9 de fevereiro de 2009

O Pavor do Desemprego

Publicado em 17/1/2009, no site do Correio Braziliense, Blog do Vicente Nunes,
coluna A Psicologia e o Dinheiro



Não tem jeito – falou em crise, logo surge em nossa mente a ideia de inflação, mercado e juros enlouquecidos, recessão, pé no freio, cinto apertado. Mas, o que apavora mesmo é pensar especificamente em desemprego. Assim que começam a anunciar férias coletivas e fechamento de grandes empresas, todos ficamos preocupados, muitos ficam apavorados. Poucas coisas são tão assustadoras quanto a perda do meio de sobrevivência. É dureza, principalmente para quem tem família a sustentar, contas a pagar.

Quando ficamos desempregados ou estamos correndo esse risco, bate um desespero, uma agonia, um desassossego. Os pensamentos vão e vêm num verdadeiro frenesi, mistura de decepção, raiva, desânimo, remorso, vergonha, sentimento de impotência, de ser um fracasso. Nessas horas é que as pessoas lamentam não terem estudado para um concurso público; não terem se especializado; não terem se arriscado em outro ramo ou país; a poupança torrada em supérfluos; a falta de empenho, de juízo, de coragem.

Ontem, o Jornal da Globo mostrou o que está acontecendo na Renault. Mil empregados da fábrica tiveram seus contratos suspensos, numa alternativa à demissão, e estão frequentando cursos que podem lhes abrir novas oportunidades. Talvez nós devessemos nos ocupar desse tipo de medida ao longo da vida, aproveitando os ventos favoráveis para aumentar nossa empregabilidade, tal qual fazem empresas que atuam em diferentes ramos e pessoas que diversificam seus investimentos financeiros na tentativa de se precaver, resguardar o já conquistado o mais possível. Estudar sempre, buscando especialização ou nova profissão deve ser encarado como necessidade. É uma medida que nos permite ampliarmos nossos horizontes intelectuais e nossos contatos profissionais e pessoais. Penso que, dessa forma, diluímos os riscos de sermos pegos de surpresa e, apesar do susto inicial, evitamos o pânico, por termos em que nos segurar.

Estarmos bem hoje não é garantia de estarmos bem sempre. Mesmo quem não corre o risco de perder o emprego pode vir a ter uma perda financeira, como a saída de um cargo comissionado. Todos os dias, vemos excelentes profissionais dispensados como resultado de uma mudança de governo, de triste politicagem. Pessoas que, de repente, sentem-se perdidas depois de anos numa mesma área, numa mesma atividade, preparadíssimas que estão para um único posto, incapazes de sacudir a poeira e dar a volta por cima de pronto.

Para estarmos em situação de risco, basta que estejamos vivos. E considerando que vivos sempre estamos, já que nunca morremos, submetemo-nos a essa lei de virmos a nos dar bem ou mal. Para uns, o perigo é maior e imediato, é verdade, mas ninguém escapa. Nunca foi diferente, mas, quando vivemos em um mundo globalizado, fica tudo mais visível, tangível. A crise no Citigroup, por exemplo, pode desempregar vários operários da construção civil aqui, em Brasília. Fica difícil para um ajudante de pedreiro entender isso, mas essa é a nossa realidade. Até parece que o Universo está tentando nos dizer algo, a cada um de nós, individualmente. Valeu, irmã! Até sábado, leitores!

Maraci Sant'Ana


Os interessados nos grupos de terapia Para sobreviver a um grande amor, para mulheres adultas e adolescentes que viveram ou estão vivendo um relacionamento amoroso problemático; TOC, para adultos e adolescentes que sofrem de Transtorno Obsessivo-Compulsivo; e PÂNICO, para adultos e adolescentes que sofrem de Síndrome do Pânico, poderão falar comigo no telefone (61)9967.0990.

Um comentário:

RICARDO SANTOS disse...

Maraci, esse seu texto veio em um momento certo.Mas vc falou com tanta facilidade que " as pessoas deveriam buscar especializações em várias áreas para manter a empregabilidade".Ora bolas,estou sofrendo de forma angustiante para pelo menos conseguir a 1º graduação e estou sentido que para os mais pobres investir em educação é mandamento incontestável em nossa vida.Os pobres devem economizar e investir, se quiserem mudar as condições de vida e emprego.
Abraços