixar a vida nos levar. O mundo está cheio de gente perigosa e não adianta trancar a porta depois de termos sido roubados. Devemos ser cuidadosos e proativos, competentes e ágeis o bastante para prever problemas, necessidades ou mudanças, alterar eventos, fazer acontecer em vez de apenas reagir. Em outras palavras - o preço da liberdade é a eterna vigilância. Valeu, irmã! Até sábado, leitores!</span><span style=";font-family:verdana;font-size:85%;" >
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<br /></span><div style="text-align: right;font-family:verdana;"><span style="font-size:85%;">Maraci Sant'Ana
<br /></span></div></div>Maraci Sant'Anahttp://www.blogger.com/profile/00192420055603744255noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-32097257.post-84680590658577646442009-03-23T09:32:00.003-03:002011-08-15T11:14:58.815-03:00Ao meu filho<div style="text-align: center; font-family:verdana;"><span style="font-size:85%;"><span style="font-weight: bold;">Série "O Dinheiro e os Relacionamentos" - Parte 11</span></span>
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<br /><div style="text-align: right;"><span style="font-size:78%;"><span style="font-family:verdana;">Publicado em 21/2/2009, no site do Correio Braziliense, <a href="http://www.correiobraziliense.com.br/blog/blogdovicente/">Blog do Vicente Nunes,</a></span></span>
<br /><span style="font-size:78%;"><span style="font-family:verdana;">coluna A Psicologia e o Dinheiro</span></span>
<br /></div>
<br /><span style="font-size:85%;">
<br /></span><div style="text-align: justify;"><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">Dezesseis de fevereiro de 2009 jamais deixará minha lembrança. Nesse dia, saiu o resultado do primeiro vestibular do ano para a Universidade de Brasília (UnB) e lá estava, na lista, o nome de meu filho, Igor, aprovado para Matemática. Foi uma felicidade muito maior até do que imaginei que sentiria. Não sei dizer se fiquei tão feliz quanto o novo universitário, mas certamente comemorei muito mais. Enquanto ele se limitava a receber os cumprimentos dos amigos, eu corria a telefonar e enviar mensagem a metade do mundo. Só mesmo uma mãe que viveu essa alegria pode entender tanta agitação.</span></span>
<br />
<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">E também me surpreendi com a reação das pessoas. Os cumprimentos não eram só para ele, mas também pra mim. E todos faziam os mesmos comentários, ressaltando o prestígio da UnB, que se estende aos que lá estudam ou se formaram, e a alegria de se ter um filho numa das melhores instituições de ensino superior do Brasil que, como se isso já não bastasse, ainda é pública, uma enorme tranquilidade para os alunos e, principalmente, para os pais desses alunos.</span></span>
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<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">Quando pensamos em um filho numa universidade, é natural que venham à nossa mente as oportunidades que um curso superior lhe trará sob o aspecto do mercado de trabalho e sucesso financeiro, do conforto de que ele e a família que vier a formar poderão usufruir, do prestígio social que mais portas lhe abrirá. Claro que tudo isso é importante, mas é pouco para qualquer ser humano, principalmente se ele foi agraciado com um privilégio tão grande num país de tantas desigualdades sociais como o nosso.</span></span>
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<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">Porque a UnB é muito mais do que uma universidade de excelência cercada de prêmios e menções honrosas. É um dos símbolos da capital federal. E não apenas por sua preocupação em produzir, integrar e divulgar conhecimento, mas pelo compromisso de formar cidadãos éticos, socialmente responsáveis, atentos ao desenvolvimento sustentável, ao respeito à diversidade, à liberdade intelectual, à preservação e à valorização da vida.</span></span>
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<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">Porque a UnB é muito mais do que uma instituição de quase meio século de uma existência efervescente, que começou com o sonho do antropólogo Darcy Ribeiro. Ela é resultado do esforço de gente do naipe do arquiteto Oscar Niemeyer; do artista plástico Athos Bulcão; dos educadores Anísio Teixeira e Cristovam Buarque; dos estudantes Honestino Guimarães, que faz parte da lista dos desaparecidos políticos, e Waldemar Alves, baleado na cabeça num confronto com a ditadura militar; dos pedreiros Expedito Xavier Gomes e Gedelmar Marques, que morreram soterrados em um acidente durante a construção.</span></span>
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<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">Porque a UnB é uma sobrevivente que suportou com firmeza diversas invasões por policiais militares e pelo Exército; o pedido coletivo de demissão de 1965, em que 209 professores e instrutores protestaram contra a repressão; as armas, a destruição e as prisões; a luta dos próprios alunos contra a má qualidade do ensino e a falta de infraestrutura; os protestos que, recentemente, derrubaram um reitor acusado de improbidade administrativa. É uma verdadeira fênix, que representa a esperança e a continuidade da vida após a morte, a capacidade de renascer das próprias cinzas.</span></span>
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<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">Foi por tudo isso que, ao cumprimentar meu filho naquela tarde tão feliz, eu lhe disse que procure, nessa nova fase de sua vida, não apenas sucesso profissional, dinheiro, prestígio, mas algo que está muito além disso tudo; que, na qualidade de aluno, ele não se restrinja a receber o conhecimento, mas a conquistá-lo; que não se limite ao que pode lhe trazer o uso do cérebro, mas também o do coração; que busque o crescimento intelectual, mas, acima dele, o moral; que aproveite a convivência com os colegas para fazer grandes amizades porque com muitos ele conviverá pelo resto da vida e alguns o acompanharão tal qual irmãos de sangue; e que aproveite ao máximo os ensinamentos dos professores porque alguns merecerão dele, para sempre, o tratamento de mestre.</span></span>
<br />
<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">E, ao olhar bem dentro daqueles grandes olhos castanhos, eu lhe pedi que se comprometa a sempre usar o talento que possui e o conhecimento que certamente adquirirá em favor de todos com quem se encontrar de uma forma ou de outra; que, deixando de lado o egoísmo que ainda nos empobrece, coloque-se à disposição do Universo para fazer o possível e o impossível em favor dos necessitados, dos desfavorecidos, dos que o cercam, da Humanidade.</span></span>
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<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">Porque, mais do que de profissionais inteligentes e preparados, precisamos de gente de verdade, com os pés na terra e os olhos voltados para o céu; de comprometimento; de seres humanos que entendam que as oportunidades que são dadas a alguns são resultado do suor de muitos, de todos nós que pagamos impostos desejosos de que eles sejam empregados da melhor maneira, de pessoas que jamais pisarão o campus, de milhões de analfabetos funcionais, de brasileiros que morrerão sem ter aprendido a ler.</span></span>
<br />
<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">Assim, o que desejo, de coração, é que não apenas meu filho, mas todos os que habitam as universidades, tenham sempre em mente que os poderes de que realmente necessitamos, os que fazem a diferença, os que nos levam muito além dos nossos sonhos mais fantásticos, são os que estão mergulhados nas profundezas das nossas almas.</span></span>
<br />
<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">E, a essas criaturinhas de Deus, deixo as palavras de Chico Xavier que, no poema Amorosamente, disse que um pequeno grão de alegria e esperança dentro de cada um é capaz de mudar e transformar qualquer coisa, pois a vida é construída nos sonhos e concretizada no amor! Valeu, Chico! Valeu, Igor, filho amado!</span></span>
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<br /><div style="text-align: right;"><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">Maraci Sant'Ana
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<br /></span></span></div></div>Maraci Sant'Anahttp://www.blogger.com/profile/00192420055603744255noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-32097257.post-41197401181901186362009-03-16T08:30:00.004-03:002011-08-15T11:15:07.002-03:00Só o que é bom<div style="text-align: justify;"><div style="text-align: right; font-style: italic;"><span style="font-size:78%;">Publicado em 14/2/2009, no site do Correio Braziliense,<a href="http://www.dzai.com.br/blog/blogdovicente"> Blog do Vicente Nunes</a>,
<br />coluna A Psicologia e o Dinheiro
<br /></span></div>
<br /><span style=";font-family:verdana;font-size:85%;" >
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<br />Nesta semana, este blog trouxe notícia intitulada Caixa e a lei de Ricúpero: Mostra o que é bom, esconde o que é ruim. A nota fez menção a conselho que teria sido dado há 15 anos pelo então ministro da Fazenda, Rubens Ricúpero, de que devemos esconder o que é ruim e só mostrar o que é bom. Assim, a Caixa Econômica Federal, ao divulgar os resultados do ano passado, teria ignorado os números referentes ao último trimestre, período em que a crise mundial bateu forte no país, chegando a reduzir o lucro total de 2007 como forma de mostrar um crescimento maior em comparação com o ganho de 2008.
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<br />Parece coisa de começo de relacionamento, em que nos empenhamos em salientar nossas qualidades e disfarçar os defeitos, que só poderão ser descobertos aos poucos, com o tempo. Conheço um ginecologista, com quem já participei de palestras e entrevistas, que nos aconselha a nunca nos casarmos ou termos filho antes de completos 18 meses da relação. Segundo ele, é o tempo em que não apenas as máscaras iniciais caíram, mas também a paixão sossegou o suficiente para que possamos enxergar o outro como ele é ou, pelo menos, perto disso.
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<br />Em outras palavras, no auge do romance, além de naturalmente nos esforçarmos para esconder o que é ruim e só mostrar o que é bom, vender um sonho de felicidade, contamos com a ajuda do parceiro, que tende a ignorar qualquer coisa que vá contra a imagem do amor ideal. E o resultado disso pode ser péssimo porque, um dia, “a casa cai” e, de tanta paixão, poderá restar apenas susto, dor, tristeza, mágoa, revolta, ódio.
<br />
<br />No grupo Para sobreviver a um grande amor, ouço sempre relatos de relacionamentos horríveis, muitos envolvendo abusos de toda ordem, que tiveram começos fantásticos, vertiginosos, que nada ficavam a dever aos encontros românticos que acontecem nas novelas que encantam tanta gente. São histórias lindas, cheias de emoção, de sonhos, de promessas, em que pessoas se esforçam para parecer o que não são e veem no parceiro apenas o que lhes interessa, o que combina com o momento mágico vivido.
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<br />Se temos o cuidado de procurar conhecer realmente o outro, deixando de lado a ilusão de que existe no mundo alguém que aqui está para corresponder às nossas expectativas; se temos a coragem de ler as entrelinhas, de prestar atenção aos detalhes, ao que acontece não apenas nos grandes momentos, mas também no dia-a-dia; se nos dispomos a ouvir nossa voz interior, aquela que grita “cuidado!” quando algo estranho acontece, damos prova de maturidade, de respeito a nós mesmos e ao outro, mesmo que esse outro não esteja pronto para se respeitar ou nos respeitar.
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<br />Todos temos características luminosas, mas também outras que ainda habitam o reino das sombras. E elas se manifestam alternadamente, em nós e nos outros também. Todos somos capazes de produzir mel, tal qual as abelhas, mas também de ferroar. Todos temos qualidades e defeitos. E só podemos dizer que amamos ou somos amados quando enxergamos o outro como ele é e somos por ele também vistos como somos. Ninguém pode dizer que ama alguém que, em verdade, nem conhece. Valeu, irmã! Até sábado, leitores!
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<br /></span><div style="text-align: right;font-family:verdana;"><span style="font-size:85%;">Maraci Sant'Ana
<br /></span></div><span style=";font-family:verdana;font-size:85%;" >
<br />
<br />*<span style="font-style: italic;">Interessados em participar do grupo de terapia PARA SOBREVIVER A UM GRANDE AMOR poderão obter mais informações falando comigo pelo telefone (61) 9967.0990.</span>
<br /></span></div>Maraci Sant'Anahttp://www.blogger.com/profile/00192420055603744255noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-32097257.post-14284395855925203202009-03-10T13:38:00.003-03:002011-08-15T11:15:16.035-03:00Em Frangalhos<div style="text-align: justify;">
<br /></div><div style="font-weight: bold; text-align: center;font-family:verdana;"><span style="font-size:85%;">Série "O Dinheiro e os Relacionamentos" - Parte 10
<br /></span></div>
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<br /><div style="font-style: italic; text-align: right;font-family:verdana;"><span style="font-size:78%;">Publicado em 7/2/2009, no site do Correio Braziliense, <a href="http://www.dzai.com.br/blog/blogdovicente">Blog do Vicente Nunes,</a>
<br />coluna A Psicologia e o Dinheiro
<br /></span></div><div style="text-align: justify;">
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<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">Foi impressionante o acidente ocorrido na última quarta-feira com um ônibus da Viação Planeta que vinha de Santa Maria e capotou embaixo do viaduto do balão do aeroporto. Ele envolveu cerca de 80 pessoas e, além de uma mulher morta, deixou 53 feridos. Mas tão impressionantes quanto são os números divulgados pelo Correio Braziliense, que traduzem a precariedade do transporte coletivo no Distrito Federal – 140.490 problemas graves apontados pela fiscalização, que comprometem a segurança dos passageiros e aumentam o risco de acidentes; falhas elétricas em 28,7% dos casos, estruturais em 14,4%, de suspensão em 8,11% e nos freios em 6,8%; 34% da frota com mais de sete anos de uso, sendo que alguns veículos com quase vinte.</span>
<br />
<br /><span style="font-family:verdana;">São ônibus velhos, muitos caindo aos pedaços, em frangalhos, que poluem o meio ambiente e circulam colocando em risco condutores, cobradores, passageiros, outros motoristas e pedestres; que quebram pelo caminho; que estão constantemente atrasados e superlotados; que tremem tanto que deixam a impressão de que não chegarão inteiros ao final da viagem; em que o calor, a barulheira e a sujeira são insuportáveis.</span>
<br />
<br /><span style="font-family:verdana;">Quando acontece um acidente, o que ouvimos das pessoas é que elas têm medo de andar de ônibus, que os riscos são grandes, que a velocidade está sempre acima do seguro ou do permitido e que as freadas bruscas são frequentes, assim como os avanços de sinal, os finos tirados de outros veículos. É muita imprudência, pouquíssima demonstração de respeito e responsabilidade, nada de atitude. E quando um condutor trafega dentro da lei, respeitando os limites de velocidade e os sinais de trânsito, os próprios passageiros reclamam, dizendo que têm horário a cumprir.</span>
<br />
<br /><span style="font-family:verdana;">Tudo gira em torno de dinheiro. Empresários gananciosos querem ganhar cada vez mais; o serviço por eles prestado é, na melhor das hipóteses, o mínimo exigido por lei, em qualidade e quantidade; as condições de trabalho impostas a motoristas e cobradores são horríveis - os salários são baixíssimos, a jornada é estafante, a cobrança é desumana. Além disso, as autoridades governamentais parecem coniventes, já que fiscalização e providências efetivas, quando acontecem, são consequências de grandes desastres ou de denúncias feitas pela imprensa.</span>
<br />
<br /><span style="font-family:verdana;">Só que, pior do que tudo isso é nossa incapacidade de nos proteger, de proteger nossas crianças e velhos. Entra ano, sai ano, entra governo, sai governo e as promessas não se cumprem. E continuamos a permitir que nos tratem dessa forma, como se não fossemos merecedores de nada melhor, de um transporte digno, enquanto aqueles que vivem dessa exploração desfilam seus carrões, indiferentes à sorte dos que mofam nas paradas de ônibus, dia e noite, no sol ou na chuva, à espera de um transporte lamentável, vergonhoso.</span>
<br />
<br /><span style="font-family:verdana;">Mas, como sempre digo, também isso já foi pior. E, um dia, será ótimo, quando nós, que ainda não tomamos as rédeas de nosso destino, aprendermos que tudo o que fazemos de bom ou ruim tem consequências, desdobramentos; quando, livres dessa ignorância que nos embota, enxergarmos quem realmente somos, nem mais nem menos do que até aqui supomos; e finalmente entendermos que só nos atingem quando o permitimos, que o poder não está nas mãos dos que se julgam poderosos, mas daqueles que o concedem. Valeu irmã! Até sábado, leitores!
<br />
<br /></span></span><div style="text-align: right;"><span style="font-size:85%;">Maraci Sant'Anna<span style="font-family:verdana;"></span></span>
<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;"></span></span></div><span style="font-size:85%;">
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<br /><span style=" font-style: italic;font-family:verdana;" >Os interessados nos grupos de terapia Para sobreviver a um grande amor, para mulheres adultas e adolescentes que viveram ou estão vivendo um relacionamento amoroso problemático; TOC, para adultos e adolescentes que sofrem de Transtorno Obsessivo-Compulsivo; e PÂNICO, para adultos e adolescentes que sofrem de Síndrome do Pânico, poderão falar comigo no telefone (61)9967.0990.</span></span></div>Maraci Sant'Anahttp://www.blogger.com/profile/00192420055603744255noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-32097257.post-70422720890800936082009-03-02T08:18:00.003-03:002011-08-15T11:15:22.141-03:00Vale a pena negociar?<div style="text-align: justify;"><div style="text-align: right; font-style: italic;"><span style="font-size:78%;"><span style="font-family:verdana;">Publicado em 31/1/2009, no site do Correio Braziliense, <a href="http://www.dzai.com.br/blog/blogdovicente">Blog do Vicente Nunes,</a></span>
<br /><span style="font-family:verdana;">coluna A Psicologia e o Dinheiro</span>
<br /></span></div>
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<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">Por mais que digam que o Brasil não será derrubado pela crise, por mais que insistam em afirmar que estamos com a economia em ordem e que vamos continuar crescendo – em um ritmo menor, mas crescendo - não dá para relaxar quando a OIT anuncia que 50 milhões de pessoas, em todo o mundo, até o final deste ano, poderão perder seus empregos, que cerca de 200 milhões de trabalhadores, a maioria em países em desenvolvimento, poderão ser levados à pobreza extrema. Assim, a cada dia, vemos surgir propostas que têm o objetivo de evitar mais desemprego. E o JN de 22 de janeiro nos trouxe a seguinte questão: Vale a pena negociar direitos em troca de garantia de emprego?</span>
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<br /><span style="font-family:verdana;">A matéria cita o caso de uma empresa de Jacareí que propôs aos empregados redução do salário e da jornada; da ArcelorMittal, que acordou que cada empregado fique de três a cinco meses de licença, recebendo 55% do salário mais um auxílio do governo para programa de treinamento; da Vale, que propôs, a parte do seu pessoal, redução do salário com licença remunerada e manutenção dos benefícios até o fim de maio. E, em reportagem semelhante, o Jornal da Globo da última terça-feira citou o caso da Randon, que propôs que, até o fim de abril, os operários de sete das nove fábricas de Caxias do Sul deixem de trabalhar cinco dias por mês, com um corte de 10% nos salários; e do Pólo Nacional de Duas Rodas, que fechou com os empregados que eles ganharão o mesmo salário trabalhando de terça a sexta-feira, o que significaria economia em energia, transporte e alimentação.</span>
<br />
<br /><span style="font-family:verdana;">Nessas horas, as opiniões invariavelmente se dividem. Segundo noticiado, a CUT é contra as propostas, alegando que alguns empresários estão se aproveitando do momento para reduzir custos com o sacrifício dos trabalhadores; a Força Sindical diz que esses acordos podem ser a saída para evitar demissões; e o ministro do Trabalho defende a liberdade de negociação entre trabalhadores e empregadores. Se pararmos para ouvir todo mundo, certamente encontraremos lógica em cada posicionamento, em cada argumentação. Se há riscos em se flexibilizarem direitos, também não podemos esquecer que é melhor uma parcela de alguma coisa a cem por cento de nada.</span>
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<br /><span style="font-family:verdana;">Em seu discurso de posse, Barack Obama deixou claro que a economia americana está enfraquecida não apenas por conta da ganância e da irresponsabilidade de alguns, mas de erros cometidos por todo o povo. Ao se posicionar dessa maneira, o 44º presidente dos EUA repartiu responsabilidades, já que se posicionar como vítima não ajuda ninguém nessas horas, não instiga à superação, não leva ao crescimento. E ao falar que os trabalhadores não perderam a capacidade de produzir ou de inventar, mas que a época de proteger patentes e interesses limitados, e de adiar decisões desagradáveis já passou, ele me traz a idéia de que os homens continuam tão talentosos quanto eram antes da crise, mas que a realidade mudou e que a ela todos precisamos nos adaptar, sem distinção, para que possamos sobreviver.</span>
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<br /><span style="font-family:verdana;">Na coluna de sábado passado, a leitora Taíse comenta que, em viagem recente, viu de perto um Brasil “de crianças descalças que nunca tiveram acesso a tratamento dentário, mas que recebem um visitante com cativante sorriso, de adultos com poucos recursos e instrução, mas que têm disposição para compartilhar alimento e abrigo com quem necessite” e completa perguntando: “Será esse o segredo? Olhar menos para o próprio umbigo ou para o olho do furacão e em vez disso olhar em volta? O que cada um de nós tem feito para melhorar o mundo ao nosso redor? Não ignoro a crise e seus desdobramentos, mas acredito que passaremos por ela se não deixarmos de enxergar o que há além dela”.</span>
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<br /><span style="font-family:verdana;">Parece que o discurso de Taíse se afina com o de Obama quando ele diz: “Por mais que um governo possa e deva fazer, é em última análise na fé e na determinação do povo americano que esta nação confia. É a bondade de acolher um estranho quando as represas arrebentam, o desprendimento de trabalhadores que preferem diminuir suas horas de trabalho a ver um amigo perder o emprego que nos assistem em nossas horas mais sombrias. É a coragem de um bombeiro para invadir uma escadaria cheia de fumaça, mas também a disposição de um pai para criar uma criança que finalmente decidem nosso destino”.</span>
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<br /><span style="font-family:verdana;">As pessoas, estadistas e leitores, andam inspiradas e inspiradoras. Elas tornam fácil a escrita desta coluna. Elas nos mostram que altos e baixos fazem parte da vida, que às vezes é preciso mexer nos direitos de alguns em favor da maioria, que os momentos de crise são para analisar o que é realmente necessário, cortar supérfluos, rever projetos e estratégias, na certeza de que toda situação, por pior que se apresente, tem um lado bom. A crise de 1929, por exemplo, fez surgir uma nova ordem econômica mundial. E, como dizem os economistas, o dinheiro não vai sumir, apenas mudará de mãos, mais uma vez. Valeu, Obama, Valeu, Taíse, Valeu, irmã! Até sábado, leitores!
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<br /></span></span><div style="text-align: right; font-family:verdana;"><span style="font-size:85%;">Maraci Sant'Ana
<br /></span></div>
<br /></div>Maraci Sant'Anahttp://www.blogger.com/profile/00192420055603744255noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-32097257.post-57023496932243976602009-02-16T09:29:00.002-03:002011-08-15T11:15:30.329-03:00Andorinhas na Crise<div style="text-align: justify;"><div style="text-align: right; font-style: italic;"><span style="font-size:78%;"><span style="font-family:verdana;">Publicado em 24/1/2009, no site do Correio Braziliense, <a href="http://www.dzai.com.br/blog/blogdovicente">Blog do Vicente Nune</a>s,</span>
<br /><span style="font-family:verdana;">coluna A Psicologia e o Dinheiro</span>
<br /></span></div>
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<br /><div style="text-align: center; font-weight: bold;"><span style="font-size:78%;"><span style="font-family:verdana;">Série: "O dinheiro e os Relacionamentos" - Parte 9
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<br /></span> </span></div>
<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">A coluna de sábado passado, que tratou do pavor provocado pela onda de desemprego, recebeu vários comentários, mas dois me tocaram especialmente – o de Riomar, que disse: “... fiquei dois anos desempregado e quase perdi minha família. Meus filhos ficaram até sem ter o que comer. Se não fosse a ajuda de vizinhos bondosos, teria cometido uma loucura”; e o de Tião Silva, que nos contou o seguinte: “... Não é fácil conviver com o desemprego. Graças a Deus, estou empregado e não falta nada a minha família. Mas tenho amigos que estão desesperados porque só sobrevivem com a ajuda de familiares. Isso não é digno para ninguém”.</span>
<br />
<br /><span style="font-family:verdana;">Essas duas histórias me fizeram lembrar outra, do livro O vendedor de sonhos, do psiquiatra e psicoterapeuta Augusto Cury, que me permito aqui resumir: Certa vez, houve uma inundação numa imensa floresta. Os grandes animais batiam em retirada, deixando até os filhos para trás e devastando tudo o que estava à frente. Os animais menores seguiam seus rastros. De repente, uma pequena andorinha, toda ensopada, apareceu na contramão procurando a quem salvar. Todos riam, dizendo que ela era louca, que não enxergava sua pequenez. Por onde passava, ela era ridicularizada, mas não desistia. Suas asas estavam fatigadas quando ela viu um filhote de beija-flor se debatendo na água. Mesmo sem saber nadar, com muito esforço, ela salvou o pequenino pássaro, deixando-o em local seguro. E, àqueles que a chamaram de maluca, dizendo que ela tentava aparecer dando uma de heroína, ela respondeu: “Só me sinto digna das minhas asas se eu as utilizar para fazer os outros voarem”.</span>
<br />
<br /><span style="font-family:verdana;">Parece que esses dois leitores nos trouxeram histórias de andorinhas, de gente que não se acomoda na confortável e privilegiada posição de salvador; que entende a responsabilidade que todos temos com cada um de nós; que ultrapassou a barreira que nos leva a crer que basta que não façamos o mal e enxerga que precisamos fazer o bem; que tem consciência do poder dos talentos recebidos do Universo e de que é nosso dever usá-los da melhor forma também em favor dos outros; que já compreendeu que somos todos um.</span>
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<br /><span style="font-family:verdana;">No livro Renovando atitudes, psicografado por Francisco do Espírito Santo Neto, o Espírito Hammed nos diz que Allan Kardec, um dos precursores do pensamento ecológico, referia-se à Providência Divina como a atenção de Deus para com tudo e todos, definindo-a como a solicitude que “está por toda parte, tudo vê e a tudo preside, mesmo as menores coisas”. E Hammed completa afirmando que a humanidade continua estudando e observando essa atenção celestial em que cada ser vivo do planeta se interconecta, todos essencialmente necessários à manutenção de todos, aprendendo a ver a vida em suas harmoniosas relações de auto-ajuda, visto que submetida sempre a uma Ação Superior e Inteligente que a todos provê.</span>
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<br /><span style="font-family:verdana;">A crise que estamos atravessando não é a primeira e nem será a última. Vai levar um tempo até que consigamos parar de criá-las. Só que, do que aprendermos agora, dependerão as feições das próximas, a maneira como as receberemos e com elas lidaremos. E, ao contrário do que muitos pensam, não é quem socorre que nos dá a maior lição, mas aquele que se fez carente de ajuda, que passa por uma situação difícil e, naquele momento, corajosamente ou não, vivenciando uma árdua prova, submetido à rudeza e à ignorância que ainda nos cerca, permite que exercitemos nossa verdadeira missão, nem que seja só um pouquinho, que nos tornemos dignos das asas recebidas. Valeu, Riomar! Valeu, Tião! Valeu, irmã! Até sábado, leitores!
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<br /></span></span><div style="text-align: right;"><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;">Maraci Sant'Ana</span></span>
<br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family:verdana;"></span></span></div><span style="font-size:85%;">
<br /><span style="font-family:verdana;">
<br /><span style="font-style: italic;">Os interessados nos grupos de terapia Para sobreviver a um grande amor, para mulheres adultas e adolescentes que viveram ou estão vivendo um relacionamento amoroso problemático; TOC, para adultos e adolescentes que sofrem de Transtorno Obsessivo-Compulsivo; e PÂNICO, para adultos e adolescentes que sofrem de Síndrome do Pânico, poderão falar comigo no telefone (61)9967.0990.</span></span></span> </div>Maraci Sant'Anahttp://www.blogger.com/profile/00192420055603744255noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-32097257.post-60697984325562156662009-02-09T07:13:00.005-03:002011-08-15T11:15:37.437-03:00O Pavor do Desemprego<div style="text-align: right; font-style: italic;"><span style="font-size:78%;"><span style="font-family:verdana;">Publicado em 17/1/2009, no site do Correio Braziliense, <a href="http://www.dzai.com.br/blog/blogdovicente">Blog do Vicente Nunes</a>,</span></span>
<br /><span style="font-size:78%;"><span style="font-family:verdana;">coluna A Psicologia e o Dinheiro</span></span>
<br /></div>
<br />
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<br /><div style="text-align: justify;font-family:verdana;"><span style="font-size:85%;">Não tem jeito – falou em crise, logo surge em nossa mente a ideia de inflação, mercado e juros enlouquecidos, recessão, pé no freio, cinto apertado. Mas, o que apavora mesmo é pensar especificamente em desemprego. Assim que começam a anunciar férias coletivas e fechamento de grandes empresas, todos ficamos preocupados, muitos ficam apavorados. Poucas coisas são tão assustadoras quanto a perda do meio de sobrevivência. É dureza, principalmente para quem tem família a sustentar, contas a pagar.</span>
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<br /><span style="font-size:85%;">Quando ficamos desempregados ou estamos correndo esse risco, bate um desespero, uma agonia, um desassossego. Os pensamentos vão e vêm num verdadeiro frenesi, mistura de decepção, raiva, desânimo, remorso, vergonha, sentimento de impotência, de ser um fracasso. Nessas horas é que as pessoas lamentam não terem estudado para um concurso público; não terem se especializado; não terem se arriscado em outro ramo ou país; a poupança torrada em supérfluos; a falta de empenho, de juízo, de coragem.</span>
<br />
<br /><span style="font-size:85%;">Ontem, o Jornal da Globo mostrou o que está acontecendo na Renault. Mil empregados da fábrica tiveram seus contratos suspensos, numa alternativa à demissão, e estão frequentando cursos que podem lhes abrir novas oportunidades. Talvez nós devessemos nos ocupar desse tipo de medida ao longo da vida, aproveitando os ventos favoráveis para aumentar nossa empregabilidade, tal qual fazem empresas que atuam em diferentes ramos e pessoas que diversificam seus investimentos financeiros na tentativa de se precaver, resguardar o já conquistado o mais possível. Estudar sempre, buscando especialização ou nova profissão deve ser encarado como necessidade. É uma medida que nos permite ampliarmos nossos horizontes intelectuais e nossos contatos profissionais e pessoais. Penso que, dessa forma, diluímos os riscos de sermos pegos de surpresa e, apesar do susto inicial, evitamos o pânico, por termos em que nos segurar.</span>
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<br /><span style="font-size:85%;">Estarmos bem hoje não é garantia de estarmos bem sempre. Mesmo quem não corre o risco de perder o emprego pode vir a ter uma perda financeira, como a saída de um cargo comissionado. Todos os dias, vemos excelentes profissionais dispensados como resultado de uma mudança de governo, de triste politicagem. Pessoas que, de repente, sentem-se perdidas depois de anos numa mesma área, numa mesma atividade, preparadíssimas que estão para um único posto, incapazes de sacudir a poeira e dar a volta por cima de pronto.</span>
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<br /><span style="font-size:85%;">Para estarmos em situação de risco, basta que estejamos vivos. E considerando que vivos sempre estamos, já que nunca morremos, submetemo-nos a essa lei de virmos a nos dar bem ou mal. Para uns, o perigo é maior e imediato, é verdade, mas ninguém escapa. Nunca foi diferente, mas, quando vivemos em um mundo globalizado, fica tudo mais visível, tangível. A crise no Citigroup, por exemplo, pode desempregar vários operários da construção civil aqui, em Brasília. Fica difícil para um ajudante de pedreiro entender isso, mas essa é a nossa realidade. Até parece que o Universo está tentando nos dizer algo, a cada um de nós, individualmente. Valeu, irmã! Até sábado, leitores!</span>
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<br /><div style="text-align: right;"><span style="font-size:85%;">Maraci Sant'Ana</span>
<br /></div></div>
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<br /><div style="text-align: justify; font-style: italic;font-family:verdana;"><span style="font-size:85%;">Os interessados nos grupos de terapia Para sobreviver a um grande amor, para mulheres adultas e adolescentes que viveram ou estão vivendo um relacionamento amoroso problemático; TOC, para adultos e adolescentes que sofrem de Transtorno Obsessivo-Compulsivo; e PÂNICO, para adultos e adolescentes que sofrem de Síndrome do Pânico, poderão falar comigo no telefone (61)9967.0990.</span></div>Maraci Sant'Anahttp://www.blogger.com/profile/00192420055603744255noreply@blogger.com1