15 de setembro de 2008

O capitalismo e o humor pelo mundo

Publicado em 9/8/2008, no site do Correio Braziliense, Blog do Vicente Nunes,
coluna A Psicologia e o Dinheiro

Tenho uma única irmã a quem sempre agradeço ao final dos meus textos - Maristela Sant’Ana. Como quase nada sei de economia, é a ela que recorro para checar se entendi corretamente os temas que pretendo explorar nesta coluna. Só então faço um link com a psicologia, esta sim minha área. Acontece que Maristela, além de jornalista, economista e minha consultora particular, é também bastante engraçadinha e me enviou um texto que muitos já devem conhecer, mas que creio mereça ser relido.

Capitalismo ideal: você tem duas vacas. Vende uma e compra um touro. O rebanho se multiplica e a economia cresce. Você vende o rebanho e se aposenta rico!; capitalismo americano: você tem duas vacas. Vende uma e força a outra a produzir leite de quatro vacas. Fica surpreso quando ela morre; capitalismo francês: você tem duas vacas. Entra em greve porque quer três; capitalismo canadense: você tem duas vacas. Usa o modelo do capitalismo americano. As vacas morrem. Você acusa o protecionismo brasileiro e adota medidas protecionistas para ter as três vacas do capitalismo francês; capitalismo japonês: você tem duas vacas, né?. Redesenha-as para que tenham um décimo do tamanho de uma vaca normal e produzam 20 vezes mais leite. Depois cria desenhos de vacas chamados Vaquimon e os vende para o mundo inteiro; capitalismo italiano: você tem duas vacas. Uma delas é sua mãe, a outra é sua sogra, maledetto!!; capitalismo britânico: você tem duas vacas. As duas são loucas; capitalismo holandês: você tem duas vacas. Elas vivem juntas, não gostam de touros, mas tudo bem; capitalismo alemão: você tem duas vacas. Elas produzem leite pontual e regularmente, de forma precisa e lucrativa. Mas o que você queria mesmo era criar porcos; capitalismo russo: você tem duas vacas. Conta-as e vê que tem cinco. Conta de novo e vê que tem 42. Conta de novo e vê que tem 12. Você pára de contar e abre outra garrafa de vodca; capitalismo suíço: você tem 500 vacas, mas nenhuma é sua. Você cobra para guardar a vaca dos outros; capitalismo espanhol: você tem muito orgulho de ter duas vacas; capitalismo português: você tem duas vacas e reclama porque seu rebanho não cresce; capitalismo chinês: você tem duas vacas e 300 pessoas tirando leite delas. Você se gaba muito de ter pleno emprego e alta produtividade. E prende o ativista que divulgou os números; capitalismo hindu: você tem duas vacas. Ai de quem tocar nelas; capitalismo argentino: você tem duas vacas. Você se esforça para ensinar as vacas a mugirem em inglês. As vacas morrem. Você entrega a carne delas para o churrasco de fim de ano ao FMI; capitalismo brasileiro: você tem duas vacas. Uma delas é roubada. O governo cria a CCPV – Contribuição Compulsória pela Posse de Vaca. Um fiscal vem e o autua porque, embora você tenha recolhido corretamente a CCPV, o valor era pelo número de vacas presumidas e não pelo de vacas reais. A Receita Federal, por meio de dados também presumidos do seu consumo de leite, queijo, sapatos de couro, botões, presume que você tenha 200 vacas. Finalmente, pra se livrar da encrenca, você dá a vaca restante para o fiscal deixar por isso mesmo...”

Tudo bem que a situação do mundo, de maneira geral, nada tem de engraçada. Mas o humor sempre teve e sempre terá um papel importantíssimo em momentos de crise pessoal ou coletiva. É maravilhosa essa capacidade de transformar em piada coisas como as próprias dificuldades, a falta de semancol dos outros, o autoritarismo, o fanatismo, o preconceito, as idéias absurdas. Isso, entre outras vantagens, reforça nossa reserva de energia, para aquelas horas em que não dá pra rir de jeito nenhum. Além disso, força-nos à autocrítica, encoraja-nos a novos olhares, promove catarses e estimula a solidariedade com aqueles que, por absoluta falta de uma veia cômica, mantêm-se oprimidos pela vida. Resumindo, rir é um grande e lucrativo negócio. Valeu, irmã! Até sábado, leitores!


Maraci Sant'Ana


Nenhum comentário: