Publicado em 29/11/2008, no site do Correio Braziliense, Blog do Vicente Nunes,
coluna A Psicologia e o Dinheiro
coluna A Psicologia e o Dinheiro
Na semana passada, anunciei aqui que estou formando um grupo de psicoterapia para quem sofre de Transtorno Obsessivo-Compulsivo – TOC. E, como sempre acontece, várias pessoas me questionaram acerca da eficácia de um trabalho assim em comparação com o atendimento individual, enquanto outras quiseram saber o que me faz formar grupos temáticos. Às primeiras, respondi que as duas formas de terapia dão excelentes resultados, que cabe ao paciente a escolha. Às outras, expliquei que considero a terapia com grupos de pessoas que passam pelo mesmo tipo de dificuldade extremamente rica. Por isso é que, desde 1995, tenho trabalhado também dessa forma, reunindo, como no caso do Para sobreviver a um grande amor, mulheres que viveram ou estão vivendo um relacionamento problemático; do Síndrome do pânico, adultos e adolescentes perturbados por esse transtorno; e do Agora já posso contar, mulheres que sofreram abuso sexual na infância ou adolescência.
Quando pessoas atormentadas pelo mesmo problema se encontram, enxergam que não estão sozinhas e que há gente capaz de compreender a dor que sentem. Além disso, têm a oportunidade de ouvir a própria história contada por outras bocas e, a partir daí, fazer uma análise que só poderia ser feita por um espectador, alguém de fora da situação, distante o suficiente para ver com clareza. Nas sessões em grupo, cada um é atendido individualmente, na sua vez, mas tudo o que é dito naquele momento, tanto pelo terapeuta quanto pelo paciente, serve para todos, uma platéia que se beneficia dos encontros. Em situações de crise, o acolhimento, a união e um apoio firme fazem uma enorme diferença.
Isso vale igualmente para as dificuldades econômico-financeiras como esta que o mundo está vivendo agora. Um belo exemplo é o das catadoras de lixo do Riacho Fundo II que, com muita garra, criatividade, esforço, formaram a cooperativa 100 Dimensão. Ignorando todas as expectativas, elas superaram uma tremenda crise, combinação de falta de instrução, de profissão e de oportunidade. O que se passou com elas lembra muito o que acontece nos grupos temáticos de psicoterapia. Assim, vale a pena assistir ao documentário produzido pela TV Câmara e pela Fundação Banco do Brasil, que traz o sonho de Sônia Maria, vista por uma companheira como alguém de grande sabedoria e com enorme capacidade de realização, que se descreveu como uma mulher negra, com mais de 40 anos e um filho deficiente, que se uniu a um monte de gente desempregada para, juntos, montarem um negócio que lhes permitiria ganhar dinheiro e gerar empregos, dando oportunidade também a outras pessoas.
No curta, podemos assistir a depoimentos que nos falam do acanhamento inicial, do sofrimento que atinge também as pessoas mais próximas, de um começo de muito sacrifício, da necessidade de se tirar o lixo da alma, de se desfazer do orgulho, do ódio, da vaidade, da dor. Mas também há testemunhos de união, poder de decisão, clareza de pensamento, liberdade de manifestação, fortalecimento da coragem, força de vontade, dignidade. Tudo tal qual acontece com alguém que, após um período de grande sofrimento, encontra um grupo de terapia. Para o pessoal da 100 Dimensão, os resíduos não são algo que precisa ser descartado, mas reciclado. Da mesma forma, iniciado o processo terapêutico, os pacientes entendem que as dificuldades, os transtornos, os distúrbios não são algo de que precisem se livrar a qualquer preço, mas tratado corretamente.
Aquelas mulheres não apenas criaram um espaço no mercado e uma oportunidade de renda, também revolucionaram a comunidade em que vivem. Deram um rumo diferente às próprias vidas, à de seus familiares e à de todos que foram direta ou indiretamente tocados por essa força. Como elas mesmas declararam, o sentimento que as une é o de estarem em família. E quem se atreveria a dizer que não estão?
De maneira idêntica, pessoas que sofrem as mesmas dores, quer o mal seja um Transtorno Bipolar de Humor – TBH ou um câncer de mama, têm a chance de, uma vez unidas, mostrarem-se exatamente como são, de se apoiarem, de aprenderem umas com as outras, também como se estivessem em família. E quem se atreveria a dizer que não estão? Valeu, irmã! Até sábado, leitores!
Sugiro que assistam, no site da TV Câmara, ao documentário 100 Dimensão. A força e a capacidade de realização daquelas mulheres são um belíssimo exemplo. Não foi à toa que o curta recebeu, em 2005, o prêmio Vladimir Herzog.
Quando pessoas atormentadas pelo mesmo problema se encontram, enxergam que não estão sozinhas e que há gente capaz de compreender a dor que sentem. Além disso, têm a oportunidade de ouvir a própria história contada por outras bocas e, a partir daí, fazer uma análise que só poderia ser feita por um espectador, alguém de fora da situação, distante o suficiente para ver com clareza. Nas sessões em grupo, cada um é atendido individualmente, na sua vez, mas tudo o que é dito naquele momento, tanto pelo terapeuta quanto pelo paciente, serve para todos, uma platéia que se beneficia dos encontros. Em situações de crise, o acolhimento, a união e um apoio firme fazem uma enorme diferença.
Isso vale igualmente para as dificuldades econômico-financeiras como esta que o mundo está vivendo agora. Um belo exemplo é o das catadoras de lixo do Riacho Fundo II que, com muita garra, criatividade, esforço, formaram a cooperativa 100 Dimensão. Ignorando todas as expectativas, elas superaram uma tremenda crise, combinação de falta de instrução, de profissão e de oportunidade. O que se passou com elas lembra muito o que acontece nos grupos temáticos de psicoterapia. Assim, vale a pena assistir ao documentário produzido pela TV Câmara e pela Fundação Banco do Brasil, que traz o sonho de Sônia Maria, vista por uma companheira como alguém de grande sabedoria e com enorme capacidade de realização, que se descreveu como uma mulher negra, com mais de 40 anos e um filho deficiente, que se uniu a um monte de gente desempregada para, juntos, montarem um negócio que lhes permitiria ganhar dinheiro e gerar empregos, dando oportunidade também a outras pessoas.
No curta, podemos assistir a depoimentos que nos falam do acanhamento inicial, do sofrimento que atinge também as pessoas mais próximas, de um começo de muito sacrifício, da necessidade de se tirar o lixo da alma, de se desfazer do orgulho, do ódio, da vaidade, da dor. Mas também há testemunhos de união, poder de decisão, clareza de pensamento, liberdade de manifestação, fortalecimento da coragem, força de vontade, dignidade. Tudo tal qual acontece com alguém que, após um período de grande sofrimento, encontra um grupo de terapia. Para o pessoal da 100 Dimensão, os resíduos não são algo que precisa ser descartado, mas reciclado. Da mesma forma, iniciado o processo terapêutico, os pacientes entendem que as dificuldades, os transtornos, os distúrbios não são algo de que precisem se livrar a qualquer preço, mas tratado corretamente.
Aquelas mulheres não apenas criaram um espaço no mercado e uma oportunidade de renda, também revolucionaram a comunidade em que vivem. Deram um rumo diferente às próprias vidas, à de seus familiares e à de todos que foram direta ou indiretamente tocados por essa força. Como elas mesmas declararam, o sentimento que as une é o de estarem em família. E quem se atreveria a dizer que não estão?
De maneira idêntica, pessoas que sofrem as mesmas dores, quer o mal seja um Transtorno Bipolar de Humor – TBH ou um câncer de mama, têm a chance de, uma vez unidas, mostrarem-se exatamente como são, de se apoiarem, de aprenderem umas com as outras, também como se estivessem em família. E quem se atreveria a dizer que não estão? Valeu, irmã! Até sábado, leitores!
Sugiro que assistam, no site da TV Câmara, ao documentário 100 Dimensão. A força e a capacidade de realização daquelas mulheres são um belíssimo exemplo. Não foi à toa que o curta recebeu, em 2005, o prêmio Vladimir Herzog.
Maraci Sant'Ana