12 de janeiro de 2009

Sem obsessões

Publicado em 22/11/2008, no site do Correio Braziliense, Blog do Vicente Nunes,
coluna A Psicologia e o Dinheiro

Série "O Dinheiro e os Relacionamentos" - Parte 7


Um dos textos desta série recebeu da leitora Marta o seguinte comentário: “... nesses meus muitos anos de vida, presenciei muita coisa ruim relacionada a dinheiro. Vi até tentativa de assassinato por causa de grana. As pessoas precisam entender que dinheiro é importante, mas não é tudo. Eu acredito que dinheiro traz, sim, felicidade, mas desde que a nossa relação com ele seja saudável, sem obsessões...”



Marta,


Dá para imaginar seus sentimentos quando você fala que as pessoas precisam entender que dinheiro é importante, mas não é tudo. Há situações que nos deixam estarrecidos, como essa tentativa de assassinato por você mencionada. Muitos são os acontecimentos que nos chocam a ponto de mal conseguirmos acreditar, por mais que tentemos nos manter otimistas, que a Humanidade possa ter jeito. Conhece um ditado árabe que diz que Deus castiga alguns homens os enriquecendo? Se eu acreditasse que Deus pune, concordaria plenamente com o provérbio. Dinheiro tende a ser um enorme e pesado fardo.


Não ter dinheiro é difícil, principalmente num país como o nosso, em que sem ele não acessamos nem sequer o básico. Só que, nesse caso, nossa movimentação acontece naturalmente. Procuramos ganhar pelo menos o bastante para viver com dignidade. Talvez nossa maior dificuldade, nessa jornada, seja nos mantermos no caminho da legalidade e da moralidade, o que, diga-se de passagem, não é pouco.


Mas ter dinheiro é também probatório e me parece muito mais complicado porque, uma vez que não precisamos nos mexer em busca do necessário, corremos o risco de despender tempo e energia, que são preciosos, atrás do supérfluo. Além disso, ficamos expostos à tentação de seguir vivendo nossa vidinha, incapazes de olhar à nossa volta e estender a mão a alguém que precise de ajuda. Não tentar fazer o bem é pior do que fazer o mal procurando acertar.


Este mundo ainda está muito difícil. E essa realidade não escapa ao conhecimento de ninguém, nem de quem tem uma vida despreocupada. Basta abrirmos um jornal ou ligarmos a televisão para ter início verdadeiro show de horrores – gente matando diretamente por dinheiro, como nos casos de latrocínio, de matadores de aluguel, de herdeiros bárbaros; gente matando indiretamente por dinheiro, como nos desvios de verbas públicas, em que recursos que deveriam ir para saúde, saneamento básico, segurança são covardemente aplicados em mansões, carrões, viagens fantásticas.

Mas acho que, apesar de tudo, o mundo está melhorando, nós estamos melhorando. As coisas já foram piores, nós já fomos piores. E não precisamos ir muito longe, voltar 2.000 anos, para enxergarmos o quanto já evoluímos – há algum tempo, este texto nem seria publicado, pelo menos não sem cortes. Assim, chegará o dia em que teremos compreendido as leis que regem o Universo, o suficiente para vivermos em um mundo de regeneração, em que o bem supera o mal. Valeu irmã! Até sábado, leitores!

Maraci Sant'Ana

Nenhum comentário: