24 de junho de 2008

Iinf

Publicado em 10/5/2008, no site do Correio Braziliense, Blog do Vicente Nunes,

coluna A Psicologia e o Dinheiro.


O Correio de terça-feira trouxe a notícia do caso de uma mulher condenada pelo TJDF a pagar R$ 7 mil ao ex-marido, a titulo de indenização, por ter sido flagrada, quando ainda eram casados, na cama dos dois, com outro homem. O dinheiro seria uma compensação pela violação da honra do marido pela esposa.

Entrevistada, a antropóloga Rita Segato teria dito que a idéia de que a moral do marido, do pai ou dos irmãos depende da moral de uma mulher “tem que ser desmontada”. Concordo plenamente e acredito que, um dia, ninguém mais se sentirá desmoralizado pela atitude de outro, prova inconteste de que vivemos focados fora de nós.

Mas, nobres análises à parte, confesso que me permiti um devaneio – “Se a moda pega... pode ser o fim do chifre”. Só que, rapidamente, voltei à realidade - nada neste mundo tem tanto poder. Então, procurando encontrar o lado bom que têm todas as coisas, pensei o quanto a novidade não vai movimentar a já fermentada indústria do Direito. Num país que forma tantos advogados, algo assim abre horizontes ainda mais promissores. Mais trabalho e dinheiro pra muita gente.

A partir daí, minha imaginação foi longe e concluí que, se o chifre é uma instituição universal, não há razão para apenas a vítima ganhar com ele. Lembrei, então, dos que defendem a legalização do jogo do bicho e dos cassinos, argumentando que, com a legitimação, poderíamos controlar essas atividades e cobrar impostos, que teriam destinação social. Só que, para isso, dependeríamos da descriminalização, com o quê muitos não concordam.

Já no caso da infidelidade, parece que a coisa seria mais fácil porque traição não é crime. Então, só precisaríamos implantar um método de controle e estabelecer o Imposto sobre Infidelidade, que minha irmã batizou com a sigla Iinf. Isso seria uma revolução na economia do Brasil, num primeiro momento, e, depois, do resto do planeta, já que vivemos num mundo globalizado que não perde a oportunidade de copiar grandes idéias.

Maraci Sant'Ana


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