3 de janeiro de 2009

Um novo tempo

Publicado em 03/01/2009, no site do Correio Braziliense, Blog do Vicente Nunes,
coluna A Psicologia e o Dinheiro


Todo final de ano é do mesmo jeito – basta a gente ligar a TV na Globo para ouvir Um novo tempo, de Marcos Valle, Paulo Sérgio Valle e Nelson Motta. Parece que isso acontece desde sempre. E não vai aqui nenhuma crítica à Vênus Platinada. O tema me traz incríveis recordações e, ao mesmo tempo, um fervor de expectativas quase inexplicável, algo mágico. É uma espécie de trilha sonora da renovação da fé em dias melhores, de que tudo de ruim ficou para traz, definitivamente morto e enterrado no passado, de que o futuro já começou.

É claro que, independentemente do novo calendário, do show do Roberto, dos fogos, da roupa nova, da fitinha do Senhor do Bonfim, das sete ondas, da Missa do Galo, da lista de compromissos, da ressaca, dos votos de muito dinheiro no bolso, saúde pra dar e vender, o primeiro de janeiro não é quase nada diferente do 31 de dezembro. Para a maioria de nós, a paisagem é a mesma, impregnada das alegrias e dificuldades que vinham sendo experimentadas no ano velho. Mas a energia que nos envolve é tamanha que nos deixamos levar a ponto de acreditarmos que o ar que respiraremos no novo ano não será o mesmo do que passou.

Um bom exemplo disso é o que aconteceu com uma paciente que vinha arrastando um namoro tão sem sentido que não lhe restava ânimo nem para dizer ao parceiro que não dava mais pra continuar. E foi só com a psicoterapia que ela entendeu que, enquanto não tomasse uma providência, mais e mais cresceria a sensação de perda das forças. Só que ela resolveu pedir que ele fosse embora justamente no penúltimo dia de 2008. E quando ele lhe disse que só sairia no dia dois, ela entrou em pânico. Parecia que, se estivessem sob o mesmo teto quando soassem as 12 badaladas da última noite antes do ano-bom, a vida dela estaria irremediavelmente comprometida.

Foi preciso uma intervenção terapêutica para que a garota enxergasse que um novo tempo não depende do relógio, mas de nós, da nossa capacidade de assumirmos nossa vida, aproveitando as oportunidades que ela nos apresenta, criando as que desejamos e serenando diante do que ainda não nos é permitido, não importando se estamos em primeiro de janeiro, 13 de maio ou quatro de setembro. Podemos dizer que, para a minha paciente, 2009 começou em 30 de dezembro de 2008 e ninguém poderia mudar isso, nem mesmo o ex-namorado, ao decidir diferente do que ela havia planejado. A cada dia, com nossos pensamentos e atitudes, construímos o que virá, escrevemos o futuro. Só falta acreditarmos que, nele, todos os nossos sonhos serão verdade, não importa o quanto demore, que é só querer.

A música nos diz que hoje a festa é nossa, é de quem quiser, quem vier. Então, vamos aproveitá-la da melhor forma, ouvindo nosso coração, movimentando-nos de acordo com nossa consciência, com as Leis que regem o Universo, lembrando de agradecer a Deus, inteligência suprema e causa primeira de todas as coisas, pela oportunidade de escrevermos nossa própria vida, de sermos, além de protagonistas, autores.

E se você curte trilhas sonoras, lembre que pode tocar a música que quiser quando quiser. Um novo tempo, por exemplo, está disponível para compra e também na internet. Se é disso que precisa para aquele empurrãozinho, ouça-a quando achar que é chegada a hora, que o seu futuro já começou. Feliz 2009, irmã! Feliz 2009, leitores!

Maraci Sant'Ana

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