Publicado em 24/1/2009, no site do Correio Braziliense, Blog do Vicente Nunes,
coluna A Psicologia e o Dinheiro
coluna A Psicologia e o Dinheiro
Série: "O dinheiro e os Relacionamentos" - Parte 9
A coluna de sábado passado, que tratou do pavor provocado pela onda de desemprego, recebeu vários comentários, mas dois me tocaram especialmente – o de Riomar, que disse: “... fiquei dois anos desempregado e quase perdi minha família. Meus filhos ficaram até sem ter o que comer. Se não fosse a ajuda de vizinhos bondosos, teria cometido uma loucura”; e o de Tião Silva, que nos contou o seguinte: “... Não é fácil conviver com o desemprego. Graças a Deus, estou empregado e não falta nada a minha família. Mas tenho amigos que estão desesperados porque só sobrevivem com a ajuda de familiares. Isso não é digno para ninguém”.
Essas duas histórias me fizeram lembrar outra, do livro O vendedor de sonhos, do psiquiatra e psicoterapeuta Augusto Cury, que me permito aqui resumir: Certa vez, houve uma inundação numa imensa floresta. Os grandes animais batiam em retirada, deixando até os filhos para trás e devastando tudo o que estava à frente. Os animais menores seguiam seus rastros. De repente, uma pequena andorinha, toda ensopada, apareceu na contramão procurando a quem salvar. Todos riam, dizendo que ela era louca, que não enxergava sua pequenez. Por onde passava, ela era ridicularizada, mas não desistia. Suas asas estavam fatigadas quando ela viu um filhote de beija-flor se debatendo na água. Mesmo sem saber nadar, com muito esforço, ela salvou o pequenino pássaro, deixando-o em local seguro. E, àqueles que a chamaram de maluca, dizendo que ela tentava aparecer dando uma de heroína, ela respondeu: “Só me sinto digna das minhas asas se eu as utilizar para fazer os outros voarem”.
Parece que esses dois leitores nos trouxeram histórias de andorinhas, de gente que não se acomoda na confortável e privilegiada posição de salvador; que entende a responsabilidade que todos temos com cada um de nós; que ultrapassou a barreira que nos leva a crer que basta que não façamos o mal e enxerga que precisamos fazer o bem; que tem consciência do poder dos talentos recebidos do Universo e de que é nosso dever usá-los da melhor forma também em favor dos outros; que já compreendeu que somos todos um.
No livro Renovando atitudes, psicografado por Francisco do Espírito Santo Neto, o Espírito Hammed nos diz que Allan Kardec, um dos precursores do pensamento ecológico, referia-se à Providência Divina como a atenção de Deus para com tudo e todos, definindo-a como a solicitude que “está por toda parte, tudo vê e a tudo preside, mesmo as menores coisas”. E Hammed completa afirmando que a humanidade continua estudando e observando essa atenção celestial em que cada ser vivo do planeta se interconecta, todos essencialmente necessários à manutenção de todos, aprendendo a ver a vida em suas harmoniosas relações de auto-ajuda, visto que submetida sempre a uma Ação Superior e Inteligente que a todos provê.
A crise que estamos atravessando não é a primeira e nem será a última. Vai levar um tempo até que consigamos parar de criá-las. Só que, do que aprendermos agora, dependerão as feições das próximas, a maneira como as receberemos e com elas lidaremos. E, ao contrário do que muitos pensam, não é quem socorre que nos dá a maior lição, mas aquele que se fez carente de ajuda, que passa por uma situação difícil e, naquele momento, corajosamente ou não, vivenciando uma árdua prova, submetido à rudeza e à ignorância que ainda nos cerca, permite que exercitemos nossa verdadeira missão, nem que seja só um pouquinho, que nos tornemos dignos das asas recebidas. Valeu, Riomar! Valeu, Tião! Valeu, irmã! Até sábado, leitores!
Maraci Sant'Ana
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